Usar dinheiro e patrimônio de criminosos para combater o crime é uma solução inteligente. Por que nenhum
governante pensou nisso antes?
Algumas soluções são simples demais para serem colocadas em prática. O combate ao tráfico de drogas é um problema desde que seu consumo aumentou no Brasil e o País transformou-se em rota do tráfico internacional. Realidade que permanece há quase quarenta anos.
O tráfico e o uso de drogas, certamente, existem bem antes de quase todos os adultos em idade economicamente ativa terem nascido. Prisão de quadrilhas de traficantes? Pilotos que servem ao tráfico? Região de fronteira tensa e violenta por causa da disputa por território entre facções criminosas? Qualquer uma destas perguntas, que trazem consigo afirmações, poderiam ter sido feita na década de 1980, ou mesmo nos dias atuais. Muito pouco mudou de lá para cá: algumas quadrilhas foram presas, outras vieram. Droga foi apreendida e uma quantidade infinitamente superior deve ter chegado ao seu destino. Parece que as autoridades estão enxugando gelo. Se é que existe uma guerra às drogas e ao tráfico, ela, no mínimo, está empatada.
Qualquer ação não convencional no combate ao tráfico é bem-vinda, e é por isso que a medida tomada pelo governo federal de vender bens de traficantes é digna de elogios. Quando se trata de combater o crime organizado, o melhor alvo para enfraquecer as quadrilhas é o bolso dos bandidos. Os criminosos estão neste negócio ilegal por motivos financeiros e patrimoniais, portanto, é salutar que bens móveis e imóveis sejam apreendidos e revendidos e que o poder público faça bom uso do que vier a ser arrecadado.
Nesta edição, mostramos em reportagem que Mato Grosso do Sul é uma das unidades da Federação com a maior quantidade de bens de traficantes disponível para venda. A medida é importantíssima, pois usa os recursos dos próprios criminosos para aprimorar as ações das polícias contra eles. Com os milhões que virão destes leilões, esperamos a compra de equipamentos para os policiais, melhora em seus rendimentos e reforço das forças de segurança com mais recursos humanos.
A inteligência no combate ao crime não deve ser utilizada somente na conotação empregada pelos investigadores, que é o acúmulo de um grande número de informações sobre os criminosos, para reprimir e pôr fim a suas ações delituosas. Inteligência em segurança pública também deve ser sinônimo de boa gestão e boas ideias. Sobre a apreensão de bens de traficantes encerramos com a pergunta: como ninguém pensou nisso antes?