Cidades

TRANSPORTE

Aumento da gasolina faz população recorrer à bicicleta

Entre os anos de 2017 e 2021 houve um crescimento de 10,4 km da malha cicloviária da Capital, o que corresponde a 11% dos 94 km das atuais ciclofaixas

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A cultura das bicicletas se consolida cada vez mais em Campo Grande. De lazer a principal meio de transporte, o uso das bikes ganhou ainda mais adeptos no atual cenário econômico no País, que passa por uma alta histórica no preço dos combustíveis.

Na Capital, o litro da gasolina é comercializado pelo preço médio de R$ 6,99, variando de R$ 6,87 a R$ 7,29, conforme dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Ao Correio do Estado, o jornalista Alex Nantes relatou que, com o valor alto do combustível, decidiu utilizar a bicicleta como seu principal meio de locomoção.

“O meu trabalho é longe da minha casa e eu teria que abastecer diversas vezes durante o mês, acarretando um gasto excessivo em comparação com o meu salário. Quando mudei de emprego, decidi comprar uma bicicleta melhor, parcelei o valor e está saindo muito mais em conta do que colocar a gasolina no carro”, explicou.

Dados da Prefeitura de Campo Grande apontam que, entre os anos de 2017 e 2021, houve um crescimento de 10,4 km da malha cicloviária, o que corresponde a 11% dos 94 km das ciclofaixas existentes.

Conforme a conselheira da União dos Ciclistas do Brasil pelo Centro-Oeste e membro do coletivo Bici nos Planos Campo Grande, Cintia Possas, o aumento de adeptos a transportes mais sustentáveis e, principalmente, à bicicleta, que cresceu durante a pandemia de Covid-19, vem se fortalecendo em razão do preço da gasolina.

Segundo Cintia, pelo transporte coletivo não ser seguro durante a pandemia, algumas cidades e capitais desenvolveram ciclorrotas temporárias – sinalização e segmentação no trânsito para que as pessoas transitassem sem o risco de contágio por coronavírus dentro dos ônibus.  

“E agora, apenas observando as ciclovias e conversando com os ciclistas, percebemos um aumento do número de pessoas que aderiram à bicicleta pela economia do combustível”, salientou Cintia.  

ESTRUTURA

Alex relatou que para ir ao trabalho precisa se locomover por ruas que não contam com sinalização adequada para os ciclistas. 

“Passo nervoso diariamente. Preciso passar pela [Avenida] Bandeirantes, por exemplo, que é uma via em que os motoristas não nos respeitam e acabam fazendo com que o espaço para o trânsito das bicicletas fique estreito”, pontuou.  

Outra rota utilizada pelo jornalista é a ciclovia da Afonso Pena, que, mesmo sendo uma opção melhor, ainda conta com buracos e sinalização precária. “Já presenciei diversos acidentes, e, muitas vezes, os motoristas furam os sinais e colocam nossas vidas em risco”, disse.  

Conforme a última atualização do Plano Diretor de Campo Grande, a interligação das ciclovias da Capital deve acontecer até 2048. Em 2021, a vereadora Camila Jara (PT) conquistou a destinação de emendas federais para requalificação da malha cicloviária em quatro pontos da cidade.  

Com o projeto, foi confirmada a disponibilidade de cerca de R$ 4,5 milhões para a requalificação da malha cicloviária da região central e interligação da malha cicloviária entre as avenidas Ernesto Geisel, Tamandaré, Euler de Azevedo, Duque de Caxias e Costa e Silva.

Em relação aos prazos para ampliação da malha cicloviária, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

PESO NO BOLSO

Desde março, a Uber reajustou em 6,5% o preço das corridas no Brasil. A medida foi executada pela plataforma de transporte como uma resposta ao maior gasto dos motoristas com gasolina.

Na Capital, a cirurgiã-dentista Caroline Calves relatou que, nas últimas semanas, já foi possível notar o preço elevado das corridas feitas no mesmo trajeto. 

“Antes do aumento dos combustíveis, para eu me deslocar até a clínica onde eu trabalho pagava em média R$ 9. Hoje, eu não encontro motoristas por menos de R$ 19”, disse.  

Caroline salientou que está cada vez mais difícil encontrar alternativas para o transporte. “Está complicado porque comprar um veículo hoje em dia está completamente inacessível, e a Uber, que era uma alternativa para uma locomoção mais em conta, está pesando cada vez mais no bolso”, afirmou.

Um motorista de aplicativo, que preferiu não se identificar, relatou que o trabalho nas plataformas está cada vez mais difícil. 

“O preço aumentou para o cliente e, hoje em dia, quem pode usar a bicicleta, por exemplo, ou até mesmo o ônibus está indo por esse caminho. Nós temos um pico de atendimento no começo do mês, quando as pessoas recebem, e depois do dia 10 o movimento cai bastante, o que não costumava acontecer”, afirmou. (Colaboraram Valesca Consolaro e Súzan Benites)

PERFIL DOS CICLISTAS

Conforme levantamento do coletivo Bici nos Planos feito em 2021, 80,5% dos ciclistas entrevistados usam a bicicleta para o deslocamento até o trabalho em Campo Grande. Entre os motivos para adesão à bike, 36,6% dos ciclistas relataram que o custo foi o principal fator para o abandono dos veículos. 

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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