MICHELLE ROSSI
Auditoria realizada na Fundação Nacional do Índio (Funai), em Campo Grande, apontou desvios de recursos praticadas pela coordenação do órgão. As ilegalidades foram encontradas durante “varredura” promovida pela Fundação de Brasília (DF) em abril deste ano. Entre irregularidades encontradas estão o sumiço de vários produtos, como brinquedos, roupas, equipamentos de informática e eletrônicos. Também há evidências do desvio de combustível e até dos pneus usados dos veículos oficiais
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O diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado, Juracy Almeida Andrade, informa que o dossiê contendo todos os problemas encontrados na auditoria já foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF). A entidade encaminhará na próxima semana documento também ao governador André Puccinelli (PMDB) e à Ordem do Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB/MS) cobrando providências.
“Há notas fiscais de pagamento de combustível com valores que ultrapassam a capacidade dos tanques dos carros; pneus em excesso que foram comprados e não se sabe para quê — e também não foram localizados; equipamentos que deveriam estar na sede da Funai em Campo Grande, mas que não foram encontrados, como dois telefones globalstar que operam via satélite e assim têm sinal em qualquer lugar. Isso só para citar algumas questões”, afirma Juracy Almeida.
A auditoria apontou ainda sumiço de vários produtos. São materiais que deveriam ser distribuídos às comunidades indígenas ou para uso da Funai que não foram localizados, como roupas, brinquedos e itens de informática. Tratam-se de produtos de apreensão da Receita Federal que deveriam ter sido entregues aos índios.
Consta ainda outra doação da Receita Federal, em 2009, de quatro notebooks e 11 máquinas fotográficas digitais para uso da coordenação em Campo Grande, que estão desaparecidos até o momento. No relatório há justificativas de funcionários para o sumiço dos equipamentos de que diante de rumores de invasão da coordenação da Funai, “alguém” teria levado os computadores e as máquinas para casa, a fim de proteger o patrimônio — que nunca mais foi visto.
Providências
Os servidores temem que a Funai seja fechada na Capital por conta do descaso da presidência em Brasília que há um ano não nomeia coordenador titular para a cidade, o que segundo os funcionários, facilita a corrupção no local. Juracy Almeida disse que foram realizadas várias tentativas de contato com a presidência da Funai em Brasília, desde 2009. “Nunca tivemos resposta do Márcio Meira (presidente da Funai). Parece que ele desconhece que Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do Brasil”, reclama.
Em Mato Grosso do Sul, vivem atualmente 67.574 mil índios, distribuídos em 75 aldeias na zona rural de 29 municípios, além daqueles que vivem nas cidades. O Amazonas é o estado com a maior concentração indígena.