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Além de cocaína e maconha, Campo Grande vira rota de drogas sintéticas

A Polícia Militar apreendeu, ontem, 12 kg de metanfetamina com um casal; substância estava escondida em um caminhão

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Apreensão da droga sintética metanfetamina, feita pela Polícia Militar na manhã de ontem, em Campo Grande, evidencia que a cidade pode ter se tornado rota do tráfico deste tipo de substância.

Caso fora das ocorrências recorrentes da polícia, a metanfetamina é uma droga cara e sofisticada de se produzir, constando entre os ilícitos menos apreendidos em território sul-mato-grossense.

Segundo o advogado especialista em segurança e ex-superintendente da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul Edgar Marcon, a droga sintética é rara de se encontrar no Brasil, porque normalmente é produzida no tráfico internacional.

“Essa apreensão de droga sintética aqui em Campo Grande é preocupante, por se tratar de um ilícito que é difícil de se fazer, precisando ser produzido em laboratório, com bioquímico envolvido”, disse Marcon.

A suspeita é que a droga tenha vindo de outro país de fronteira, como a Bolívia ou o Paraguai, para ser transportada até a Capital.

“Este caso deve ser investigado pela Polícia Federal, pois Campo Grande pode ser uma nova rota desse tipo de droga sintética. Inteligência policial, barreiras nas estradas, ter contato com a força de segurança estrangeira e saber onde foi produzida a droga é essencial para coibir o tráfico”, acrescentou Edgar Marcon.

De acordo com os dados do Sigo Estatística, foram aprendidos 38,523 kg de drogas sintéticas e derivados de maconha e cocaína em Mato Grosso do Sul no ano passado.

O número é bem superior ao registrado nos dois anos anteriores, sendo 2,494 kg em 2019 e 655 gramas no ano de 2018. Até outubro deste ano, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) registrou 5,285 kg apreendidos. 

O delegado adjunto Roberto Guimarães, da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar), informou que a apreensão de metanfetamina em cristais é incomum no Estado. “Não é rotineira a apreensão desse tipo de droga, as mais comuns acabam sendo maconha, cocaína e seus derivados”, declarou Guimarães.

Questionado sobre os motivos da droga sintética ser um entorpecente difícil de ser encontrado em uma apreensão, o delegado Roberto Guimarães explicou que não há uma dificuldade maior de apreensão das sintéticas.

“Acredito que, por ter um preço maior, as drogas sintéticas são mais incomuns, mas o motivo delas não serem tão encontradas seria pela menor quantidade ou frequência com que são traficadas”, acrescentou o delegado. 

CASOS DE TRÁFICO

No caso recente, um casal foi preso em flagrante, em Campo Grande, por transportar 255 kg de pasta base de cocaína, 51,800 kg de maconha e 12,400 kg de metanfetamina.

De acordo com o boletim de ocorrência, equipe do 10º Batalhão de Polícia Militar fazia patrulhamento preventivo na região da Chácara das Mansões, na Capital, quando foi informada que havia um casal suspeito no local.

Quando percebeu a viatura policial, o casal demonstrou nervosismo excessivo e embarcou em um caminhão.

Ao ser abordado, o motorista confessou que estava transportando drogas em meio a uma carga de sucata de vidro.

No entanto, ele afirmou não saber quais seriam as drogas, as quantidades e quem seriam os proprietários.

Disse ainda que havia dois motoristas fazendo o trabalho de batedores, informando sobre bloqueios ou policiamento na estrada. 

A polícia deu voz de prisão ao casal e iniciou a revista no caminhão. Em meio à sucata de vidro, foram encontrados fardos de maconha, pasta base de cocaína e metanfetamina em forma de cristais.

Enquanto faziam a vistoria na carga, os policiais também perceberam a chegada dos batedores da carga, dando voz de prisão à dupla.

Dessa forma, as quatro pessoas foram presas e encaminhadas para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), onde foram autuadas por tráfico de drogas. Os entorpecentes e os veículos foram apreendidos e levados para a Denar.

DROGA EM ENCOMENDA

Em agosto deste ano, a Polícia Federal já havia feito apreensão de drogas sintéticas em Campo Grande. Investigação da corporação identificou que entorpecentes desse tipo estavam sendo traficados por meio dos Correios.

Funcionários do setor de segurança dos Correios acionaram a Polícia Federal em razão da suspeita de que uma encomenda, cuja destinatária seria uma residente da própria Capital, poderia conter drogas sintéticas.

A 6ª Vara Criminal de Campo Grande expediu o mandado de busca e apreensão, que resultou na apreensão de cerca de 100 comprimidos de êxtase e 27 pontos de LSD, além de maconha e haxixe. 

Uma pessoa foi presa e conduzida à Superintendência Regional da Polícia Federal, em Campo Grande, para adoção das providências de polícia judiciária.

SAIBA

As drogas sintéticas são produzidas a partir de uma ou várias substâncias químicas psicoativas que provocam alucinações por estimular ou deprimir o sistema nervoso central. Existem também as drogas semissintéticas, que são produzidas por meio de drogas naturais quimicamente alteradas em laboratório.

As drogas sintéticas possibilitam que uma pessoa veja, ouça e sinta algo sem que haja estímulo por perto para tais sensações. Já a metanfetamina é uma droga de estimulante cerebral, e seu uso prolongado pode causar ansiedade excessiva e transtornos de personalidade. Ela é mais conhecida no Brasil como speed ou cristal.

 

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Até fim do ano, Petrobras terá projeto de transição energética interessante aprovado, diz Magda

A executiva apresentou o Plano de Negócios 2026-2030 da empresa para empresários fluminenses, lembrando que o plano se estende até 2050, quando a companhia pretende atingir emissões líquidas zero

05/12/2025 22h00

Sede da Petrobrás

Sede da Petrobrás Imagem: Agência Petrobras

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A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que o Conselho de Administração da estatal vai aprovar, até o final do ano, um projeto de transição energética "interessante, e que não é greenwashing (sem impacto efetivo)". A declaração foi realizada em evento na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

A executiva apresentou o Plano de Negócios 2026-2030 da empresa para empresários fluminenses, lembrando que o plano se estende até 2050, quando a companhia pretende atingir emissões líquidas zero.

Magda também destacou os investimentos no Estado do Rio de Janeiro, com foco no Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí, que segundo ela vai ganhar uma petroquímica "moderníssima", mas também não deu detalhes.

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Novo Bolsa Família reduziu beneficiários e valor total de benefícios entre 2023 e 2025

O Novo Bolsa Família foi relançado em 2023 e tem renovado o público atendido ao longo do tempo, diz o relatório "Filhos do Bolsa Família

05/12/2025 21h00

Crédito: Lyon Santos / MDS

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Um novo estudo com dados administrativos do governo federal mostra que, entre o início de 2023 e outubro de 2025, o número total de beneficiários do Novo Bolsa Família diminuiu, assim como o número de famílias e o valor total gasto em benefícios. O levantamento, conduzido pelos professores da Escola de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE) Valdemar Pinho Neto e Marcelo Neri, chama atenção para os fluxos mensais, que indicam mais saídas do que novas entradas. Isso apontaria "sustentabilidade e rotatividade saudável no programa".

O Novo Bolsa Família foi relançado em 2023 e tem renovado o público atendido ao longo do tempo, diz o relatório "Filhos do Bolsa Família - Uma Análise da Última Década", lançado hoje no Rio de Janeiro. Entre os beneficiários observados no início de 2023, 31,25% já não estavam mais no programa em outubro de 2025. De acordo com a pesquisa, o Bolsa Família oferece proteção em momentos de vulnerabilidade de renda, não se configurando como uma política de dependência permanente. "Mesmo em um horizonte inferior a três anos, o programa segue associado à transição para arranjos de renda mais autônomos, sobretudo nas idades em que o ingresso no mercado de trabalho é mais intenso".

A análise diz que a Regra de Proteção, que permite que a família permaneça no programa por um período quando a renda do trabalho ultrapassa o limite de entrada no programa, tem funcionado como um "amortecedor" entre o Bolsa Família e o mercado de trabalho.

"Isso evita quedas bruscas de renda, diminui o medo de aceitar empregos formais ou registrar-se como Microempreendedor Individual (MEI) e, ao mesmo tempo, garante que, em caso de nova perda de renda, a família possa retornar com prioridade ao programa", cita a publicação.

O lançamento do estudo foi acompanhado pelo ministro do Desenvolvimento, Assistência social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.

"Quando a gente vê a elevação do PIB no Brasil, surpreendendo muitas vezes a área econômica e técnica, ali tem o PIB dos mais pobres. Aquelas pessoas que lá atrás viviam de transferência de renda, agora tem consumo", afirmou.

Segunda geração

O estudo sustenta que o Bolsa Família conjuga proteção social "robusta" e mobilidade socioeconômica. A evidência, de acordo com o pesquisador, é que muitos filhos do programa deixam de receber o benefício futuramente.

A pesquisa acompanha, ao longo da última década (2014-2025), os membros de famílias que recebiam o benefício em 2014, com foco em crianças e adolescentes. Os resultados indicam que uma parcela expressiva da chamada "segunda geração" de beneficiários deixou de depender da transferência de renda. Entre todos os beneficiários de 2014, 60,68% não recebiam mais o Bolsa Família em 2025. As taxas são ainda mais altas entre os que eram adolescentes naquele ano: 68,8% entre jovens de 11-14 anos e 71,25% entre 15-17 anos. Nas áreas urbanas, a taxa de saída para jovens de 6-17 anos chega a 67,01%.

A escolaridade do adulto responsável também faz diferença: quando a pessoa de referência concluiu o ensino médio, quase 70% dos jovens que tinham 6-17 anos em 2014 deixaram o Bolsa Família ao longo da década.

"Essa emancipação do Bolsa Família é acompanhada por uma saída relevante do Cadastro Único e por aumento da participação no mercado de trabalho formal", cita o estudo. Entre os jovens que tinham 15-17 anos em 2014, por exemplo, mais da metade deixa o CadÚnico até 2025, e 28,4% possuem vínculo formal de emprego no ano de 2023.

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