Cidades

suspeita de corrupção

Mesmo com contrato milionário, ruas sem asfalto de Campo Grande têm crateras e são intransitáveis

Com contrato de R$ 24 milhões, empresa responsável pela pavimentação da capital foi alvo de uma Operação do Ministério Público nesta quinta-feira

Continue lendo...

Enquanto o Ministério Público de Mato Grosso do Sul investiga contratos milionários para a manutenção de vias não pavimentadas, que podem chegar a R$ 300 milhões, e são suspeitos de serem a origem de um gigantesco esquema de corrupção, as vias públicas sem asfalto, objeto do contrato, padecem da manutenção deveriam receber. 

A comprovação do mau serviço prestado, que reforça o indício investigado pelo Ministério Público, é reforçado pelos moradores da periferia de Campo Grande. Empresas como a A L dos Santos, do empreiteiro André Patrola, é um dos pivôs do esquema. Sozinha, ela tem um contrato de R$ 24 milhões. Mas há outros. 

Natural de São Paulo, Natália Katarina, vive junto do marido e dois filhos na região do Jardim Noroeste há pelo menos 18 anos.

Sem pavimentação na rua onde mora, inclusive em frente à casa onde vive, a jovem de 27 anos alega que a falta de cascalhamento na região é prejudicial sobretudo nos momentos de chuva. “Só boatos sobre cascalhamento e asfaltamento da região. Falam sobre as melhorias há mais de um ano, mexem na rua e nada melhora, estamos praticamente jogados”, disse. 

Conforme a moradora, desde que está no bairro, a administração municipal trabalha apenas de forma ‘paliativa’, sobretudo em períodos de eleição.

Com um dos filhos autista, destaca que a falta de assistência da prefeitura acerca de melhorias  na pavimentação de Campo Grande à atingem indiretamente sobretudo no cuidado com os filhos. “Quando chove não dá pra sair, abrem valetas nas ruas. Sofro para levar meus filhos na escola, tenho um filho autista e a falta de acessibilidade e pavimentação atrapalha até nisso, pois ele precisa fazer acompanhamento”, frisou. 

Empresário no ramo de caminhões, Adelar Trevisan reside no mesmo bairro que Natália pelo menos desde 2013. Nascido no Rio Grande do Sul e com propriedades em Chapecó, Santa Catarina, reside junto  de familiares em uma via não pavimentada do bairro.

“Essa rua é complicada, meu vizinho tem asfalto na porta da casa, com isso o problema (pavimentação) passa a ser meu, digamos”, disse. Conforme Trevisan, a região está abandonada pela administração. “O terreno aqui da esquina não sei nem quem é o dono, toda a vida está abandonado, tudo isso deixa a situação difícil, fica difícil e  ninguém faz muita força”, alegou. Ex-morador do Parque Maria Pedrossian, Adelar Trevisan faz uma comparação com o município em que possui propriedades.

“Vivi em bairros lá (Santa Catarina) onde as condições eram muito melhores das que temos aqui. Em termos de capitais, Campo Grande está muito atrasada, a administração tem de buscar melhorar a região, eu não tenho poder de barganha e nem conheço ninguém da administração que possa melhorar isso aqui”, finalizou. 

Distante cerca de 10 km, ambulantes do bairro Nova Lima, região norte de Campo Grande, destacam os mesmos problemas de Natália Karina e Aderlan Trevisan. Sem se identificar, falaram ao Correio do Estado que as únicas e poucas melhorias vistas na região foram direcionadas aos moradores do Jardim Columbia, bairro adjacente.

Rua Alexandrino de Alencar, Nova Lima

Rua Alexandrino de Alencar

Assim como os moradores do Jardim Noroeste, ambos alegaram que nem os espaços já asfaltados e mais estruturados da ‘vila’ atendem as necessidades dos moradores locais. “Estamos vivendo sem perspectiva de melhoras, a administração não auxilia aqui, isso há pelo menos duas décadas, perdemos as esperanças”, disseram. 

Operação

Desencadeada nesta quinta-feira (15) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a ação tinha como um dos principais alvos, André Luiz dos Santos, conhecido como “André Patrola”, dono da empreiteira ALS Transportes, detentora de contratos que ultrapassam a casa dos R$ 300 milhões com a Prefeitura Municipal. As investigações apuram possível organização criminosa estabelecida para a prática de crimes de peculato, corrupção, fraude em licitação e lavagem de dinheiro. 

De acordo com o Portal de Transparência da Prefeitura de Campo Grande, Patrola tem três contratos ativos com o município, que, somados, equivalem a R$ 26,3 milhões.

O primeiro, o maior deles, de R$ 24,7 milhões, é referente à manutenção de vias não pavimentadas. Conforme o Portal da Transparência, o contrato recebeu cinco aditivos, saindo de R$ 4,1 milhões, em 2018, período em que foi assinado, para os atuais R$ 24,7 milhões, fatia cinco vezes superior aos valores acordados há cinco anos.

Segundo o Portal da Transparência, a ALS Transportes, sob o nome de Andre L. dos Santos Ltda., é responsável pela manutenção de todas as vias não pavimentadas em seis das sete regiões de Campo Grande (Anhanduizinho, Imbirussu, Bandeira, Lagoa, Prosa e Segredo). A única região não contemplada é a centro, porém, nessa área não há ruas sem asfalto.

A empresa também tem um segundo contrato ativo com a mesma finalidade, no valor de R$ 1.090.055,68, que foi assinado em maio do ano passado e tinha previsão de duração até maio deste ano, mas ainda consta como ativo.

O terceiro contrato torna a empresa responsável pela “prestação de serviços ambientais que visam ao atendimento do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas e Conservação da Bacia Hidrográfica do Córrego Guariroba”. O contrato, de R$ 600 mil, começou em março de 2018 e tem vigência até março de 2024.

Além de Campo Grande, a empresa também já fez parcerias com outras prefeituras de Mato Grosso do Sul e até com o governo do Estado.

Em Corumbá, são quatro contratos ativos, no valor total de R$ 78.089.200,24. 

Entre os contratos estão: prestação de serviços públicos de limpeza (como varrição manual de vias, calçadas e logradouros públicos, capina, roçada e raspagem manual de passeios, guias, sarjetas, vias e logradouros públicos, roçada mecânica de passeios, guias, sarjetas, vias e logradouros públicos e pintura de meio-fio); serviços de implantação de revestimento primário em rodovias vicinais nos assentamentos Jacadigo e Taquaral; execução de obras/serviços de manutenção de vias e travessões de assentamentos rurais (Tamarineiro I Norte, II Norte e Sul, Paiolzinho, Taquaral, São Gabriel, Mato Grande e Urucum) e do distrito de Albuquerque, com revestimento primário existente; e locação de máquinas e de caminhões destinados à Secretaria Municipal de Infraestrutura do município.

Com o governo do Estado, a empresa de Patrola possui cinco contratos, no valor total de R$ 162 milhões.
Apesar de todos esses supercontratos, o capital social da Andre L. dos Santos Ltda. é de R$ 10 milhões.

Colaborou Daiany Albuquerque

Assine o Correio do Estado 

insatisfação

Negociação salarial nao evolui e policiais civis param nesta quinta-feira (19)

Paralisação será de 24 horas e somente atendimentos mergenciais serão feitos nas delegacias de todo o Estado, segundo o sindicato da categoria

18/09/2024 23h38

Manifestações de policiais civis estão ocorrendo desde o final de agosto, mas até agora houve pouca evolução na negociação

Manifestações de policiais civis estão ocorrendo desde o final de agosto, mas até agora houve pouca evolução na negociação

Continue Lendo...

Em protesto ao que chamam de descumprimento de promessas de melhorias salariais, os policiais civis de Mato Grosso do Sul promovem nesta quinta-feira (19) uma paralisação de 24 horas nos atendimentos das delegacias, iniciando às 8 horas e encerrando no mesmo horário de sexta-feira (20). 

As mobilizações do sindicato da categoria, o Sinpol, começaram ainda em agosto e têm o objetivo de pressionar o governo estadual a cumprir a promessa de valorização salarial da categoria e reconhecer a importância do trabalho dos policiais civis. Eles reivindicam melhorias que garantiriam reajustes da ordem de 69% em seus vencimentos. 

A categoria afirma ter o 19º pior salário do País e reivinca aumento no salário inicial de R$ 5 mil para R$ 6,5 mil. Além disso, exige o pagamento de auxílio saúde semelhante ao que que está sendo pago aos delegados, da ordem de R$ 2 mil mensais. 

Conforme a direção do Sinpol, a paralisação não afetará os serviços essenciais, como atendimento a crianças, idosos, medidas protetivas e casos de flagrante delito. O Sinpol garante que a segurança pública será mantida e os casos mais urgentes serão atendidos.

"O Sinpol conclama todos os policiais civis, filiados ou não, a se unirem ao movimento, demonstrando a força da categoria e a necessidade de uma resposta urgente do governo", afirma o presidente do Sinpol-MS, Alexandre Barbosa.

Está prevista uma manifestação da categoria a partir das 07:30 horas em frente à Depac Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro, na Rua Padre João Crippa. 
 
Além dos reajuses salariais, a categoria exige novas contratações, pois alega déficit de  900 profissionais para os cargos de investigadores e escrivães. 
Atualmente, o Estado possui 1,6 mil profissionais, entre escrivães e investigadores. Conforme a categoria, o necessário para atender a demanda seria de 2,5 mil trabalhadores.

Cidades

Oito em cada dez municípios têm risco alto ou muito alto para sarampo

Brasil chegou a ser certificado como país livre do sarampo em 2016

18/09/2024 21h00

Agência Brasil

Continue Lendo...

Ao menos 4.587 municípios foram classificados como em alto risco para sarampo, enquanto 225 foram categorizados como em risco muito alto, totalizando 86% das cidades em todo o país com risco elevado para a doença. Há ainda 751 municípios listados com risco médio e apenas quatro com baixo risco. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (18) durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, em Recife.

Ao comentar o cenário, a coordenadora de Imunização da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Flávia Cardoso, lembrou que o Brasil chegou a ser certificado como país livre do sarampo em 2016, mas perdeu o status em 2019 após voltar a registrar a circulação do vírus por um período superior a 12 meses. “Em 2022, o Brasil estava endêmico para sarampo e, em 2023, passou para o status de país pendente de reverificação”, explicou. 

Segundo Flávia, em maio deste ano, a Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação do Sarampo, da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita nas Américas esteve no país e fez uma série de recomendações, incluindo ampliar a sensibilidade na definição de casos suspeitos de sarampo. A entidade pede que o país apresente o número de amostras recebidas de pacientes com febre e exantema e quais foram os diagnósticos de descarte.

De acordo com a coordenadora, a comissão destacou que, embora a cobertura vacinal tenha melhorado tanto para o sarampo quanto para a rubéola, por meio da tríplice viral, em alguns estados o progresso foi mínimo ou mesmo negativo. A situação no Rio de Janeiro, no Amapá, no Pará e em Roraima foi classificada pela entidade como muito preocupante para a manutenção da eliminação do sarampo e da rubéola no país. 

Também foi recomendado que o Brasil padronize um fluxograma de resposta rápida a casos suspeitos, tomando como base o caso recente de sarampo detectado no Rio Grande do Sul, importado do Paquistão. Por fim, a comissão sugere articular junto ao Ministério do Esporte e ligas esportivas a vacinação de atletas brasileiros, a exemplo do que foi feito previamente aos Jogos Olímpicos de Paris este ano. 

“Foi feita ainda a recomendação de buscas ativas integradas de casos de sarampo e rubéola com poliomielite e paralisia flácida em menores de 15 anos”, disse Flávia, ao citar que as ações servem para fortalecer a vigilância a nível municipal. 

Em junho deste ano, o país completou dois anos sem casos autóctones, ou seja, com transmissão em território nacional, do sarampo. Com isso, o país espera retomar a certificação de 'livre de sarampo'

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).