Artigos e Opinião

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Inclusão nas eleições municipais de 2024

Wilson Pedroso - Analista político e consultor eleitoral com MBA nas áreas de Gestão e Marketing

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Estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, neste ano, um total de 1,4 milhão de cidadãos declarou ter algum tipo de deficiência e precisar de condições especiais para votar. O número representa um aumento de 25% em relação a 2020, quando o TSE registrou 1,1 milhão de eleitores com deficiência.

O crescimento é significativo, e a Justiça Eleitoral brasileira está atenta a ele, tendo dado sucessivos passos em direção a um processo eleitoral cada vez mais inclusivo. 

Neste momento, por exemplo, o TSE abriu prazo para que eleitores com deficiência ou mobilidade reduzida solicitem transferência temporária de seção eleitoral para que possam votar em outubro. A data-limite é o dia 22 de agosto, e o benefício se estende também a pessoas indígenas, quilombolas, integrantes de comunidades tradicionais ou residentes em assentamentos rurais.

Na hora do voto, as pessoas com deficiência também podem contar com recursos tecnológicos de inclusão. A novidade para este ano é o uso da inteligência artificial (IA) para a criação de uma voz sintetizada, batizada de Letícia, que vai auxiliar eleitores com deficiência visual na hora do voto. A ferramenta vai informar o cargo em votação, os números digitados pelo eleitor e o nome do candidato que receberá o voto. A urna conta ainda com a apresentação de um intérprete de Libras para orientar e melhorar a experiência de voto dos cidadãos com deficiência auditiva. 

Outro importante fator de inclusão no processo eleitoral é o uso do nome social no título de eleitor. Esse direito existe desde 2018, e a previsão é de que, neste ano, mais de 41 mil pessoas utilizem o nome social, número que quadriplicou desde 2020.

Ao mesmo tempo em que eleitores com deficiência contam com instrumentos importantes para votar, a Justiça Eleitoral também tem procurado ampliar as ferramentas inclusivas para as candidaturas. Em fevereiro deste ano, o TSE publicou instrução que dispõe sobre a escolha e o registro de candidatos.

O documento trouxe novas medidas para que possamos ter candidatos com perfis mais plurais. Entre elas, estão o maior controle da destinação de recursos para candidaturas negras e a exigência de que as listas apresentadas pelos partidos contenham ao menos uma pessoa de cada gênero. 

A mesma instrução ainda estipula que, no registro das candidaturas, sejam coletados dados pessoais sobre etnia indígena, pertencimento a comunidade quilombola e identidade de gênero. Os concorrentes também terão opção de indicar ou não a orientação sexual. Essas informações são importantes para que tenhamos estatísticas mais aprofundadas sobre o perfil dos nossos candidatos, de forma que a Justiça Eleitoral possa criar mecanismos futuros para ampliar a representatividade das mais diversas parcelas da sociedade no processo eleitoral.

Se, por um lado, temos registrado avanços relevantes, por outro, ainda são muitos os pontos falhos. Um deles, por exemplo, é a falta de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida em todo o País, sendo comuns, no dia da eleição, os vídeos com desabafos de cidadãos sobre as mais diversas dificuldades de acesso às urnas, incluindo calçadas esburacadas e presença de escadas dentro dos prédios de votação. Da mesma forma, candidatos que representam minorias comumente recebem poucos recursos e infraestrutura por parte dos partidos, o que torna muito difícil a execução adequada de suas campanhas.

Em resumo, não estamos navegando por um mar de rosas. Mas a boa notícia é que nossa bússola aponta para o caminho certo, rumo a eleições mais inclusivas e a uma democracia mais forte.

 

Editorial

Celular: o novo ouro de bolso

O telefone celular, antes instrumento de comunicação e depois ferramenta de trabalho, hoje é também a principal forma de acesso ao sistema financeiro

21/04/2025 07h15

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O Brasil é, sem sombra de dúvida, o país mais financeiramente digitalizado do mundo. Essa condição não nasceu por acaso, mas é fruto direto de uma das mais bem-sucedidas inovações já promovidas pelo setor público nacional: o Pix. Criado e implementado pelo Banco Central no início da década, esse meio de pagamento eletrônico tornou-se parte essencial da vida do brasileiro. Hoje, mais da metade das transações financeiras realizadas no País são feitas via Pix, tornando obsoletos antigos hábitos relacionados ao uso de dinheiro em papel ou mesmo de cartões.

Esse avanço é inegável. A rapidez, a gratuidade e a praticidade do Pix revolucionaram a forma como o dinheiro circula entre as pessoas, as empresas e o poder público. Pagamentos instantâneos a qualquer hora do dia ou da noite, inclusive em fins de semana e feriados, são uma realidade que aproximou o Brasil do futuro financeiro. E, nesse processo, o cidadão ganhou: abrir uma conta se tornou mais fácil; as chamadas fintechs floresceram, a população antes desbancarizada hoje movimenta dinheiro digital com o toque de um dedo.

No entanto, é hora de o Estado brasileiro – em todas as suas esferas – olhar para os efeitos colaterais dessa revolução. Com o dinheiro cada vez mais virtual, e os celulares funcionando como verdadeiras carteiras digitais, surgem novos riscos que exigem respostas igualmente inovadoras. Não basta celebrar o avanço: é necessário proteger seus frutos. Isso passa por uma reconfiguração da segurança pública no Brasil.

O que se vê nas ruas, especialmente nas grandes cidades, é um crescimento preocupante dos furtos e roubos de celulares. Os criminosos já entenderam que, ao tomar um telefone, não estão apenas levando um bem material, mas potencialmente acessando contas bancárias, senhas, cartões e chaves Pix. O telefone celular, antes instrumento de comunicação e depois ferramenta de trabalho, hoje é também a principal forma de acesso ao sistema financeiro e, portanto, precisa ser tratado como um bem de altíssimo valor.

Além disso, a criminalidade também migrou para o ambiente digital. Golpes financeiros aplicados por meio de aplicativos de mensagens, redes sociais e e-mails falsos se multiplicaram. Clonagens de contas, fraudes com Pix, falsos boletos, engenharia social – tudo isso se tornou rotina, colocando em risco o patrimônio de milhões de brasileiros. As polícias precisam, urgentemente, dedicar mais esforços e recursos à investigação e à prevenção de crimes cibernéticos.

É necessário que a proteção ao cidadão acompanhe a inovação tecnológica. Isso significa capacitar agentes públicos, investir em tecnologia para rastrear transações e, principalmente, criar mecanismos de resposta rápida para vítimas de crimes digitais. Quando uma pessoa tem o celular roubado ou cai em um golpe, a reversão dos danos precisa ser célere e eficaz. E o sistema bancário, inclusive as fintechs, tem papel essencial nesse processo, pois hoje são parte integrante da estrutura de segurança financeira da população.

O Pix nos colocou à frente do mundo. Mas para que essa liderança seja mantida de forma segura, é preciso garantir que o dinheiro digital não vire moeda fácil para criminosos. O telefone celular deve ser visto como um cofre portátil e sua proteção, uma prioridade de Estado. O futuro do dinheiro já chegou. Agora, falta garantir que ele continue sendo um avanço – e não um novo motivo de medo.

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Vários são os aspectos essenciais que apoiam os jovens para o futuro

17/04/2025 07h45

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As mudanças tecnológicas, sociais e econômicas estão demandando cada vez mais um novo modelo educacional capaz de preparar os indivíduos para um mundo em constante transformação. Isso porque competências digitais, pensamento crítico e adaptável e visão empreendedora têm sido cada vez mais solicitados.

Diante desse cenário, a educação, dentro e fora de casa, deve ir além da simples transmissão de conhecimento, priorizando a formação integral e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, a fim de preparar os jovens para os desafios futuros.

Competências indispensáveis aos jovens. A automação, a digitalização e a economia compartilhada transformaram o mercado de trabalho, exigindo profissionais flexíveis e aptos a lidar com novas tecnologias. De acordo com um estudo realizado pela Deloitte em 2024, 8 em cada 10 profissionais (83%) em início de carreira já chegam ao mercado familiarizados com as ferramentas de inteligência artificial. No entanto, apenas 68% dos trabalhadores efetivos sabem lidar com essas novidades.

Além disso, a globalização e as mudanças sociais tornam ainda mais essencial o desenvolvimento de habilidades interpessoais, como comunicação eficaz e trabalho em equipe. As competências essenciais para o futuro incluem ainda pensamento crítico, resolução de problemas, criatividade, boa comunicação, colaboração, alfabetização digital e inteligência emocional.

Como preparar os estudantes para esse futuro? Mais que compartilhar conhecimento teórico, faz-se necessária a adaptação dos jovens a essas novas realidades. Isso é possível por meio de metodologias ativas de aprendizagem, eficazes no desenvolvimento dessas competências.

Entre elas, destacam-se a educação baseada em projetos, que estimula a resolução de problemas reais; a aprendizagem personalizada, que permite que cada estudante avance no seu próprio ritmo, respeitando suas dificuldades e potencialidades; e o ensino híbrido, que combina ferramentas digitais com as aulas presenciais, oferecendo maior flexibilidade e interdisciplinaridade, conectando diferentes áreas do conhecimento e tornando a aprendizagem mais contextualizada e significativa.

Família e escola devem se unir para enfrentar os desafios. Obstáculos como a defasagem curricular, a resistência à inovação, a desigualdade de acesso à tecnologia e a necessidade de reformular o papel dos educadores no preparo dos estudantes para um mercado de trabalho incerto são reais e exigem uma abordagem educacional que valorize não apenas o conhecimento acadêmico, mas também o desenvolvimento pessoal e emocional.

Nesse contexto, os pais desempenham um papel fundamental na educação dos filhos, ao fortalecer as abordagens vivenciadas por eles nas instituições de ensino. Para tanto, é possível incentivar o pensamento crítico e a leitura, promover a autonomia e estimular a aprendizagem fora do ambiente escolar em atividades extracurriculares, por exemplo.

Não menos importante, habilidades socioemocionais, como empatia, resiliência, colaboração e autogestão, são outros aspectos indissociáveis para o sucesso pessoal e profissional. Trabalhá-las dentro e fora de casa contribui para uma educação mais humanizada, auxiliando os jovens a lidarem melhor com desafios, tomarem decisões assertivas e construírem relações saudáveis.

Em suma, o verdadeiro compromisso das escolas com valores humanos essenciais, como generosidade, compaixão, cooperação e respeito ao próximo, é o que está por trás da formação sólida de jovens críticos, criativos e preparados para um mundo em constante mudança.

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