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ECONOMIA

PIB indica estagnação econômica na eleição

PIB indica estagnação econômica na eleição

FOLHAPRESS

02/09/2018 - 03h00
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A economia brasileira perdeu o ritmo de crescimento às vésperas da eleição. O ambiente pode comprometer o ânimo dos candidatos para defender reformas, que levam a ajuste considerados mais duros, e ainda abrir espaço para discursos populistas que pregam saídas fáceis para a complexa crise na qual o país se encontra, avaliam economistas.

Dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a atividade está girando em um ritmo baixo desde meados do ano passado. No segundo trimestre, drenado pelos 11 dias de greve dos caminhoneiros, o PIB cresceu apenas 0,2% em relação ao número já fraco do primeiro trimestre (0,1%).

Nas próximas semanas até o início de outubro, a expectativa de economistas é que haja alguma melhora na atividade. Mas insuficiente para afetar a sensação de estagnação.

"Vamos ficar girando em torno desse patamar baixo de crescimento, não vamos acelerar, nem descer a ladeira, vamos ficar por aí", afirma Silvia Matos, economista do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) .

Ela diz fazer parte do grupo de economistas otimistas, que esperam um crescimento ao redor de 1,5% neste ano. Com os números divulgados, as revisões de baixa nas projeções (ao redor de 1,47%) deverão acelerar.

No segundo trimestre, a greve dos caminhoneiros drenou a atividade de setores relevantes, como a indústria, e abateu o investimento, que caiu 1,8% ante o resultado do primeiro trimestre.

Para além dos dias parados, economistas observam que a reação do governo, cedendo aos grupos grevistas com mais gastos públicos em meio a uma grave crise fiscal, adicionou incertezas ao futuro.

Somada à indefinição eleitoral, o efeito é um clima de "esperar para ver" em boa parte do setor produtivo.

A principal dúvida é se o presidente eleito será capaz de conduzir reformas econômicas necessárias para dar sustentabilidade às contas do governo sem que seja necessário um forte aumento de impostos.

Já entre as famílias, os números do mercado de trabalho têm mais apelo do que os do PIB, apostam os analistas. Na quinta-feira (30), o IBGE mostrou que 12,9 milhões de pessoas seguem desempregadas e que um recorde de 4,8 milhões sofriam de desalento entre maio e julho –ou seja, desistiram de procurar trabalho.

"O povão não está nem aí para as reformas. A previdência não chama tanto a atenção deles quanto a segurança pública, por exemplo", afirma Murillo de Aragão, da consultoria política Arko Advice.

Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, afirma que, neste contexto de crescimento fraco, outras pautas ganham destaque, e reformas econômicas positivas, como as feitas durante a gestão de Michel Temer, perdem relevância na retórica política.

"A economia teria que estar bombando para as pessoas esquecerem os casos de corrupção, como o envolvimento de Temer com Joesley Batista", afirma.

Para Juan Jensen, professor do Insper e sócio da consultoria 4E, o eleitor é mais sensível ao emprego e ao salário.

"A renda está caindo e as classes de rendimento mais baixo estão sofrendo, com a queda do valor real do salário mínimo. Não é um bom cenário para o consumidor, distante do verificado nos anos Lula", diz Juan Jensen.

No segundo trimestre, o que se viu foi o efeito negativo do repique inflacionário da greve dos caminhoneiro negativamente sobre o consumo -a conta oscilou 0,1% após ter crescido 0,4% nos três primeiros meses do ano.

Zeina afirma que, se estivéssemos crescendo mais, a greve não teria feito tanto estrago, e o dólar não teria subido com tamanha velocidade, na esteira da incerteza criada pela paralisação e pelo cenário externo mais conturbado.

"Esse é o problema de se crescer pouco, há mais vulnerabilidade a choques adversos, como uma greve ou uma quebra de safra, por exemplo", disse.

Ela e Silvia Matos observam que o risco de uma economia estagnada durante a campanha eleitoral é dar força a discursos extremistas ou de cunho populista, com soluções fáceis para problemas complexos na economia.

"Se o próximo presidente entender a missão que tem pela frente e tiver a capacidade política de fazer as reformas, vamos nos surpreender com a capacidade de crescimento rápido da economia", afirmou Zeina.

Segundo o analista Thiago Xavier, da consultoria Tendências, mais do que a economia real, o que vale na campanha é a interpretação do momento econômico.

Se o país estivesse indo bem, disse, talvez candidatos mais alinhados com a política econômica do governo de Michel Temer fariam o uso político desse discurso. Com o marasmo, é provável que os candidatos busquem identificar o "pai da crise".

"Se estivéssemos com dinâmica econômica diferente, a discussão seria não quem colocou o país na crise, mas quem o tirou dela", disse.

Queda da construção puxa retração de 1,8% dos investimentos

São Paulo, Rio de Janeiro e Franca (SP)"O recuo da construção contaminou os números da indústria e também os dos investimentos, que responde por mais da metade desse item dentro do cálculo do PIB. Assim, depois de quatro trimestres seguidos no positivo, o investimento voltou a cair de abril a junho deste ano.

O IBGE informou que o investimento caiu 1,8% no segundo trimestre, em comparação com os primeiros três meses do ano. Em relação ao mesmo período do ano passado, quando o país começava a sair da recessão, houve uma alta de 3,7%, em razão da baixa base de comparação.

O investimento é uma variável volátil, pois depende da disposição do empresário e de sua confiança no futuro.

A greve dos caminhoneiros, porém, derrubou os indicadores de confiança tanto de empresários quanto de consumidores. Em julho, houve até uma leve melhora, mas o baque teve efeito determinante no potencial de crescimento da economia brasileira neste ano, segundo os economistas Aloísio Campelo e Viviane Seda, do Ibre/FGV, afetando investimentos e de contratações.

Um dos retratos da retração da indústria está em Franca (a 400 km de São Paulo). Denominada capital nacional do calçado, o município viu as vagas nessa indústria cair de 30 mil há cinco anos para 19.727 em julho. É o pior quadro para o mês desde 2002. Só entre maio e julho, foram fechadas 1.302 vagas.

A produção das indústrias, desde então, também só despenca: dos 39,5 milhões de pares fabricados em 2013, a previsão é que neste ano sejam feitos apenas 28 milhões.

A empresa de Téti Brigagão, diretor das marcas Sândalo/Clave de Fá, chegou a produzir 600 pares de calçados por dia, mas agora tem feito 400, dos quais 20% para exportação.

"Não tem como tapar o sol com peneira. Estaríamos nadando em braçadas maiores se a economia ajudasse", disse ele, cuja família foi uma das primeiras a exportar para os EUA, nos anos 70.

A fábrica de Téti não consegue manter o quadro ideal de funcionários. Emprega cem de dezembro a maio, quando há mais pedidos. No resto do ano, são apenas 80.

Psicóloga e coordenadora de RH da Agiliza, empresa que atua no recrutamento e seleção, Rosângela Baldini Silva disse que em 19 anos na atividade nunca viu um cenário tão ruim. Recebe de 60 a 70 currículos por dia, ao menos 80% para o setor que não tem vagas.

câmara de campo grande

PP não vai abrir mão de presidência e definirá nome nas próximas semanas

A princípio, ainda estão no páreo pelo cargo na Casa de Leis os vereadores reeleitos Beto Avelar e Professor Riverton

15/11/2024 08h00

Os vereadores progressistas Professor Riverton e Beto Avelar tentam viabilizar as candidaturas

Os vereadores progressistas Professor Riverton e Beto Avelar tentam viabilizar as candidaturas

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Após a prefeita reeleita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), afirmar que o partido não abrirá mão de disputar a presidência da Câmara Municipal na próxima legislatura, o partido vai definir nas próximas semanas o nome do vereador reeleito que representará a legenda no pleito.

Segundo fontes ouvidas pelo Correio do Estado, continuam no páreo para ser o nome do PP na disputa pela presidência da Casa de Leis os vereadores reeleitos Beto Avelar e Professor Riverton, enquanto o terceiro interessado, o vereador reeleito Delei Pinheiro, já teria informado que não concorrerá mais. 

Com isso, o Professor Riverton, que teve 6.271 votos nas eleições municipais deste ano, e Beto Avelar, que alcançou 4.063 votos, terão as próximas semanas para se viabilizarem com os demais colegas eleitos e reeleitos para, só então, voltarem a se encontrar com a prefeita Adriane Lopes, já com o martelo batido.

A reportagem apurou que os dois teriam chances iguais, porém, Professor Riverton levaria uma ligeira vantagem sobre Beto, em razão da aproximação que tem com o atual presidente, o vereador Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão. Essa amizade, dizem, facilitaria na composição da futura Mesa Diretora da Câmara de Campo Grande.

As próximas semanas devem ser decisivas dentro do PP de Campo Grande, pois a senadora Tereza Cristina (PP), a principal líder do partido em Mato Grosso do Sul, retorna da China, onde está acompanhando uma comitiva que viajou à Ásia para participar, entre outros eventos, do Workshop China-Brasil – Inovação e Biotecnologia para Agricultura Sustentável e Segurança Alimentar, realizado em Pequim.

Tereza Cristina deve fazer os ajustes finais com as demais lideranças do partido na Capital para então começar para valer a disputa pelos dois cargos mais importantes da Casa de Leis.

ENTRAR DE CABEÇA

Em conversa com o Correio do Estado na semana passada, Adriane Lopes explicou que já se reuniu com os quatro vereadores eleitos e reeleitos pelo PP (Maicon Nogueira, Beto Avelar, Delei Pinheiro e Professor Riverton) e com os dois eleitos do Avante (Wilson Lands e Leinha) para ouvir deles sobre o processo de escolha do novo presidente da Câmara.

Além disso, ela revelou que já tinha se reunido com os dois vereadores eleitos pelo Republicanos (Herculano Borges e Neto Santos), a fim de tratar da mesma questão, e deixou encaminhada uma possível aliança em torno de um nome apoiado por ela para o cargo, totalizando, dessa forma, oito votos certos de um total de 29.

“O PP tem a segunda maior bancada da Câmara, e seria inadmissível não disputar a presidência da Casa de Leis. Por isso, conversei com os vereadores do partido e três demonstraram interesse no cargo. Dei a eles um prazo para viabilizarem as próprias candidaturas e o melhor terá o meu apoio para concorrer”, disse.

Ela deixou claro que o PP não pode abrir mão de concorrer, afinal, é de seu interesse ter no comando da Mesa Diretora um vereador aliado, e não um adversário. 

A gestora também considera como cargos-chaves para a sua administração as presidências das comissões permanentes de Legislação, Justiça e Redação Final e a de Finanças e Orçamento.

Sobre a reunião que teve com o governador Eduardo Riedel (PSDB), a prefeita negou que ele tivesse indicado um nome para disputar a presidência da Câmara Municipal.

“Não procede que o governador indicou alguém do PSDB para concorrer ao cargo. Pelo contrário, ele reforçou que a eleição da Mesa Diretora só diz respeito ao gestor municipal, e não ao estadual”, assegurou.
Ela acrescentou que Riedel lhe garantiu que não pretende intervir nesse processo e que ele deixou as articulações nesse sentido ao encargo dela. 

Por isso, Adriane fez questão de conversar com os vereadores do seu partido e dos partidos aliados para, só então, entrar de vez nas tratativas sobre essa questão.

PESQUISA

86% dos brasileiros apoiam restrição de celular nas escolas

Na Câmara dos Deputados, tramita projeto para limitar uso de aparelhos

14/11/2024 22h00

Foto: Arquivo/EBC

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Levantamento realizado pela Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados revela que 86% da população brasileira são favoráveis a algum tipo de restrição ao uso de celular dentro das escolas. Outros 54% são favoráveis à proibição total dos aparelhos e 32% acreditam que o uso do celular deve ser permitido apenas em atividades didáticas e pedagógicas, com autorização dos professores. Aqueles que são contra qualquer proibição somam 14%.

Foram entrevistadas 2.010 pessoas com idade a partir de 16 anos nas 27 unidades da federação (UFs). As entrevistas foram realizadas entre os dias 22 e 27 de outubro deste ano.

Segundo os dados, apesar da menor aderência de qualquer tipo de restrição nessa faixa etária, aqueles entre 16 e 24 anos são os que mais apoiam a proibição: 46% dos entrevistados concordam com a proibição total do uso dos aparelhos, enquanto 43% defendem a utilização parcial dos celulares, somando 89% dos entrevistados. Apesar de apenas 11% dos jovens serem contrários à proibição, 43% deles veem o uso parcial dos celulares em sala de aula como uma alternativa viável.

Entre quem tem mais de 60% anos, 32% são favoráveis à restrição; entre os que têm de 25 a 40 anos, o percentual é de 31%; e 27% dos brasileiros de 41 a 59 anos são favoráveis a algum tipo de restrição. Essa mesma faixa etária tem 58% das pessoas favoráveis à proibição total.

Quando mais alta a renda, mais favoráveis à proibição são os entrevistados, como mostra o estudo ao revelar que 5% da população com renda superior a cinco salários mínimos disseram ser contrários à proposta que impede o uso de celulares nas escolas, contra 17% na população que ganham até um salário mínimo. A medida mais rígida também ganha mais adeptos entre os mais ricos: 67% acreditam que os celulares deveriam ser totalmente proibidos, diante de 54% dos brasileiros em geral.

Tendência

“À medida que avança o debate sobre a imposição de algum tipo de restrição, fica clara a tendência das pessoas de aprovarem a medida. Isso é um sinal claro de que há forte preocupação dos pais, dos próprios alunos e também da população em geral com o tema, caso contrário não teríamos 86% de aprovação a alguma medida. Há uma clara percepção de que algo deve ser feito para evitar o uso excessivo de celulares nas escolas, a fim de preservar o processo de aprendizagem”, afirma o diretor-executivo da Nexus, Marcelo Tokarski.

A psicopedagoga do Instituto Vínculo, Camila Sampaio, é a favor da proibição parcial. Para ela, apenas como recurso pedagógico, se utilizado na escola, o celular pode ser um aliado, desde usado com supervisão do professor. Ela destaca que há aplicativos interessantes que podem complementar os conteúdos escolares, como uso da realidade aumentada e jogos de quiz personalizáveis. Entretanto, ela lembra que o uso excessivo do celular pode causar danos cognitivos e socioemocionais para os estudantes, além de ser prejudicial para o sono, para socialização e interação e até mesmo na habilidade de se comunicar verbalmente com outras pessoas.

“No aspecto cognitivo [o celular] pode causar prejuízos na atenção, memória e habilidade de solucionar problemas. O celular tem estímulos muito atrativos e respostas rápidas, o que faz com que o estudante diminua a capacidade de se concentrar em tarefas mais longas ou com poucos recursos visuais. Também afeta a memória pelo comodismo de não utilizar mais a memória para armazenar informações importantes por confiar demais no que está armazenado no celular. Os estudantes hoje, por terem respostas rápidas e prontas, estão deixando de estimular a criatividade e o pensamento”, ressalta a psicopedagoga.

Projeto de lei

Tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, um projeto de lei para limitar o uso dos celulares nas escolas. O Ministério da Educação chegou a anunciar que estava preparando uma proposta sobre o tema, mas não chegou a ser apresentada. O texto aprovado pela Comissão de Educação da Câmara proíbe o uso para crianças de até 10 anos. A partir dos 11 anos, é permitido para atividades pedagógicas.

No último dia 12, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou projeto de lei que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos em escolas públicas e particulares. A nova lei restringe a utilização de celulares, tablets, relógios inteligentes e similares, exceto em situações que tenham relação com o aprendizado, inclusive para estudantes com deficiência. A proposta restringe o uso até fora das salas de aula, como no recreio e em eventuais horários que os alunos não tiverem aula. O projeto segue para sanção do governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo.

A matéria prevê a criação de protocolos de guarda de equipamentos nas redes de ensino e independência das escolas particulares para regularem como aplicarão a medida. Também está prevista responsabilização dos próprios estudantes por danos e extravios, mesmo quando os aparelhos estiverem guardados.

O projeto foi aprovado em regime de urgência, por consenso e sem emendas. Proposto pela deputada da Rede, Marina Helou, teve coautoria de parlamentares da direita e da esquerda e angariou 42 votos. O Projeto de Lei 293/2024 altera a legislação atual, vigente desde 2007. Agora, o alcance das normas foi ampliado, abrangendo a rede particular e as unidades municipais.

*Com informações da Agência Brasil

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