SCHEILA CANTO
O resultado do teste de gravidez deu positivo. A partir desse momento, boa parte das futuras mamães foca suas energias para a escolha do nome, da decoração do quarto, do enxoval, do carrinho, das fraldas, etc., negligenciando muitas vezes a etapa mais importante da gravidez, que é o pré-natal, ou seja, o acompanhamento durante todo o período da gestação, com consulta ao médico especialista em ginecologia e obstetrícia. Caso este fosse o foco maior de preocupação da gestante, o Estado não teria o índice tão alto de mortalidade materna infantil.
Entende-se como morte materna o óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gravidez. Entre as principais causas estão a eclâmpsia – síndrome que pode levar à morte por hipertensão (pressão arterial alta) – e descolamento de placenta. Aborto e hemorragia também entram na lista dos principais acontecimentos registrados.
Acima da média nacional, Mato Grosso do Sul registrou 32 casos de mortalidade materna infantil em 2008. Segundo o Ministério da Saúde, 92% dos casos poderiam ser evitados com medidas simples, como o pré-natal e o acompanhamento pós-parto adequado.
Para discutir o assunto, profissionais da saúde irão se reunir durante o XXV Congresso de Ginecologia e Obstetrícia de Mato Grosso do Sul, que começa hoje e termina no próximo sábado, em Campo Grande. O encontro acontece no Centro de Convenções e Exposições Albano Franco.
Com o objetivo de reduzir os índices, o evento pretende capacitar os profissionais que atendem as mulheres e crianças nos serviços básicos, maternidades, unidades de terapia intensiva e urgência. “Melhorias nas estruturas dos hospitais e a conscientização das mães sobre a importância do acompanhamento à mulher e ao recém-nascido também irão contribuir significativamente para atingirmos a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde”, ressalta a presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia, Maristela Vargas Peixoto.
O índice nacional de mortalidade materna infantil é de 72,4 por 100 mil nascidos vivos. Mato Grosso do Sul, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, registrou em 2008 80,7, por 100 mil gestantes. “Nosso objetivo é mudar esta estatística”, conclui a médica.