Ela registrou boletim de ocorrência pelo suposto roubo, mas acabou passando de vítima a investigada após polícia descobrir que crime foi inventado para justificar aos familiares o não pagamento das contas
Uma mulher de 21 anos foi indiciada pela Polícia Civil por denunciar um falso crime de roubo e investigações apontarem que não houve o crime, mas que ela inventou após perder o dinheiro no jogo do tigrinho.
De acordo com a Polícia Civil, a mulher foi até o plantão da 1ª Primeira Delegacia de Fátima do Sul, nessa quarta-feira (8), onde registrou um boletim de ocorrência afirmando que havia sido vítima de roubo e que foram levados pelos criminosos o valor de R$ 400 em dinheiro.
Com base na denúncia, uma equipe da Seção de Investigação Geral (SIG.) foi acionada e iniciou diligências para esclarecer o fato.
Durante as investigações, a polícia identificou algumas inconsistências no relato da suposta vítima e buscou imagens de câmera de segurança da cidade que pudessem mostrar o momento do crime.
Pelas imagens, no entanto, não foi possível confirmar que houve o crime de roubo denunciado.
Desta forma, a mulher foi chamada novamente na delegacia para esclarecimentos e, questionada sobre o fato, acabou confessando que perdeu o valor de R$ 400 no jogo do Tigrinho.
Ela disse ainda que o dinheiro era para pagar contas de água e luz e que inventou o crime pois não sabia como contar aos familiares que não tinha mais o dinheiro e, consequentemente, não pagou as contas.
Por ter feito um boletim de ocorrência de um fato criminoso que não aconteceu, a suposta vítima passou a ser considerada autora do delito de falsa comunicação de crime, o qual tem pena prevista, em caso de condenação, de um a seis meses de detenção ou multa.
Além de denunciar o falso crime à Polícia Civil, a mulher também enviou um texto comunicando sobre o até então suposto roubo em um grupo de WhatsApp da cidade.
Por essa divulgação de crime falso, ela também responderá por pela contravenção penal de falso alarme, o qual tem pena de prisão simples, de quinze dias a seis meses ou multa.
Ela foi autuada pelos crimes e liberada após ser ouvida na delegacia.
Processo contra Tigrinho
Os jogos de azar disponibilizados pelas plataformas de Bet são alvos de diversas reclamações de pessoas que perderam grande quantia de dinheiro em apostas, além de serem alvos frequentes de operações devido à suspeitas de fraudes.
Em Campo Grande, conforme noticiou o Correio do Estado, um dos casos está na Justiça.
O administrador J.S., de 36 anos abriu processo contra as plataformas 8959Bet.com e 1859.com, conhecidas pelo “jogo do tigrinho”, para receber pelo menos R$ 78,7 mil, sendo R$ 58,7 mil por danos materiais e R$ 20 mil por danos morais.
Ele tinha conta em duas plataformas diferentes, que seriam vinculadas à mesma empresa, e alega que ganhou mais de R$ 50 no jogo, mas as empresas estariam bloqueando os valores, não permitindo o saque.
A vítima mora em Campo Grande e, segundo seu advogado, Vitor Guilhem, sofreu “grave abalo moral” em razão do desfalque financeiro ocasionado pelas plataformas de jogos on-line.
“A retenção indevida dos valores depositados pelo autor nas plataformas 8959 BET e 1859 BET, somada à ausência de suporte adequado e à frustração de expectativas legítimas, configura evidente violação aos direitos da personalidade, causando grave abalo moral ao autor”, afirma o advogado.
Conforme o processo, na plataforma 8959Bet, estão sendo retidos R$ 31.000,62, enquanto outra conta registrada com um ID diferente na mesma plataforma tem valores bloqueados de R$ 12.209,66. Além disso, na plataforma 1859Bet, estaria retido um prêmio de R$ 15.519,06.
No caso específico da plataforma 8959Bet, o autor foi instruído a realizar depósitos adicionais de R$ 950, com a justificativa de que esses pagamentos seriam necessários para liberar os saques, mas conseguiu retirar apenas o valor de R$ 36.
No processo, a vítima solicita o julgamento da tutela antecipada, mas o juiz da 6ª Vara Cível de Campo Grande ainda não se pronunciou.