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DEMOCRACIA

Entenda quem são os 'Kids Pretos' que executariam golpe de Bolsonaro, segundo a PF

Caberia às Forças Especiais do Exército (os chamados Kids Pretos) a missão de prende Alexandre de Moraes assim que o decreto presidencial fosse assinado

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Qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora, de qualquer maneira." O lema dos "Kids Preto", como são conhecidos os militares do Comando de Operações Especiais do Exército, está gravado no histórico dos principais nomes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), o coronel da reserva Élcio Franco, que foi número 2 de Pazuello no ministério, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, integraram as fileiras do grupamento de elite da Força.

De acordo com as investigações da Polícia Federal (PF) sobre organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, o ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) general Estevam Theóphilo, alvo de operação da nesta quinta-feira, 8, teria concordado com a ideia de golpe em uma conversa com o ex-presidente. Theóphilo seria o "responsável operacional" por arregimentar as Forças Especiais do Exército para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Além de ser o responsável operacional pelo emprego da tropa caso a medida de intervenção se concretizasse, os elementos indiciários já reunidos apontam que caberiam às Forças Especiais do Exército (os chamados Kids Pretos) a missão de efetuar a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes assim que o decreto presidencial fosse assinado", diz a decisão desta quinta, que autorizou a operação da PF.

Os "Kids Pretos" são treinados para participar de operações com alto grau de risco com a aplicação de táticas de guerrilha, planejamento de fugas e terrorismo. Considerados a elite de combate do Exército, os militares são especialistas em ações de sabotagem e incentivo em revoltas populares (insurgência popular). Eles usam gorros pretos nas operações, por isso receberam esse nome informal.

O coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, ex-assessor especial da Presidência e apontado como integrante do núcleo que alimentava Bolsonaro com informações que o ajudariam a consumar o golpe de Estado, foi um "Kid Preto".

Ele também é investigado no caso das joias, revelado em uma série de reportagens exclusivas do Estadão, e foi citado pela PF como pessoa de interesse no inquérito que apura os indícios de adulteração no cartão de vacina de Jair Bolsonaro.

O advogado do coronel Marcelo Câmara, Eduardo Kuntz, afirmou que foi até Brasília para tratar do caso e que ainda não teve contato com o processo. "Já fiz uma petição eletrônica pedindo acesso e espero que não tenha dificuldades para acessar os autos desta vez. Meu cliente está preso e ter acesso aos autos é fundamental para que possamos tomar as providências cabíveis", afirmou.

Outro investigado e alvo da operação desta quinta-feira, que integrou o grupo de elite do Exército é Mario Fernandes, chefe-substituto da Secretaria-Geral do governo Bolsonaro. Segundo a PF, ele fazia parte de um núcleo de oficiais de alta patente do Exército que tinha como objetivo mobilizar a caserna em favor do golpe.
 

DEMOCRACIA

Atentado contamina 2026 com passos calculados de Lula, Bolsonaro e governadores cotados

Lula e Tarcísio de Freitas, por exemplo, mantiveram silêncio sobre o tema. Bolsonaro e Ronaldo Caiado se manifestaram rapidamente

18/11/2024 07h16

Autor do atentado chegou a ser candidato a vereador pelo PL e seguidas vezes visitou órgãos públicos em Brasília

Autor do atentado chegou a ser candidato a vereador pelo PL e seguidas vezes visitou órgãos públicos em Brasília

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O atentado em frente à sede do STF (Supremo Tribunal Federal) intensificou entre atores envolvidos na eleição para a Presidência da República em 2026 as discussões em torno de temas como anistia para condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, pacificação nacional e polarização ideológica.

Depois que Francisco Wanderley Luiz, 59, explodiu-se na praça dos Três Poderes, na última quarta-feira (13), nomes que miram, pela direita, a cadeira ocupada por Lula (PT) se manifestaram contra a politização do caso, seguindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no discurso de que se tratou de um "lobo solitário". Já a base do petista resgatou a bandeira "sem anistia" e cobrou punição para inibir novos atos extremistas.

As reações passaram também por governadores que são tratados como pré-candidatos ou se movimentam como apoiadores de um eventual projeto unificado da direita.

Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Romeu Zema (Novo-MG) usaram o caso para reforçar a retórica antigoverno e acenar ao espólio eleitoral de Bolsonaro. O ex-presidente está inelegível, mas se coloca como postulante, apostando em uma remota virada a seu favor nas cortes superiores e no Congresso.

Por outro lado, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Jr. (PSD-PR) ficaram em silêncio, numa mostra de como o episódio demanda passos calculados nas esferas institucional e eleitoral.

Lula manteve a agenda oficial e, com as condições de segurança garantidas após o ataque, buscou preservar um ritmo de normalidade no governo, também sem comentar o caso.

No entanto, ministros e aliados de diferentes partidos da base demonstraram alinhamento com a leitura do STF, associando o ataque ao discurso radical do bolsonarismo nos últimos anos, que incluiu a contestação ao resultado eleitoral de 2022 sob alegações infundadas de fraude.

Os auxiliares de Lula trataram as explosões como desdobramento do 8 de janeiro, reiterando que só a punição aos responsáveis vai impedir novas ocorrências. O tom se aproxima do usado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que refutou a teoria de fato isolado, fez uma vinculação do caso ao "gabinete do ódio" do governo Bolsonaro e falou que "não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos".

O principal impacto do atentado para Bolsonaro foi o imediato revés na pauta de anistia para os condenados do 8 de janeiro. O pleito é encampado por seu grupo, com a expectativa de pavimentar um ambiente favorável para a recuperação dos direitos políticos do ex-presidente.

Ao se manifestar, Bolsonaro procurou se distanciar do caso, recorrendo à narrativa de fato isolado cometido por pessoa com "perturbações na saúde mental", e pediu "pacificação nacional", num momento em que sua estratégia de defesa passa por moderar o tom e evitar confrontações com o Judiciário.

Apesar de estar inelegível até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, ele se diz o único no campo da direita com chance de vitória em 2026, por ter o que descreve como "nome nacional". Sem uma reversão judicial, ao ex-mandatário restará um papel coadjuvante.

O atentado também jogou água fria na euforia com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o que é visto como um novo elemento de pressão em favor do ex-presidente no Brasil.

No caso de Lula, a mobilização do entorno em defesa de punição exemplar para crimes contra o Estado democrático de Direito e contra as articulações de anistia se choca com as preocupações eleitorais, depois que o pleito municipal mostrou a esquerda em dificuldade e a direita em evolução.

O presidente participa de conversas em que é aconselhado a deixar para trás o estímulo à polarização e reorganizar os ministérios e a comunicação para a segunda metade do governo. Há uma avaliação de que o tom duro contra o golpismo reforça a imagem de revanchismo e perseguição à direita.

Vocalizados por apoiadores desde a posse de Lula, os gritos de "sem anistia", ainda assim, ganharam novo fôlego após o episódio da semana passada. Pesquisa do Datafolha de março deste ano mostrou que 63% dos brasileiros são contra anistia para os envolvidos nas depredações do 8 de janeiro.

Comentando o atentado, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), do PT, responsabilizou "líderes da extrema direita" por "essa cultura do ódio, da intolerância, do estímulo à violência [que] faz com que as pessoas cometam crimes" contra instituições da democracia, como o Supremo.

A ministra Simone Tebet (Planejamento), do MDB, declarou que é preciso manter vigilância enquanto permanecerem "apitos" que encorajam ataques. "No ataque à democracia, os 'lobos' nunca são solitários", afirmou. Anielle Franco (Igualdade Racial), do PT, disse que "nunca foi nem será um ato isolado".

No lado oposto, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro de Bolsonaro, repudiou a iniciativa de "extrapolar uma atitude mentecapta de um indivíduo para dar contornos institucionais" ao caso.

"Ao invés de atribuir culpa de parte a parte, faríamos bem em reduzir a temperatura do debate político, trazendo de volta o diálogo como regra básica", afirmou.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, apontou "distorção inaceitável dos fatos", com o "propósito malicioso de atrapalhar o andamento do projeto de lei da anistia". Um dos argumentos dos conservadores é que só o perdão trará uma reconciliação nacional.

Os governadores de oposição que comentaram o atentado aproveitaram as falas para mandar recados.
Caiado culpou Lula, embicando o debate para o viés da segurança pública. Ele, que se declara presidenciável para 2026, afirmou que o país tem "falta de comando" e "ausência de um líder forte" e que "um governo federal fraco e apático [...] se ajoelha diante do avanço do crime organizado e do extremismo".
 

Zema, que reverbera pautas bolsonaristas, endossou a visão de que o ataque cometido por Francisco foi isolado. O mineiro ainda procurou eximir o PL, sigla pela qual o autor concorreu a vereador em 2020, dizendo que "nenhum partido está isento de ter um louco entre os possíveis candidatos".
 

(Informações da Folhapress)

luto

Apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve Church, morre em acidente de moto

Acuasado de violência doméstica, o pastora a igreja que tem uma prancha de surf como símbolo, ele estava afastado do mando da igreja

18/11/2024 07h05

Por conta do estilo de seu fundador, o apóstolo Rina, a igreja Bola de Neve é uma das que mais tem atraido jovens

Por conta do estilo de seu fundador, o apóstolo Rina, a igreja Bola de Neve é uma das que mais tem atraido jovens

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Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, o apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve Church, morreu neste domingo (17) num acidente de moto em Campinas (SP). Ele tinha 52 anos.
A informação foi confirmada à reportagem por Eduardo Tuma, presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo e presbítero na igreja.

Segundo a assessoria da Bola de Neve, Rina passeava de moto pelo interior do estado quando sofreu o acidente, que lhe provocou múltiplas fraturas. Ele voltava de um culto e estava com o grupo Pregadores do Asfalto, o motoclube de sua igreja. Deixa quatro filhos.

Formado em propaganda e marketing, o líder evangélico fundou na virada do século a igreja que tem como marca uma prancha de surfe no púlpito. Dizia que assim a batizou por estar fundando um movimento que começaria como uma bola de neve até virar uma avalanche.

Filho de evangélicos, ele contava que sua fé cresceu após uma hepatite que o fez sofrer dores fortes e "constatar a existência real do inferno".

Ele estava afastado da liderança da igreja nos últimos meses, após ser acusado pela esposa, a também pastora Denise Seixas, de violência doméstica. Rina era investigado em inquérito policial sob suspeita de "ameaça, difamação, injúria, lesão corporal, falsidade ideológica e violência psicológica contra a mulher".

Nas redes sociais, ainda se declarava casado com Denise. Ela chegou a conseguir uma medida protetiva de urgência contra o marido, que teve uma arma apreendida pela Justiça após a denúncia.

Antes de criar a Bola de Neve, ele frequentou a Igreja Batista e liderou o Ministério de Evangelismo da Renascer em Cristo. Apóstolo da Renascer, Estevam Hernandes define Rina como "um filho na fé, um servo de Deus que produziu grandes frutos e deixa um grande legado de vida".

A Bola de Neve é popular sobretudo entre crentes jovens. Tem bateria de Carnaval (a Batucada Abençoada), Ministério de Lutas (como jiu-jitsu) e um dresscode que pouco lembra o visual conservador associado a igrejas mais tradicionais. As primeiras reuniões, ainda nos anos 1990, aconteciam numa loja que vendia artigos de surfe, daí adotar uma prancha como púlpito. Rina gostava de surfar.

"Falávamos de Deus, mas também surfávamos", Rina uma vez disse sobre a origem da sua igreja. "Não éramos uns ETs. Pensamos em algo que começasse pequeno e depois poderia crescer. E Bola de Neve se encaixou, traz um pouco da essência do que é a igreja. É irreverente e não associa logo à religião, a coisa formal. Nosso público já tem muita formalidade em suas vidas e quer ir para a igreja do jeito que ele é, sem precisar representar nada."

A igreja chegou a atrair celebridades convertidas como o surfista Gabriel Medina, a modelo Sasha Meneghel e seu marido, o cantor gospel João Figueiredo, e Rodolfo Abrantes, ex-vocalista da banda Raimundos.

Em vídeo postado na internet, Rodolfo afirmou em maio que sofreu abusos emocionais quando era membro de uma Bola de Neve em Balneário Camboriú (SC), uma relação que chamou de "abusiva e opressora". Desligou-se dela há 13 anos.

"Fico muito triste com tudo que está acontecendo pois, mais uma vez, homens, em nome de Jesus, o representam mal", afirmou após vir à tona a acusação de violência doméstica contra Rina.

O pastor Silas Malafaia vê "calúnias sérias e difamações vergonhosas" contra Rina, a quem tinha como "um grande amigo" que "liderava uma igreja moderna, mas sem abrir mão dos fundamentos do Evangelho".

Em 2021, Rina deu uma entrevista à Folha de S.Paulo para defender que templos religiosos continuassem abertos em meio à pandemia da Covid-19, a despeito do isolamento recomendado para brecar o avanço do vírus. Falou então em "saúde espiritual em tempos de desesperança".

No ano seguinte, fez campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro (PL). "A adesão à candidatura, entre líderes cristãos, foi espontânea e natural", disse ao jornal. Achava bom ter "um candidato realmente de direita" na disputa, que acabou vencida por Lula (PT).
 

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