De forma unânime, o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul (OAB/MS) concedeu o chamado desagravo aos advogados de defesa de Christian Leitheim, após Willer Almeida ser expulso de audiência por entregar um copo de água para uma testemunha.
Ainda em 19 de maio, durante a segunda audiência do processo que investiga o "Caso Sophia", a sessão foi suspensa devido ao uma confusão generalizada entre os advogados de defesa de Christian Leitheim, padrasto de Sophia e o juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete.
Conforme relatado pelo Correio do Estado, na ocasião acontecia o depoimento de Hortência de Oliveira Brandão, amiga da mãe de Sophia, Stephanie de Jesus da Silva.
Audiência suspensa
Ao se emocionar e não conter as lágrimas, Willer levantou e levou um copo de água para a testemunha e, num primeiro momento, foi repreendido.
Ao ouvir a frase “o senhor está aqui para advogar e não para servir água”, o defensor iniciou uma discussão com o juiz, afirmando que o jurista era autoridade local, porém não concordava que estava ali apenas para advogar.
Garcete pontuou sua autoridade em não permitir o oferecimento de água, assim como não era permitido que depoentes estivessem ao alcanço de copos ou objetos de vidro. "Eu faço o serviço que eu quiser. Se eu vou fazer trabalho de advogado ou se vou fazer trabalho de serviçal não diz respeito ao senhor", respondeu Willer.
Ainda assim, o Conselho deu parecer unânime para o desagravo, que consiste em "reparação de uma ofensa ou dano moral por meio de retratação, ou reparação civil".
Ainda, conforme a ordem, os demais integrantes da Seccional acompanharam posição da relatora, Conselheira Estadual Edna Bonelli.
Diante disso, o desagravo deverá ser cumprido em frente à 1ª Vara do Tribunal do Júri, sendo designado o secretário-geral Luiz Renê do Amaral como orador do ato, segundo o presidente da OAB/MS, Bitto Pereira.
Esse desagravo também veio em favor de Paulo Gusmão, advogado de Christian, que também foi chamado a atenção, já que havia interpelado uma fala para argumentar que a defesa de Stephanie estaria "errada ao perguntar o que a testemunha achava" de determinada situação.
Passado o ocorrido, a Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim) apontou para uma reclamação disciplinar junto do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), diante da postura do citado juiz.
Relembre o caso
Sophia de Jesus Ocampo chegou morta com sinais de violência à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Coronel Antonino, com apenas dois anos, no dia 26 de janeiro, em Campo Grande.
Christian Campoçano Leitheim e a mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, aparecem desde o início como os principais acusados no crime. Foi constatado traumatismo na coluna da criança, sendo causado por agressão física.
Pelo laudo necroscópico, Sophia apresentava também sinais de estupro, hipótese confirmada através do trabalho do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol).
**(Colaboraram Alanis Netto e Ana Clara Santos)