Sistemas dinâmicos complexos são aqueles cuja evolução temporal é função dos parâmetros e variáveis em que se baseiam e apresentam resultados considerados “instáveis”, imprevisíveis ou aleatórios, e para alguns, ao acaso (embora o acaso não exista). Portanto alguns fenômenos naturais que são imaginariamente determinados e previsíveis têm seus resultados derivados da ação e modificação aleatória dos elementos constituintes desses eventos, ou seja, são tão complexos quanto imprevisíveis.
A Teoria do Caos, da física, estuda a aleatoriedade dos sistemas. Um sistema é formado por um conjunto de elementos que tem relações uns com os outros. Eles podem ser lineares, se a resposta resultante da ação em um evento qualquer é proporcional a esta. Caso contrário em que o resultado de um efeito não seja necessariamente proporcional a causa inicial, os sistemas são denominados - dinâmicos não lineares, o que significa que pequenas variações que aparentemente não influem no resultado futuro, até então dito previsível, podem tomar corpo por meio de uma progressão de intensidade de efeitos, fora dos padrões estatísticos, resultando num sistema caótico.
A interligação não aparente e por menor que seja entre os elementos de um sistema, resulta em respostas que dependem das condições iniciais dos parâmetros de descrição dos atributos dos seus componentes. Para minimizar os desvios entre a entrada e a saída de dados, é preciso inúmeras medições de medidas exatas, uma avaliação precisa da incerteza, bem como a consideração de diversos parâmetros.
Essa explicação física se traduz no chamado Efeito Borboleta, onde “o bater de suas asas num extremo do planeta é capaz de provocar um cataclismo no outro extremo em uma questão de tempo”, uma alegoria que se refere ao processo de realimentação, ou seja, a reintrodução no próprio sistema do somatório dos erros gerados a cada passo.
Esses sistemas são estudados quanto suas estruturas, ditos abertos quando sofrem influencias do meio externo do qual fazem parte, e se alimentam, se auto-regulam ou procuram equilíbrio por meio dessas interações. Os fechados, sem interação (sinergia) externa se mantêm por eles mesmos, cujo prognóstico é a falência.
O que para muitos até agora mais parece uma aula chata de física, devo dizer que a física, como ciência da natureza não só nos permite fazermos analogias entre outros sistemas (meio ambiente, social, comunicação e informação, econômicos) dos quais dependemos, como nos impede com seus métodos, de tirarmos conclusões precipitadas e irreais. Nada nos impede, portanto divagar sobre as teorias físicas em comparação ao momento político atual, porque não?
Existem dois sistemas. Um dinâmico não linear, que se intitula de aberto por congregar diversos outros micro-sistemas que interagem com diversas ideologias, que se manifesta aleatoriamente nas ruas, e se identifica com a mídia, “aparentando” sem sinergia (entropia) suficiente para modificar o “status quo”. O outro, linear, não suficientemente fechado, resiste a mudanças, e naturalmente se auto-regula substituindo partes que deixam de funcionar, mas mantém seu equilíbrio pela troca de energia com elementos do outro sistema. São sistemas aparentemente diferentes, mas que se equivalem e sobrevivem na política pela mútua simbiose.
Quanto ao Efeito Borboleta, atualmente dá-se o nome de Lava Jato, onde uma simples investigação local, num posto de combustíveis, cujo proprietário estava envolvido com a lavagem de dinheiro oriundo de trafico, de modo imprevisível levou a justiça aos casos subseqüentes de propinas e corrupção, tornando caótico o mundo político de então, protagonizado pelos dois sistemas.
A física estatística ou probabilística certamente explicará o comportamento futuro desses dois sistemas. A sobrevivência de ambos, sujeitos aos efeitos caóticos devastadores do Efeito Borboleta, dependerá de novas interações, um resultado não tão imprevisível, quando serão reequilibrados nas próximas eleições, de acordo com os pesos políticos de seus componentes.