O governo decidiu adiar para o dia 11 de abril a entrega das propostas do leilão do trem-bala, que ligará as cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. O leilão foi marcado para o dia 29 de abril. A decisão foi anunciada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O adiamento atende a inúmeros pedidos de investidores.
A entrega das propostas estava prevista para próxima segunda-feira, com o leilão marcado para o dia 16 de dezembro. Com a mudança, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) terá de reconhecer em seu balanço de quatro anos, a ser divulgado em dezembro, que sua obra de maior valor terá de sofrer um novo adiamento.
O projeto do trem-bala recebeu críticas de representantes de consórcios formados por empresas estrangeiras e grandes empreiteiras. A decisão dada pela ANTT aconteceu depois de encontro do diretor-geral, Bernardo Figueiredo, com investidores na sede do órgão em Brasília. Estiveram presentes na reunião representantes de seis tecnologias distintas para operação do TAV, o trem de alta velocidade – fabricantes da Espanha, França, Alemão, Japão, China e Coreia do Sul. Compareceu também o consórcio Invepar, que reúne os fundos de pensão da Previ, Petros, Funcef e a empreiteira OAS.
O consórcio liderado por empresas coreanas foi o único que se manifestou publicamente a favor das regras do edital. O grupo reunia 22 empresas. "Há uma certa decepção", diz o representante do TAV Brasil, Paulo Benites. "Trabalhamos duro para cumprir o prazo anterior, mas continuamos interessados no projeto". Com mais tempo, a formação do consórcio divulgada hoje poderá ser alterada com a entrada de mais empresas. Benites evitou comentar a desistência da construtora Contern, do grupo Bertin.
Os consórcios japonês, chinês, alemão, entre outros, desistiram do projeto dadas as alterações recentes das regras. Segundo afirmaram fontes ligadas a essas empresas, o projeto, orçado em R$ 33,1 bilhões, subestimou os custos e superavaliou as projeções de demandas por passageiros. Recentemente, o governo permitiu a entrada dos fundos de pensão e o subsídio de R$ 5 bilhões por parte do BNDES para cobrir eventuais projeções de queda de demanda.