Artigos e Opinião

OPINIÃO

Gilberto Verardo: "Crise ou patologia no poder"

Psicólogo/Psicoterapeuta

Redação

14/07/2017 - 01h00
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Poderíamos falar sobre “os poderes” visíveis e os invisíveis. Para o momento, devemos nos focar a respeito do que pode ser considerado o mais justo, o mais tangível, o mais cobiçado, que desperta seduções, às vezes perverso, às vezes bondoso, às vezes justo, às vezes inteligente, às vezes burro – O Poder Representativo. 

Considerado como a mola propulsora da democracia moderna, o Poder Representativo contemporâneo está em processo de falência por disseminar a corrupção nas suas mais diversas práticas. 

Com o conhecimento amplo dessa prática, graças à mídia em geral, um desencanto perigoso toma conta da consciência coletiva. Perigoso, pois não há alternativa ideológica para abrigar as esperanças individuais e coletivas. Perigoso, pois costuma atrair vilões com receitas mágicas e onipresentes. Perigoso, pois este desencanto há muito conhecido nos bastidores da prática política, sabe-se, agora, com maior clareza, que o poder representativo vem sendo utilizado, a bom tempo, para praticas opostas, e bem opostas, a função real do poder representativo. Assim, nada mais justo do que este desencanto com o que era para distribuir riquezas geradas por todos ser utilizada para a obtenção do lucro fácil, espúrio e muito, muito egocêntrico. Talvez, seu maior impacto não se encerra na prática, mas nas consequências.

 Ao tomar conhecimento desta prática nas instituições destinadas a disseminar uma prática de zelo às coisas do bem coletivo, os que mais se ressentem são os mais idôneos, obedientes e cívicos. Possivelmente, adoecem sem conhecer suas razões. A decepção é o vírus que se incuba no corpo moral da sociedade.

Será esta pratica tolerável na ótica do capitalismo selvagem ou será um desvio de caráter?

Para nós, os normais da sociedade civil pública, a pessoa que tudo faz para ocupar um cargo no Poder Representativo, objetivando exercitar coisas de seu ego pessoal ou para mirar no lucro fácil e escuso é um desvirtuado moral, pois sabe distinguir o que é certo e o que é errado, o que moral e ético e o que é amoral. Portanto, tem consciência do que faz e isso merece reflexão acompanhada de extrema preocupação, pois estamos diante de um quadro de transtorno de personalidade antissocial e não adianta contemporizar.

Para o CID-10 (Código Internacional de Doenças),acaracterística essencial do Transtorno da Personalidade Antissocial é um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta. Este padrão também é conhecido como psicopatia, sociopatia ou transtorno da personalidade dissocial. O engodo e a manipulação são aspectos centrais do Transtorno da Personalidade Antissocial. (na CID.10 é F60.2) - 301.7 - PERSONALIDADE ANTISSOCIAL - DSM.IV).

Claro que há exceções, temos gente que merece nosso respeito, mas pelo que se tem visto ultimamente pela mídia, ao revelar a prática de atitudes escusas à lei e à moral civilizada, certamente a crise política que está existindo, nestas proporções, é em razão do tipo de caráter que ocupa e exercita o poder. Afinal, o poder representativo foi concebido pelo próprio homem para educar seus ímpetos egocêntricos. Neste sentido, certo desprendimento do próprio umbigo pode ser considerado uma primeira virtude para o exercício deste tipo de poder, tão essencial à saúde da vida em sociedade. 

Por enquanto, o único poder que almejo é de continuar a cuidar de beija-flores no quintal de casa.

ARTIGOS

Caminhos da vida

01/03/2025 07h45

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A vida depende do caminhar de cada ser. Nesse caminhar, cada qual vai definindo seus desejos, seus planos e seus limites. Mesmo que não aceite certos deles, terá que respeitar o pensar e o agir dos demais. Nesse caminhar, haverá também uma exigência de constante purificação pessoal e social.

Nessa purificação, ninguém estará só. A humanidade estará solidária. O universo estará em comum tarefa. Tudo e todos caminharão para o eterno. Todos buscando o melhor para si. Mesmo que tenha que aceitar a contribuição dos demais, prefere enfrentar certas situações contando apenas com apenas suas forças.

Assim caminha o universo. Uns procurando caminhos. Outros se acomodando. Outros rejeitando soluções. E todos querendo uma definição. Todos buscando uma luz que lhes indique uma saída. Mesmo que não seja a mais segura, mas que seja plausível para o momento e para o fato que estaria necessitando.

Cautela! Prudência! Vigilância! Paciência! Esses são valores, são forças e são estratégias para quem esteja procurando construir o caminho que conduzirá ao Reino do céu. Justamente na Bíblia Sagrada é que encontramos tudo isso: em Lucas (Lc. 6,39-45).

Nessa passagem bíblica, encontramos diversas parábolas iluminando e clareando nossas incertezas e nossas vidas. Entre elas, destacamos aquela que revela o atrevimento do cego de querer conduzir outro cego. Possivelmente, no primeiro buraco, ambos cairão e se machucarão. Nesse caso, atrevimento, muitos poderão se ferir.

Esse atrevimento poderá encontrar coordenadores de movimentos, de comunidades de fé, coordenadores de grupos sociais. Atrevem-se a se mostrar seguros quando, na realidade, são atrevidos em suas iniciativas.
Mas certos momentos, ou certas iniciativas despertavam a ganância e aguçavam a vaidade. Queriam sempre mais. Muito difícil se contentar com o que lhe era passado. Mas o Mestre não perdia a oportunidade e mostrava claramente o lugar de cada um e o perigo de querer julgar.

O julgamento pertence só a Deus. Mas em toda parte existem os que se julguem suficientemente competentes a emitir sentenças e determinar rumos e efeitos. Então, o Mestre é muito claro ao afirmar que, “antes de tirar o cisco que há no olho de seu irmão, tire a trave que está no seu”.

Somente depois poderá analisar e ver qual atitude poderá tomar. Será oportuno lembrar que, quanto mais quisermos julgar os demais, mais difícil será reconhecer os erros pessoais. Antes de juízes, seria bem mais sensato nos colocarmos como réus. E a humildade revelará o quanto somos frágeis.

Creio que seja a hora de colocar a mão no coração, sentir seu pulsar e fazer com que pulse mais suave e mais moderado, revelando humildade, delicadeza e solidariedade. Pois já é hora de ter um coração mais sensível à dor humana e ao apelo de Deus a conclamar para um amor mais humano e mãos mais divinas.

Creio que já é hora de olhar a vida com mais ternura. Já é hora de agir com mais humildade, usando palavras mais justas, abraçando as causas mais verdadeiras e comungando os sentimentos mais divinos.

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ARTIGOS

Trump, imigração e a ONU

01/03/2025 07h15

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A política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo e controverso, especialmente com a retomada do mandato de Donald Trump. O discurso anti-imigração do presidente eleito tem gerado preocupações sobre os impactos na economia, na sociedade e nos direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem defendido a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis.

A política de Trump de deportação em massa e a construção de um muro na fronteira com o México são exemplos de como o discurso anti-imigração pode levar a medidas que violam os direitos humanos. A separação de famílias na fronteira e a restrição de entrada de cidadãos de determinados países também demonstram a priorização de barreiras nacionais e a exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Isso é contraditório com os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que asseguram que todos os indivíduos têm direitos inalienáveis, independentemente de nacionalidade, raça ou condição migratória.

A ONU defende que os imigrantes e refugiados têm direito a buscar asilo em outros países para fugir da perseguição e que devem ser tratados com dignidade e respeito. No entanto, as políticas de Trump têm enfraquecido esse direito, como a política de Remain in Mexico, que obrigava solicitantes de asilo a permanecerem no México enquanto aguardavam o processamento de seus pedidos. Isso os expunha a condições precárias e perigosas, em contradição com os padrões internacionais de proteção humanitária.

Além disso, a economia dos Estados Unidos depende da mão de obra imigrante. A chegada dos imigrantes na América do Norte em busca de oportunidades impulsionou a infraestrutura e a inovação do país, trazendo impactos positivos para a economia. Segundo o relatório Efeitos do Aumento da Imigração no Orçamento Federal e na Economia, divulgado pelo Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO), o aumento da imigração no país pode trazer mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), na inflação, nos juros e no orçamento dos EUA.

A mão de obra imigrante é um fator de dependência dos Estados Unidos. Com a escassez de mão de obra qualificada especialmente nas áreas de saúde, tecnologia e construção civil, os imigrantes assumem essas funções, desempenhando papéis fundamentais em diversos setores da economia. A agricultura, por exemplo, necessita de trabalhadores para manter o abastecimento interno e as exportações. Já na área da saúde, os imigrantes ocupam postos de enfermeiros, assistentes domiciliares e médicos.

Em resumo, a política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo que envolve direitos humanos, economia e sociedade. A ONU defende a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis. É fundamental que se encontre um equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a gestão da imigração para que se possa construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

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