Brasil

CRIME ORGANIZADO

Gravações mostram 'racha' no PCC; integrantes acusam Marcola de traição

Declarações de Marcola que comprometiam integrantes da facção foram usados em julgamentos e agora ele é apontado como cagueta

Continue lendo...

Gravações expõem uma divisão interna na organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). De um lado está Marcos William Camacho, o Marcola. De outro, Abel Pacheco, conhecido como Vida Loka, e Roberto Soriano, apelidado de Tiriça

Reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida na noite deste domingo, 13, mostra trechos de depoimentos em que os integrantes do PCC chamam Marcola de traidor.

No último mês de junho, Soriano foi condenado a 44 anos e oito meses de reclusão acusado de ter sido mandante do assassinato do agente penitenciário Alex Belarmino de Souza, em 2016, numa emboscada. O julgamento ocorreu durante oito dias seguidos, e chegou ao fim em 9 de junho de 2025.

O Fantástico exibiu trechos de um áudio atribuído a Marcola em conversa com um chefe de segurança da Penitenciária Federal de Segurança Máxima em Porto Velho, Rondônia, que não foi identificado. Nele, faz referência a Tiriça.

"Eu poderia me tornar um psicopata desses, [fazendo] igual ao [que] Soriano fez. Não é minha política, matar agente penitenciário. Aqui, não. Eu tenho uns, já, assassinados, mas por outras circunstâncias, que eu era espancado... Eu não vou dizer para o senhor que eu sou um cara bonzinho. Sou um cara perigoso, de verdade", diz.

O áudio teria sido usado durante o processo de julgamento de Roberto Soriano. Diante disso, em outro momento, ao falar com sua mulher diante das câmeras do presídio, comenta: "Falei que eu não tenho nada a ver com isso, que eu não sabia de nada. O cara veio na maior conversinha comigo, entendeu? Gravador escondido... E usaram isso no júri contra os caras, foram condenados um montão."

Abel Pacheco, o Vida Loka, deixou claro a tensão com Camacho ao ser ouvido durante o julgamento: "O Marcola não vale nada. Ele é fraco. Ele foi covarde. O Marcola é um 'cagueta'. [...] O Mundo do crime tem a sua ética. Nós excluímos Marcola do mundo do crime. O crime de São Paulo não merecia passar por essa vergonha " Em outro momento, Tiriça acompanhou as críticas: "Ele [Marcola] pode mentir para se beneficiar, passar por bonzinho. Não deixa de ser cagueta."

Outro momento de "racha" mostrado pelo Fantástico se deu durante uma conversa de Marcola com seu advogado. Nela, ele pediria para que um ex-diretor de presídio de São Paulo fosse chamado para ser sua testemunha de defesa num processo.

"Ele sempre gostou de mim como filho, porque eu conseguia acalmar toda a cadeia dele. Eles tinham perdido completamente o controle das penitenciárias de São Paulo. Ele me buscava lá na RDD [Regime disciplinar diferenciado] de Taubaté, e me levava, deixava solto na penitenciária do Estado, para que eu administrasse a penitenciária para ele. Eu falei: 'Vou segurar as pontas aqui para vocês, mas na condição de me transferirem para outro Estado'", afirmou.

O áudio também foi repercutido negativamente por Vida Loka: "Eu nunca ouvi uma situação tão absurda dessa, partindo de um preso, falar que ele administrava prisões junto com o diretor de uma das maiores prisões do Estado de São Paulo. [...] Pô, doutor. Ele ainda tem a cara de pau de falar que se sentia filho do diretor. Pô, ele esqueceu que ele é bandido? Que polícia é polícia e bandido é bandido? Deu um tapa na cara do crime".

O Estadão buscou contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo a respeito das declarações exibidas no Fantástico deste domingo, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

PRESIDÊNCIA

Flávio convida União e PP a apoiá-lo; partidos ficaram de maturar ideia

Conforme o senador Rogério Marinho, "a candidatura do senador Flávio é uma candidatura para valer" e não se trata de um "balão de ensaio"

09/12/2025 06h49

Rogério Marinho (PL) é líder da oposição no Senado e acredita que Ciro Nogueira e Antônio Rueda vão apoiar o filho do ex-presidente

Rogério Marinho (PL) é líder da oposição no Senado e acredita que Ciro Nogueira e Antônio Rueda vão apoiar o filho do ex-presidente

Continue Lendo...

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou na noite desta segunda-feira, 8, que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pediu aos presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio Rueda, para que apoiem sua candidatura à Presidência. Segundo Marinho, Ciro e Rueda ficaram de consultar suas bancadas.

"É evidente que há uma responsabilidade da presidência do PP como do presidente da União Brasil para que possam conversar com as suas respectivas bancadas, com governadores, com atores políticos que estão espalhados por todo o país para que, ao fim, possam nos trazer uma posição dos seus respectivos partidos", declarou Marinho a jornalistas, após uma reunião na casa de Flávio com Rueda, Ciro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto

Segundo Marinho, a definição precisará passar por uma maturação: "Isso não vai acontecer nem hoje nem amanhã. A conversa que tivemos é que isso vai ser maturado, vai ser absorvido por todos, vamos ter um tempo para que haja essa definição".

O líder da oposição afirmou que "a candidatura do senador Flávio é uma candidatura para valer" e não se trata de um "balão de ensaio". "O PL tem uma candidatura, está claro [...] Na última sexta-feira, o Bolsonaro colocou para o Flávio que a candidatura era dele, até para unificar a direita, para que nós possamos preservar o seu legado", disse.

De acordo com o parlamentar, o PL reunirá nesta terça-feira integrantes dos diretórios estaduais para levar o nome de Flávio, a fim de trazer uma unidade na sigla.

COMANDO VERMELHO

'Não estou aqui para entregar colega, nem para proteger', diz Bacellar sobre TH Joias

Assembleia Legislativa do RJ decide hoje se mantém ou não a prisão do presidente da Casa, preso pela Polícia Federal na semana passada

08/12/2025 07h26

Rodrigo Bacellar foi acusação de ter vazado informações sobre operação que prenderia o deputado TH Joias, ligado CV

Rodrigo Bacellar foi acusação de ter vazado informações sobre operação que prenderia o deputado TH Joias, ligado CV

Continue Lendo...

Em depoimento à Polícia Federal (PF), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, negou ser amigo do ex-deputado estadual TH Joias, preso em setembro por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e envolvimento com o Comando Vermelho.

Bacellar foi detido na última quarta-feira, 3, suspeito de avisar o então parlamentar sobre a operação para prendê-lo.

"Nunca tinha visto [TH Joias] na vida [antes de ele entrar na Alerj]. Construí uma relação natural, sou presidente do Parlamento, tenho que atender todos indistintamente. [Mas a relação era] só profissional e só naquele âmbito da Assembleia", disse Bacellar em depoimento à PF, revelado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 7.

Bacellar admitiu ter falado com TH Joias na véspera da operação para prender o então deputado.

"[Ele] pede para falar comigo sozinho, no canto: 'Tá sabendo de alguma operação amanhã para mim?'. Eu disse: 'Não estou sabendo nada. Está uma fofocaiada na Casa já faz três dias de que vai ter algum problema nessa semana para deputado, onde a fumaça for'. Aí, ele fala: 'Não, beleza, eu não sei o que eu faço, se vou embora'. 'Aí é com você. Eu, se estivesse no seu lugar, só me preocuparia com a tua filha pequena. Agora você tem que saber o que você faz ou deixa de fazer'", contou o presidente da Alerj à PF.

Na véspera da prisão de TH Joias, os dois também trocaram mensagens. TH enviou a Bacellar um vídeo mostrando um freezer com carnes e disse: "Ô presida! Não tem como levar, não, irmão. Pô, como é que leva?! Tem como levar não, irmão. Esses filhos da p* vão roubar as carnes, hein". O presidente da Alerj respondeu: "Deixa, doido". Bacellar também recebeu do próprio TH imagens da Polícia Federal dentro de sua casa.

Questionado pela Polícia Federal se não pensou em avisar as autoridades sobre a chance de fuga de TH Joias, Bacellar respondeu: "Não procurei absolutamente ninguém. Não estou aqui para entregar colega, não estou aqui também para proteger colega que faz algo errado". "Confesso que até me assustei. Achei um ato de impertinência dele, me ligar de um telefone que eu não tinha." O presidente da Alerj alegou que não sabia para quem era a operação.

Bacellar ainda negou ter conhecimento das suspeitas contra TH Joias antes de sua prisão. "Já tinha ouvido algumas coisas no jornal, mas não conhecia. Pessoal fala que é ligado ao comando, sei lá o que. Olha, eu não quero saber o que você fez, o que você deixa de fazer. Da porta para dentro, se você tiver bom convívio com todo mundo, o que você faz na rua não me diz respeito."

Caso 'TH Joias'

Suspeito de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho, Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, em setembro.

Segundo a investigação, TH utilizava o cargo de deputado estadual para favorecer o crime organizado. Ele é acusado de intermediar a compra e a venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, além de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão - apontado como traficante e também preso - para um cargo parlamentar.

Durante as diligências da Operação Zargun, em setembro, a PF cumpriu 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, além do sequestro de bens no total de R$ 40 milhões, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. A investigação foi da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, da PF, e do Ministério Público Federal.
 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).