Artigos e Opinião

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Venildo Trevizan: "O descanso"

Frei

Redação

08/07/2017 - 02h00
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Estamos necessitados de descanso e de sossego tanto do corpo quanto do espírito. Vivemos demasiadamente agitados e perturbados. Nossas ruas e nossas residências andam cercadas de ameaças e de violência. Até mesmo nossas fazendas e nossas lavouras estão perdendo o sossego e a tranqüilidade. Não há por onde andar sem ser molestados, ou assaltados. 

Dessa maneira todo o ser humano tem que redobrar a atenção, a prudência e a vigilância. Caso contrário enfrentará o desconforto de ver seu sossego e sua tranqüilidade massacradas e jogadas por terra. Os valores como a mansidão, a misericórdia, a harmonia e a paz de espírito ficarão na lembrança ou farão parte dos anseios a realizar.

Diante de tanta violência não há como viver seguro e tranqüilo. Afloram doenças estranhas deixando a pessoa perdida num mundo de tantas maravilhas e esperanças. A desconfiança passará a ser a companheira de todas as caminhadas. O medo será o alerta em todos os encontros com pessoas estranhas. A depressão será o refúgio para quem perdeu o equilíbrio de seus pensamentos e de seus projetos de vida.

E a vida estará permanentemente sob o medo de não conseguir realizar os tão belos sonhos projetados pela esperança e pelo amor abundante no coração. Quando menos espera vê diante de si uma arma apontada. E seus diplomas, seus títulos, sua posição social tornam-se reféns indefesos. Perde o poder, a dignidade e a própria honra. A violência supera a dignidade.

Estamos precisando um lugar para descansar. Estamos precisando um ambiente de paz. Estamos precisando sentir segurança e contentamento. Estamos precisando entrar nos caminhos de Deus. Somente ele poderá tranqüilizar as inquietudes. Somente ele poderá garantir a alegria. Somente ele poderá satisfazer as ansiedades.

Foi assim que o Mestre dos mestres revelou a generosidade e a disponibilidade em favor de todos quantos se encontram abatidos ou desanimados. Diz ele: “Venham a mim todos vocês que andam cansados e fatigados sob o peso dos fardos e eu lhes darei descanso” (Mt.11,28).

Muitos são os fardos que pesam nos ombros e na mente. São os fardos do medo de assumir alguma missão. São os fardos da insegurança em decidir pela fidelidade ao compromisso. São os fardos da responsabilidade com as tarefas assumidas. São os fardos das injustiças a serem denunciadas e corrigidas.
Sabemos que tudo irá continuar da mesma maneira como está. E poderá ser pior se não fizermos algo para melhorar. Com facilidade percebemos os erros e os fardos indesejáveis que andam por aí. Mas sempre esperamos que alguém tome a frente e resolva enquanto nós continuamos torcendo, mas à distância.

Só mesmo quando nos atinge diretamente despertamos e reclamamos. E ficamos nisso. E a humanidade continua ludibriada por idéias negativas, por dúvidas relacionadas a Deus, por desprezo ao sagrado, por abusos no poder e por mentiras e injustiças. 

Assim não poderá continuar. Precisamos levar a sério o convite do Mestre. Precisamos recuperar o ânimo e a coragem e transformar esse mundo paganizado em mundo civilizado.

ARTIGOS

Caminhos da vida

01/03/2025 07h45

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A vida depende do caminhar de cada ser. Nesse caminhar, cada qual vai definindo seus desejos, seus planos e seus limites. Mesmo que não aceite certos deles, terá que respeitar o pensar e o agir dos demais. Nesse caminhar, haverá também uma exigência de constante purificação pessoal e social.

Nessa purificação, ninguém estará só. A humanidade estará solidária. O universo estará em comum tarefa. Tudo e todos caminharão para o eterno. Todos buscando o melhor para si. Mesmo que tenha que aceitar a contribuição dos demais, prefere enfrentar certas situações contando apenas com apenas suas forças.

Assim caminha o universo. Uns procurando caminhos. Outros se acomodando. Outros rejeitando soluções. E todos querendo uma definição. Todos buscando uma luz que lhes indique uma saída. Mesmo que não seja a mais segura, mas que seja plausível para o momento e para o fato que estaria necessitando.

Cautela! Prudência! Vigilância! Paciência! Esses são valores, são forças e são estratégias para quem esteja procurando construir o caminho que conduzirá ao Reino do céu. Justamente na Bíblia Sagrada é que encontramos tudo isso: em Lucas (Lc. 6,39-45).

Nessa passagem bíblica, encontramos diversas parábolas iluminando e clareando nossas incertezas e nossas vidas. Entre elas, destacamos aquela que revela o atrevimento do cego de querer conduzir outro cego. Possivelmente, no primeiro buraco, ambos cairão e se machucarão. Nesse caso, atrevimento, muitos poderão se ferir.

Esse atrevimento poderá encontrar coordenadores de movimentos, de comunidades de fé, coordenadores de grupos sociais. Atrevem-se a se mostrar seguros quando, na realidade, são atrevidos em suas iniciativas.
Mas certos momentos, ou certas iniciativas despertavam a ganância e aguçavam a vaidade. Queriam sempre mais. Muito difícil se contentar com o que lhe era passado. Mas o Mestre não perdia a oportunidade e mostrava claramente o lugar de cada um e o perigo de querer julgar.

O julgamento pertence só a Deus. Mas em toda parte existem os que se julguem suficientemente competentes a emitir sentenças e determinar rumos e efeitos. Então, o Mestre é muito claro ao afirmar que, “antes de tirar o cisco que há no olho de seu irmão, tire a trave que está no seu”.

Somente depois poderá analisar e ver qual atitude poderá tomar. Será oportuno lembrar que, quanto mais quisermos julgar os demais, mais difícil será reconhecer os erros pessoais. Antes de juízes, seria bem mais sensato nos colocarmos como réus. E a humildade revelará o quanto somos frágeis.

Creio que seja a hora de colocar a mão no coração, sentir seu pulsar e fazer com que pulse mais suave e mais moderado, revelando humildade, delicadeza e solidariedade. Pois já é hora de ter um coração mais sensível à dor humana e ao apelo de Deus a conclamar para um amor mais humano e mãos mais divinas.

Creio que já é hora de olhar a vida com mais ternura. Já é hora de agir com mais humildade, usando palavras mais justas, abraçando as causas mais verdadeiras e comungando os sentimentos mais divinos.

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Trump, imigração e a ONU

01/03/2025 07h15

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A política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo e controverso, especialmente com a retomada do mandato de Donald Trump. O discurso anti-imigração do presidente eleito tem gerado preocupações sobre os impactos na economia, na sociedade e nos direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem defendido a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis.

A política de Trump de deportação em massa e a construção de um muro na fronteira com o México são exemplos de como o discurso anti-imigração pode levar a medidas que violam os direitos humanos. A separação de famílias na fronteira e a restrição de entrada de cidadãos de determinados países também demonstram a priorização de barreiras nacionais e a exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Isso é contraditório com os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que asseguram que todos os indivíduos têm direitos inalienáveis, independentemente de nacionalidade, raça ou condição migratória.

A ONU defende que os imigrantes e refugiados têm direito a buscar asilo em outros países para fugir da perseguição e que devem ser tratados com dignidade e respeito. No entanto, as políticas de Trump têm enfraquecido esse direito, como a política de Remain in Mexico, que obrigava solicitantes de asilo a permanecerem no México enquanto aguardavam o processamento de seus pedidos. Isso os expunha a condições precárias e perigosas, em contradição com os padrões internacionais de proteção humanitária.

Além disso, a economia dos Estados Unidos depende da mão de obra imigrante. A chegada dos imigrantes na América do Norte em busca de oportunidades impulsionou a infraestrutura e a inovação do país, trazendo impactos positivos para a economia. Segundo o relatório Efeitos do Aumento da Imigração no Orçamento Federal e na Economia, divulgado pelo Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO), o aumento da imigração no país pode trazer mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), na inflação, nos juros e no orçamento dos EUA.

A mão de obra imigrante é um fator de dependência dos Estados Unidos. Com a escassez de mão de obra qualificada especialmente nas áreas de saúde, tecnologia e construção civil, os imigrantes assumem essas funções, desempenhando papéis fundamentais em diversos setores da economia. A agricultura, por exemplo, necessita de trabalhadores para manter o abastecimento interno e as exportações. Já na área da saúde, os imigrantes ocupam postos de enfermeiros, assistentes domiciliares e médicos.

Em resumo, a política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo que envolve direitos humanos, economia e sociedade. A ONU defende a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis. É fundamental que se encontre um equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a gestão da imigração para que se possa construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

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