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SOBREVIDA

Deltan promete recorrer hoje contra cassação do TSE

Recurso será protocolado no próprio TSE. Além disso, o ex-procurador da Lava Jato também prepara defesa a ser apresentada na própria Câmara

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O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) disse que apresentará um recurso nesta terça-feira, 30, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para contestar sua cassação. Durante entrevista ao programa Roda Viva, na noite desta segunda-feira, 29, ele confirmou que apresentará embargos de declaração para a Corte, ao mesmo tempo em que recorrerá perante a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

A entrevista foi assistida ao vivo por mais de 15 mil pessoas em redes sociais e foi parar entre os assuntos mais comentados no Twitter. O deputado foi questionado por jornalistas sobre o processo de cassação, o apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022 e os conflitos éticos em torno da atuação à frente da Operação Lava Jato.

O tipo de recurso que deverá ser apresentado nesta terça não atinge o mérito da decisão do TSE. Os embargos são direcionados ao próprio autor da decisão - no caso, o plenário da Corte - e visam corrigir obscuridade, contradição ou erros materiais. Para alguns tipos de recursos ao Supremo Tribunal Federal, os embargos são um requisito processual prévio.

Na Mesa Diretora da Câmara correm os trâmites burocráticos que materializam a decisão do TSE. A Corregedoria da Casa notificou Dallagnol por edital no dia 23, quando começou a correr seu prazo de cinco dias pra defesa. Até que esse procedimento seja finalizado, o ex-procurador da Lava Jato continua na cadeira.

A confirmação do recurso foi feita na entrevista ao programa da TV Cultura. Nos intervalos, o programa reprisou trechos de entrevistados sobre a Operação Lava Jato, como o ministro do Supremo Gilmar Mendes, que disse que "Curitiba tem o germe do fascismo".

Dallagnol não poupou críticas ao Poder Judiciário. Ele atribuiu a decisão do TSE de cassar o seu mandato a interesses pessoais e políticos de ministros. "Quem fez a avaliação de que a decisão foi combinada não fui eu, foi o ministro Marco Aurélio". O ex-procurador também disse que o placar da votação foi fruto de uma "unanimidade artificial".

O deputado afirmou que os ministros teriam interesses em uma eventual indicação ao Supremo e que a decisão no seu caso foi enviesada. Dallagnol tem sustentado esse argumento em manifestações públicas nas quais tem comparecido, o que lhe rendeu um desagravo da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).

O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos assuntos mais mencionados na entrevista. Dallagnol foi questionado a respeito do episódio do PowerPoint, quando apresentou um organograma e disse que "não tinha provas, mas tinha convicção" sobre a culpa do petista nos casos de corrupção na Petrobras. "Existia um caso de abundância de provas. Agora, o que existe no meu caso é especulação", disse o deputado, rememorando uma a uma as condenações de Lula na Justiça.

"Meu caso não guarda nenhuma correspondência com a Lava Jato. Talvez guarde uma correspondência inversa", disse o ex-procurador.

Confrontado sobre as mensagens trocadas no grupo de procuradores ao qual pertencia, quando chamou Lula de "nine" (como referência ao fato de ele ter perdido um dedo em um acidente de trabalho), Dallagnol reafirmou a isenção da equipe. "Absoluta isenção", disse o ex-procurador.

Quando questionado sobre Jair Bolsonaro (PL), a quem apoiou no segundo turno da eleição passada, Dallagnol evitou tecer críticas. Ele foi questionado sobre as vezes em que Bolsonaro elogiou torturadores, agrediu a jornalistas e a respeito das investigações que tramitam contra ele por supostos episódios de corrupção, como o caso das joias da Arábia Saudita, revelado pelo Estadão.

"Não tenho idolatria com pessoas, tenho com causas. O governo Bolsonaro teve seus erros, teve. Mas eu vejo uma série de políticas muito positivas", disse ele, elogiando a gestão do ex-presidente na reforma da Previdência e no "manejamento da pobreza durante a pandemia". Ele se esquivou de comentar o caso das joias, sobre o qual foi diretamente perguntado. "Não conheço esses casos em detalhes."

A respeito da presença de Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) na primeira coletiva concedida após a sua cassação, Dallagnol negou que tenha endosso da família do ex-presidente. "Ele estava ao meu lado por uma causa."

A defesa da Lava Jato foi uma das bandeiras levantadas nas respostas do deputado. Ele citou vários casos nos quais não teria obtido êxito em condenar suspeitos de corrupção na sua trajetória profissional. "Na Lava Jato, pela primeira vez, a gente conseguiu resultados que nunca havíamos alcançados", disse Dallagnol.

O ex-procurador defendeu as conduções coercitivas feitas no âmbito da operação. "Até o final de 2017, não era a Lava Jato, eram todas as operações que faziam. Era com base na lei. O Supremo mudou as regras do jogo", disse Dallagnol. Instantes depois, ele questionou a um dos jornalistas: "aumentar a pena para corrupção em dois anos. O que tem de autoritário nisso?".

O deputado disse que não ter se arrependido de deixar a carreira no Ministério Público Federal (MPF). Ele afirmou que se sentia "amarrado" e se inspirou na Parábola dos Talentos para ingressar na política.

Uma declaração de Dallagnol de que o PL das Fake News censuraria trechos da Bíblia também entrou no debate. "Não é uma fake news", disse ele, reiterando sua manifestação. "Quando o projeto veio para a Câmara, entra governo, entra o Orlando Silva, do PCdoB, e passa a desenvolver dois problemas ali dentro. Primeiro, ele cria uma série de brechas sobre o que pode e o que não pode ser dito e cria um comitê, uma agência de controle governamental sobre o que se diz."

Ele afirmou que a versão do PL que estava em trâmite quando ele fez as declarações não fazia diferenciação de declarações feitas em contexto religioso, o que poderia cercear a liberdade das pessoas de professarem sua fé.

Como mostrou o Estadão Verifica, o PL não prevê censura a conteúdos religiosos. No entanto, a proposta fez um aceno à bancada religiosa no Congresso ao incluir a possibilidade de remuneração a pastores por conteúdos com direito autoral.
 

PRESIDÊNCIA

Flávio convida União e PP a apoiá-lo; partidos ficaram de maturar ideia

Conforme o senador Rogério Marinho, "a candidatura do senador Flávio é uma candidatura para valer" e não se trata de um "balão de ensaio"

09/12/2025 06h49

Rogério Marinho (PL) é líder da oposição no Senado e acredita que Ciro Nogueira e Antônio Rueda vão apoiar o filho do ex-presidente

Rogério Marinho (PL) é líder da oposição no Senado e acredita que Ciro Nogueira e Antônio Rueda vão apoiar o filho do ex-presidente

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O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou na noite desta segunda-feira, 8, que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pediu aos presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio Rueda, para que apoiem sua candidatura à Presidência. Segundo Marinho, Ciro e Rueda ficaram de consultar suas bancadas.

"É evidente que há uma responsabilidade da presidência do PP como do presidente da União Brasil para que possam conversar com as suas respectivas bancadas, com governadores, com atores políticos que estão espalhados por todo o país para que, ao fim, possam nos trazer uma posição dos seus respectivos partidos", declarou Marinho a jornalistas, após uma reunião na casa de Flávio com Rueda, Ciro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto

Segundo Marinho, a definição precisará passar por uma maturação: "Isso não vai acontecer nem hoje nem amanhã. A conversa que tivemos é que isso vai ser maturado, vai ser absorvido por todos, vamos ter um tempo para que haja essa definição".

O líder da oposição afirmou que "a candidatura do senador Flávio é uma candidatura para valer" e não se trata de um "balão de ensaio". "O PL tem uma candidatura, está claro [...] Na última sexta-feira, o Bolsonaro colocou para o Flávio que a candidatura era dele, até para unificar a direita, para que nós possamos preservar o seu legado", disse.

De acordo com o parlamentar, o PL reunirá nesta terça-feira integrantes dos diretórios estaduais para levar o nome de Flávio, a fim de trazer uma unidade na sigla.

COMANDO VERMELHO

'Não estou aqui para entregar colega, nem para proteger', diz Bacellar sobre TH Joias

Assembleia Legislativa do RJ decide hoje se mantém ou não a prisão do presidente da Casa, preso pela Polícia Federal na semana passada

08/12/2025 07h26

Rodrigo Bacellar foi acusação de ter vazado informações sobre operação que prenderia o deputado TH Joias, ligado CV

Rodrigo Bacellar foi acusação de ter vazado informações sobre operação que prenderia o deputado TH Joias, ligado CV

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Em depoimento à Polícia Federal (PF), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, negou ser amigo do ex-deputado estadual TH Joias, preso em setembro por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e envolvimento com o Comando Vermelho.

Bacellar foi detido na última quarta-feira, 3, suspeito de avisar o então parlamentar sobre a operação para prendê-lo.

"Nunca tinha visto [TH Joias] na vida [antes de ele entrar na Alerj]. Construí uma relação natural, sou presidente do Parlamento, tenho que atender todos indistintamente. [Mas a relação era] só profissional e só naquele âmbito da Assembleia", disse Bacellar em depoimento à PF, revelado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 7.

Bacellar admitiu ter falado com TH Joias na véspera da operação para prender o então deputado.

"[Ele] pede para falar comigo sozinho, no canto: 'Tá sabendo de alguma operação amanhã para mim?'. Eu disse: 'Não estou sabendo nada. Está uma fofocaiada na Casa já faz três dias de que vai ter algum problema nessa semana para deputado, onde a fumaça for'. Aí, ele fala: 'Não, beleza, eu não sei o que eu faço, se vou embora'. 'Aí é com você. Eu, se estivesse no seu lugar, só me preocuparia com a tua filha pequena. Agora você tem que saber o que você faz ou deixa de fazer'", contou o presidente da Alerj à PF.

Na véspera da prisão de TH Joias, os dois também trocaram mensagens. TH enviou a Bacellar um vídeo mostrando um freezer com carnes e disse: "Ô presida! Não tem como levar, não, irmão. Pô, como é que leva?! Tem como levar não, irmão. Esses filhos da p* vão roubar as carnes, hein". O presidente da Alerj respondeu: "Deixa, doido". Bacellar também recebeu do próprio TH imagens da Polícia Federal dentro de sua casa.

Questionado pela Polícia Federal se não pensou em avisar as autoridades sobre a chance de fuga de TH Joias, Bacellar respondeu: "Não procurei absolutamente ninguém. Não estou aqui para entregar colega, não estou aqui também para proteger colega que faz algo errado". "Confesso que até me assustei. Achei um ato de impertinência dele, me ligar de um telefone que eu não tinha." O presidente da Alerj alegou que não sabia para quem era a operação.

Bacellar ainda negou ter conhecimento das suspeitas contra TH Joias antes de sua prisão. "Já tinha ouvido algumas coisas no jornal, mas não conhecia. Pessoal fala que é ligado ao comando, sei lá o que. Olha, eu não quero saber o que você fez, o que você deixa de fazer. Da porta para dentro, se você tiver bom convívio com todo mundo, o que você faz na rua não me diz respeito."

Caso 'TH Joias'

Suspeito de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho, Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, em setembro.

Segundo a investigação, TH utilizava o cargo de deputado estadual para favorecer o crime organizado. Ele é acusado de intermediar a compra e a venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, além de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão - apontado como traficante e também preso - para um cargo parlamentar.

Durante as diligências da Operação Zargun, em setembro, a PF cumpriu 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, além do sequestro de bens no total de R$ 40 milhões, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. A investigação foi da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, da PF, e do Ministério Público Federal.
 

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