Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

Confira o editorial desta quinta-feira:
"Apelo por Justiça"

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É preciso dar resposta rápida e coerente para acabar com a sensação de privilégios ou impunidade.

Causam estranheza os entraves que estão enrolando o processo em que o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon responde por ter matado o empresário Adriano Correia do Nascimento, aos 33 anos, no dia 31 de dezembro de 2016, durante briga de trânsito. As incoerências e supostos privilégios começaram ainda no local do crime, na Avenida Ernesto Geisel. A sociedade permanece sem respostas diante das supostas falhas de policiais militares que não deram voz de prisão em flagrante ao autor do homicídio e que, ainda, teriam permitido que ele trocasse de roupa antes de comparecer à delegacia. Agora, misteriosamente, flambadores foram plantados na caminhonete da vítima que estava recolhida no Instituto de Perícias. Por fim, o Judiciário concedeu liberdade ao autor um dia depois do crime. Depois, reviu a decisão e ele foi preso no dia 5 de janeiro, sendo colocado, mais uma vez, em liberdade no começo de fevereiro. Até agora, a ação segue a passos lentos. 

É preciso dar resposta rápida e coerente para acabar com a sensação de privilégios ou impunidade, algo que só compromete a credibilidade de instituições que têm como dever dar o exemplo da garantia da aplicação da lei, com equidade nos atos. A significação que, outrora, a população tinha da palavra justiça já apresenta sentido distorcido e os princípios dilaceram-se diante do corporativismo e da falta de isonomia nas decisões. Essa “quebra de confiança” só contribui para agravar a desordem. É inevitável a decepção ao refletirmos que o autor consegue permanecer em liberdade mesmo disparando sete tiros, matando uma pessoa e ferindo outra, por conta de discussão no trânsito. Nem mesmo vídeos, testemunhas e a confissão do assassinato foram suficientes para garantir a punição. 

Todo o processo parece estar envolto em sucessivas falhas e fraudes. A começar pelos policiais militares que ignoraram a necessidade do flagrante e permitiram que o acusado trocasse de roupa antes de ir à delegacia. O fato acabou sendo minimizado. Agora, ainda mais grave, são as evidências dos flambadores plantados como prova na caminhonete da vítima, que estava no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol). Os laudos elaborados por peritos devem ser baseados em informações técnicas, que servem como prova em processos. Por isso, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil não pode simplesmente se calar e não apontar os culpados por essa fraude, seja pela falha na segurança do local onde a caminhonete estava, seja pelo possível envolvimento de funcionários. Não há dúvidas, porém, que a falta de respostas e esclarecimentos convincentes coloca em risco a confiança na instituição e no trabalho de profissionais sérios que atuam no local. 

Essa situação, obviamente, não deve ser tratada no processo em que Moon responde por homicídio, diante do risco de atrasá-lo ainda mais. Infelizmente, o Tribunal de Justiça não apresenta, nesse caso e em tantos outros, a mesma celeridade que teve nas decisões que beneficiaram os filhos da desembargadora Tânia Garcia Borges, que não ficaram presos depois de um se envolver em roubo e o outro em tráfico de drogas.  
Infelizmente, quase oito meses depois, permanecem os gritos gravados no dia do crime por familiares de Ricardo: “Prende esse cara, pelo amor de Deus”. O apelo por justiça ainda não foi ouvido.   

 

ARTIGOS

Caminhos da vida

01/03/2025 07h45

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A vida depende do caminhar de cada ser. Nesse caminhar, cada qual vai definindo seus desejos, seus planos e seus limites. Mesmo que não aceite certos deles, terá que respeitar o pensar e o agir dos demais. Nesse caminhar, haverá também uma exigência de constante purificação pessoal e social.

Nessa purificação, ninguém estará só. A humanidade estará solidária. O universo estará em comum tarefa. Tudo e todos caminharão para o eterno. Todos buscando o melhor para si. Mesmo que tenha que aceitar a contribuição dos demais, prefere enfrentar certas situações contando apenas com apenas suas forças.

Assim caminha o universo. Uns procurando caminhos. Outros se acomodando. Outros rejeitando soluções. E todos querendo uma definição. Todos buscando uma luz que lhes indique uma saída. Mesmo que não seja a mais segura, mas que seja plausível para o momento e para o fato que estaria necessitando.

Cautela! Prudência! Vigilância! Paciência! Esses são valores, são forças e são estratégias para quem esteja procurando construir o caminho que conduzirá ao Reino do céu. Justamente na Bíblia Sagrada é que encontramos tudo isso: em Lucas (Lc. 6,39-45).

Nessa passagem bíblica, encontramos diversas parábolas iluminando e clareando nossas incertezas e nossas vidas. Entre elas, destacamos aquela que revela o atrevimento do cego de querer conduzir outro cego. Possivelmente, no primeiro buraco, ambos cairão e se machucarão. Nesse caso, atrevimento, muitos poderão se ferir.

Esse atrevimento poderá encontrar coordenadores de movimentos, de comunidades de fé, coordenadores de grupos sociais. Atrevem-se a se mostrar seguros quando, na realidade, são atrevidos em suas iniciativas.
Mas certos momentos, ou certas iniciativas despertavam a ganância e aguçavam a vaidade. Queriam sempre mais. Muito difícil se contentar com o que lhe era passado. Mas o Mestre não perdia a oportunidade e mostrava claramente o lugar de cada um e o perigo de querer julgar.

O julgamento pertence só a Deus. Mas em toda parte existem os que se julguem suficientemente competentes a emitir sentenças e determinar rumos e efeitos. Então, o Mestre é muito claro ao afirmar que, “antes de tirar o cisco que há no olho de seu irmão, tire a trave que está no seu”.

Somente depois poderá analisar e ver qual atitude poderá tomar. Será oportuno lembrar que, quanto mais quisermos julgar os demais, mais difícil será reconhecer os erros pessoais. Antes de juízes, seria bem mais sensato nos colocarmos como réus. E a humildade revelará o quanto somos frágeis.

Creio que seja a hora de colocar a mão no coração, sentir seu pulsar e fazer com que pulse mais suave e mais moderado, revelando humildade, delicadeza e solidariedade. Pois já é hora de ter um coração mais sensível à dor humana e ao apelo de Deus a conclamar para um amor mais humano e mãos mais divinas.

Creio que já é hora de olhar a vida com mais ternura. Já é hora de agir com mais humildade, usando palavras mais justas, abraçando as causas mais verdadeiras e comungando os sentimentos mais divinos.

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ARTIGOS

Trump, imigração e a ONU

01/03/2025 07h15

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A política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo e controverso, especialmente com a retomada do mandato de Donald Trump. O discurso anti-imigração do presidente eleito tem gerado preocupações sobre os impactos na economia, na sociedade e nos direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem defendido a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis.

A política de Trump de deportação em massa e a construção de um muro na fronteira com o México são exemplos de como o discurso anti-imigração pode levar a medidas que violam os direitos humanos. A separação de famílias na fronteira e a restrição de entrada de cidadãos de determinados países também demonstram a priorização de barreiras nacionais e a exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Isso é contraditório com os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que asseguram que todos os indivíduos têm direitos inalienáveis, independentemente de nacionalidade, raça ou condição migratória.

A ONU defende que os imigrantes e refugiados têm direito a buscar asilo em outros países para fugir da perseguição e que devem ser tratados com dignidade e respeito. No entanto, as políticas de Trump têm enfraquecido esse direito, como a política de Remain in Mexico, que obrigava solicitantes de asilo a permanecerem no México enquanto aguardavam o processamento de seus pedidos. Isso os expunha a condições precárias e perigosas, em contradição com os padrões internacionais de proteção humanitária.

Além disso, a economia dos Estados Unidos depende da mão de obra imigrante. A chegada dos imigrantes na América do Norte em busca de oportunidades impulsionou a infraestrutura e a inovação do país, trazendo impactos positivos para a economia. Segundo o relatório Efeitos do Aumento da Imigração no Orçamento Federal e na Economia, divulgado pelo Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO), o aumento da imigração no país pode trazer mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), na inflação, nos juros e no orçamento dos EUA.

A mão de obra imigrante é um fator de dependência dos Estados Unidos. Com a escassez de mão de obra qualificada especialmente nas áreas de saúde, tecnologia e construção civil, os imigrantes assumem essas funções, desempenhando papéis fundamentais em diversos setores da economia. A agricultura, por exemplo, necessita de trabalhadores para manter o abastecimento interno e as exportações. Já na área da saúde, os imigrantes ocupam postos de enfermeiros, assistentes domiciliares e médicos.

Em resumo, a política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo que envolve direitos humanos, economia e sociedade. A ONU defende a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis. É fundamental que se encontre um equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a gestão da imigração para que se possa construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

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