Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

Confira o editorial desta sexta-feira: "Equação insustentável"

Confira o editorial desta sexta-feira: "Equação insustentável"

Redação

02/06/2017 - 03h00
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Os campo-grandenses ainda aguardam respostas  cerca do rombo de R$ 118 milhões na Previdência, 
ocorrido durante a gestão passada.

O deficit da Previdência tem se tornado insustentável. Problema crônico que atinge o regime geral e próprio, este último controlado por estados e municípios. O receio é de que o rombo nas contas se agrave diante do crescimento dos pedidos de aposentadoria daqueles que temem alterações nas regras vigentes, em decorrência da discussão no Congresso Nacional.

Trata-se, porém, de herança nefasta que resulta também da falta de organização e planejamento. As contas dependem da previsibilidade dos valores arrecadados de servidores ativos em consonância com os pagamentos dos inativos, equação que não bate há alguns anos. Assim, o poder público, com a receita já em queda, tem de assegurar o recurso que falta, deixando de investir em outros setores.

Os números divulgados pela Prefeitura de Campo Grande são alarmantes. Em oito anos, a folha previdenciária cresceu surpreendentes 471,3%. Agora, o município precisa desembolsar, todos os meses, R$ 9 milhões para cobrir o deficit. Dispêndio que compromete ainda mais as finanças municipais em momento de queda na arrecadação.

A administração municipal tem adotado série de medidas para tentar retomar o equilíbrio das contas, com plano de contingenciamento que prevê cortes de R$ 10 milhões no período de seis meses. Os ajustes, porém, ainda serão insuficientes para saldar essa pendência, que tende a aumentar. Por isso, as reformulações precisam ser debatidas.

Torna-se inevitável a clareza das ações para justificar qualquer alteração. Os campo-grandenses ainda aguardam respostas acerca do rombo de R$ 118 milhões, ocorrido durante a gestão passada. Investigações foram instauradas pelo Ministério Público Estadual e por comissão de vereadores. Mas algumas indagações ainda permanecem. O problema nas contas resultou da falta de critérios na concessão de aposentadorias? Houve reajuste acima do tolerável aos cofres públicos? Ou os recursos foram usados em outros setores? Alguma falha ocorreu, até mesmo pelo descontrole nos gastos públicos.

Na Previdência Nacional, a incoerência está mais explícita. Grandes empresas acumulam dívida de R$ 426,07 bilhões com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), quase três vezes o atual deficit do setor, que foi cerca de R$ 149,7 bilhões no ano passado. Os dados constam em levantamento feito pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, mas são ignorados pelo governo de Michel Temer na hora de defender as reformas apreciadas pela Câmara dos Deputados e Senado. Na lista dos inadimplentes, constam grandes empresas, a exemplo da JBS – que aparece no centro do furacão de esquema de propina e corrupção. 

A nova crise política deve protelar a reforma previdenciária, algo que também posterga as reformulações em estados e municípios. Inclusive, já se cogitam alterações mais brandas. Está evidente, porém, que será preciso pensar em soluções completas, isentas de qualquer indício de favorecimento. Há sinais de recuperação da economia nacional, mas a comemoração esbarra na série de pendências urgentes e na instabilidade que permanece.   
 

ARTIGOS

Caminhos da vida

01/03/2025 07h45

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A vida depende do caminhar de cada ser. Nesse caminhar, cada qual vai definindo seus desejos, seus planos e seus limites. Mesmo que não aceite certos deles, terá que respeitar o pensar e o agir dos demais. Nesse caminhar, haverá também uma exigência de constante purificação pessoal e social.

Nessa purificação, ninguém estará só. A humanidade estará solidária. O universo estará em comum tarefa. Tudo e todos caminharão para o eterno. Todos buscando o melhor para si. Mesmo que tenha que aceitar a contribuição dos demais, prefere enfrentar certas situações contando apenas com apenas suas forças.

Assim caminha o universo. Uns procurando caminhos. Outros se acomodando. Outros rejeitando soluções. E todos querendo uma definição. Todos buscando uma luz que lhes indique uma saída. Mesmo que não seja a mais segura, mas que seja plausível para o momento e para o fato que estaria necessitando.

Cautela! Prudência! Vigilância! Paciência! Esses são valores, são forças e são estratégias para quem esteja procurando construir o caminho que conduzirá ao Reino do céu. Justamente na Bíblia Sagrada é que encontramos tudo isso: em Lucas (Lc. 6,39-45).

Nessa passagem bíblica, encontramos diversas parábolas iluminando e clareando nossas incertezas e nossas vidas. Entre elas, destacamos aquela que revela o atrevimento do cego de querer conduzir outro cego. Possivelmente, no primeiro buraco, ambos cairão e se machucarão. Nesse caso, atrevimento, muitos poderão se ferir.

Esse atrevimento poderá encontrar coordenadores de movimentos, de comunidades de fé, coordenadores de grupos sociais. Atrevem-se a se mostrar seguros quando, na realidade, são atrevidos em suas iniciativas.
Mas certos momentos, ou certas iniciativas despertavam a ganância e aguçavam a vaidade. Queriam sempre mais. Muito difícil se contentar com o que lhe era passado. Mas o Mestre não perdia a oportunidade e mostrava claramente o lugar de cada um e o perigo de querer julgar.

O julgamento pertence só a Deus. Mas em toda parte existem os que se julguem suficientemente competentes a emitir sentenças e determinar rumos e efeitos. Então, o Mestre é muito claro ao afirmar que, “antes de tirar o cisco que há no olho de seu irmão, tire a trave que está no seu”.

Somente depois poderá analisar e ver qual atitude poderá tomar. Será oportuno lembrar que, quanto mais quisermos julgar os demais, mais difícil será reconhecer os erros pessoais. Antes de juízes, seria bem mais sensato nos colocarmos como réus. E a humildade revelará o quanto somos frágeis.

Creio que seja a hora de colocar a mão no coração, sentir seu pulsar e fazer com que pulse mais suave e mais moderado, revelando humildade, delicadeza e solidariedade. Pois já é hora de ter um coração mais sensível à dor humana e ao apelo de Deus a conclamar para um amor mais humano e mãos mais divinas.

Creio que já é hora de olhar a vida com mais ternura. Já é hora de agir com mais humildade, usando palavras mais justas, abraçando as causas mais verdadeiras e comungando os sentimentos mais divinos.

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ARTIGOS

Trump, imigração e a ONU

01/03/2025 07h15

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A política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo e controverso, especialmente com a retomada do mandato de Donald Trump. O discurso anti-imigração do presidente eleito tem gerado preocupações sobre os impactos na economia, na sociedade e nos direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem defendido a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis.

A política de Trump de deportação em massa e a construção de um muro na fronteira com o México são exemplos de como o discurso anti-imigração pode levar a medidas que violam os direitos humanos. A separação de famílias na fronteira e a restrição de entrada de cidadãos de determinados países também demonstram a priorização de barreiras nacionais e a exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Isso é contraditório com os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que asseguram que todos os indivíduos têm direitos inalienáveis, independentemente de nacionalidade, raça ou condição migratória.

A ONU defende que os imigrantes e refugiados têm direito a buscar asilo em outros países para fugir da perseguição e que devem ser tratados com dignidade e respeito. No entanto, as políticas de Trump têm enfraquecido esse direito, como a política de Remain in Mexico, que obrigava solicitantes de asilo a permanecerem no México enquanto aguardavam o processamento de seus pedidos. Isso os expunha a condições precárias e perigosas, em contradição com os padrões internacionais de proteção humanitária.

Além disso, a economia dos Estados Unidos depende da mão de obra imigrante. A chegada dos imigrantes na América do Norte em busca de oportunidades impulsionou a infraestrutura e a inovação do país, trazendo impactos positivos para a economia. Segundo o relatório Efeitos do Aumento da Imigração no Orçamento Federal e na Economia, divulgado pelo Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO), o aumento da imigração no país pode trazer mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), na inflação, nos juros e no orçamento dos EUA.

A mão de obra imigrante é um fator de dependência dos Estados Unidos. Com a escassez de mão de obra qualificada especialmente nas áreas de saúde, tecnologia e construção civil, os imigrantes assumem essas funções, desempenhando papéis fundamentais em diversos setores da economia. A agricultura, por exemplo, necessita de trabalhadores para manter o abastecimento interno e as exportações. Já na área da saúde, os imigrantes ocupam postos de enfermeiros, assistentes domiciliares e médicos.

Em resumo, a política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo que envolve direitos humanos, economia e sociedade. A ONU defende a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis. É fundamental que se encontre um equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a gestão da imigração para que se possa construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

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