Artigos e Opinião

OPINIÃO

Octavio Luiz Franco: "O poder da bioinspiração"

Coordenador do S-Inova Biotech, Professor do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia da UCDB

Redação

06/07/2017 - 01h00
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Muito se tem escrito sobre a inspiração. As ideias surgem às vezes provenientes de detalhes às vezes quase imperceptíveis que levam o pesquisador para um nível de descoberta acima do comum. Estes níveis, por conseguinte, podem mudar o mundo onde vivemos, transformando conceitos nunca antes imaginados, alterando a vida cotidiana e se tornando extremamente comuns. Na década de 70, vídeoconferências eram simplesmente um conceito imaginado em contos de ficção científica em um mundo que se comunicava através de cabines telefônicas e orelhões propulsionados a fichas ou moedas. 

Há apenas 30 anos a internet era apenas um embrião do organismo multitentacular que penetra profundamente em nossas vidas, nos tornando aptos a resolver inúmeras coisas com apenas um comando, que ainda pode ser de voz, em nossos aparelhos de telefonia celular. Entretanto, a nossa imaginação às vezes pode ser limitada e retornamos novamente à busca de novas ideias e novas inspirações em objetos ou organismos já existentes. A natureza sempre foi e sempre será uma fonte riquíssima de inspiração para produtos de todos os tipos. 

Reza a lenda de que o velcro basicamente foi inspirado em plantas que agarravam nas calças como os famigerados picões. Analisando a estrutura molecular dos mesmos, imitações foram sendo desenvolvidas criando um sistema simplório e eficiente de conexão entre dois materiais. Entretanto, hoje o que chamamos de bioinspiração tem sido mais do que levado a sério em inúmeros países do mundo. 

Em alguns casos em que encontramos uma limitação de imaginação do pesquisador e também uma restrição para o uso de produtos naturais, a bioinspiração tem sido uma excelente solução. Como exemplo podemos citar a problemática encontrada por grupos de pesquisa em todo o mundo que encontram comumente possíveis produtos farmacológicos em plantas nativas.

Milhares de trabalhos anualmente são publicados por possíveis curas de doenças tecnicamente incuráveis em flores da Amazônia, folhas de plantas do Pantanal ou de alguma semente rara encontrada no deserto do Saara. Entretanto, poucos fármacos realmente ativos chegam ao mercado e a maioria das doenças continuam fazendo vítimas fatais, apesar das milagrosas descobertas. Isto acontece devido a uma enorme dificuldade em mimetizar os compostos destas plantas e transformá-los em um fármaco comercial estável, barato e reprodutível. 

Afinal, ninguém quer comprar um remédio que tem 50% de chance de funcionar. Neste ponto, entram os estudiosos em bioinpiração. Estes pesquisadores, em um primeiro passo, desvendam as peculiaridades dentro das moléculas de um organismo vivo, entendendo os pontos que podem ser relacionados a uma determinada atividade farmacológica. A partir daí o cientista começa a criar novas moléculas que contenham esta informação, mas que sejam mais baratas, estáveis e confiáveis.

Assim, cria-se um produto sintético baseado em um conhecimento natural. Basicamente uma molécula inovadora capaz de ser produzida em laboratório pode ser criada, mas com as propriedades que a natureza levou milhares de anos para criar. Neste sentido antibióticos, compostos ativos contra Alzheimer e outras doenças neurodegenrativas têm sido criados. Além disso nanoestruturas capazes de regenerar pele, órgãos e tecidos também têm sido recriados a partir de produtos naturais.

Desta forma podemos dizer que conhecimento é tudo. Juntar a sabedoria da natureza com conhecimento da humanidade tem sido uma arma potente contra males que afetam a humanidade. A ciência está vigilante ao nosso lado, atuando sabiamente para solucionar os problemas de nossa sociedade.

ARTIGOS

Caminhos da vida

01/03/2025 07h45

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A vida depende do caminhar de cada ser. Nesse caminhar, cada qual vai definindo seus desejos, seus planos e seus limites. Mesmo que não aceite certos deles, terá que respeitar o pensar e o agir dos demais. Nesse caminhar, haverá também uma exigência de constante purificação pessoal e social.

Nessa purificação, ninguém estará só. A humanidade estará solidária. O universo estará em comum tarefa. Tudo e todos caminharão para o eterno. Todos buscando o melhor para si. Mesmo que tenha que aceitar a contribuição dos demais, prefere enfrentar certas situações contando apenas com apenas suas forças.

Assim caminha o universo. Uns procurando caminhos. Outros se acomodando. Outros rejeitando soluções. E todos querendo uma definição. Todos buscando uma luz que lhes indique uma saída. Mesmo que não seja a mais segura, mas que seja plausível para o momento e para o fato que estaria necessitando.

Cautela! Prudência! Vigilância! Paciência! Esses são valores, são forças e são estratégias para quem esteja procurando construir o caminho que conduzirá ao Reino do céu. Justamente na Bíblia Sagrada é que encontramos tudo isso: em Lucas (Lc. 6,39-45).

Nessa passagem bíblica, encontramos diversas parábolas iluminando e clareando nossas incertezas e nossas vidas. Entre elas, destacamos aquela que revela o atrevimento do cego de querer conduzir outro cego. Possivelmente, no primeiro buraco, ambos cairão e se machucarão. Nesse caso, atrevimento, muitos poderão se ferir.

Esse atrevimento poderá encontrar coordenadores de movimentos, de comunidades de fé, coordenadores de grupos sociais. Atrevem-se a se mostrar seguros quando, na realidade, são atrevidos em suas iniciativas.
Mas certos momentos, ou certas iniciativas despertavam a ganância e aguçavam a vaidade. Queriam sempre mais. Muito difícil se contentar com o que lhe era passado. Mas o Mestre não perdia a oportunidade e mostrava claramente o lugar de cada um e o perigo de querer julgar.

O julgamento pertence só a Deus. Mas em toda parte existem os que se julguem suficientemente competentes a emitir sentenças e determinar rumos e efeitos. Então, o Mestre é muito claro ao afirmar que, “antes de tirar o cisco que há no olho de seu irmão, tire a trave que está no seu”.

Somente depois poderá analisar e ver qual atitude poderá tomar. Será oportuno lembrar que, quanto mais quisermos julgar os demais, mais difícil será reconhecer os erros pessoais. Antes de juízes, seria bem mais sensato nos colocarmos como réus. E a humildade revelará o quanto somos frágeis.

Creio que seja a hora de colocar a mão no coração, sentir seu pulsar e fazer com que pulse mais suave e mais moderado, revelando humildade, delicadeza e solidariedade. Pois já é hora de ter um coração mais sensível à dor humana e ao apelo de Deus a conclamar para um amor mais humano e mãos mais divinas.

Creio que já é hora de olhar a vida com mais ternura. Já é hora de agir com mais humildade, usando palavras mais justas, abraçando as causas mais verdadeiras e comungando os sentimentos mais divinos.

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ARTIGOS

Trump, imigração e a ONU

01/03/2025 07h15

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A política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo e controverso, especialmente com a retomada do mandato de Donald Trump. O discurso anti-imigração do presidente eleito tem gerado preocupações sobre os impactos na economia, na sociedade e nos direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem defendido a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis.

A política de Trump de deportação em massa e a construção de um muro na fronteira com o México são exemplos de como o discurso anti-imigração pode levar a medidas que violam os direitos humanos. A separação de famílias na fronteira e a restrição de entrada de cidadãos de determinados países também demonstram a priorização de barreiras nacionais e a exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Isso é contraditório com os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que asseguram que todos os indivíduos têm direitos inalienáveis, independentemente de nacionalidade, raça ou condição migratória.

A ONU defende que os imigrantes e refugiados têm direito a buscar asilo em outros países para fugir da perseguição e que devem ser tratados com dignidade e respeito. No entanto, as políticas de Trump têm enfraquecido esse direito, como a política de Remain in Mexico, que obrigava solicitantes de asilo a permanecerem no México enquanto aguardavam o processamento de seus pedidos. Isso os expunha a condições precárias e perigosas, em contradição com os padrões internacionais de proteção humanitária.

Além disso, a economia dos Estados Unidos depende da mão de obra imigrante. A chegada dos imigrantes na América do Norte em busca de oportunidades impulsionou a infraestrutura e a inovação do país, trazendo impactos positivos para a economia. Segundo o relatório Efeitos do Aumento da Imigração no Orçamento Federal e na Economia, divulgado pelo Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO), o aumento da imigração no país pode trazer mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), na inflação, nos juros e no orçamento dos EUA.

A mão de obra imigrante é um fator de dependência dos Estados Unidos. Com a escassez de mão de obra qualificada especialmente nas áreas de saúde, tecnologia e construção civil, os imigrantes assumem essas funções, desempenhando papéis fundamentais em diversos setores da economia. A agricultura, por exemplo, necessita de trabalhadores para manter o abastecimento interno e as exportações. Já na área da saúde, os imigrantes ocupam postos de enfermeiros, assistentes domiciliares e médicos.

Em resumo, a política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo que envolve direitos humanos, economia e sociedade. A ONU defende a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis. É fundamental que se encontre um equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a gestão da imigração para que se possa construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

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