Fotos: Sílvio Andrade
A terceira noite de folia do Carnaval Cultural de Corumbá foi especial e teve como destaque o tradicional bloco de sujos Cibalena que, há 35 anos, arrasta foliões de todas as idades para a Rua Frei Mariano e Avenida General Rondon, transformadas na Passarela do Samba. Este ano não foi diferente. O bloco foi para as ruas e animou uma multidão. Conforme informações do comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar de Corumbá-MS, tenente-coronel, Joilson Queiroz Sant’Ana, o bloco levou cerca de 30 mil foliões à avenida.
Tradicional por sua irreverência, já que homens se vestem de mulher e as mulheres se vestem de homens ou outras fantasias, o Cibalena promove uma brincadeira sadia, popular, democrática e contagiante. O nome, segundo o presidente do bloco Erasmo Ferreira Neves, se deve ao seu Manduca, que trabalhava em uma oficina na Rua América com a Cáceres.
“Em frente havia um barzinho. Como ele gostava de uma pinguinha, sempre pedia uma dose dizendo ‘me dá uma cibalena'. Num dia, época de carnaval, ele e um amigo pensaram em formar um bloco. Faltava o nome. Com o copo na mão, não pensou duas vezes: ‘cibalena”, comenta Erasmo, ao lembrar que, no início, no máximo 15 pessoas desciam para a avenida, “agora é uma tradição, não vai acabar nunca”, comemorou o presidente.
De tudo um pouco
Entre os foliões, os personagens são os mais diversos, conhecidos de todos como o Chaves e a Chiquinha, além de figuras como a diabinha, ursinha, e a enfermeira.
Vânia a ‘Pantera’, como ela mesma quis se identificar, que participa dessa folia há sete anos, escolhe sua fantasia com tempo e segue a moda. “No começo eu saía de homem, mas com o passar dos anos, fui adaptando e hoje começo a decidir de que vou sair com uma semana de antecedência para ver o que é tendência e adaptar ao meu gosto e ao meu bolso”, revela.
Sabrina da Silva, que estava de mulher gato, diz que o legal é ver que os homens aceitam essa troca. “A verdade mesmo é que eles querem sentir como é ser mulher por um dia, afinal todos os homens têm uma mulher dentro deles. O único problema é se eles gostarem!”, brinca.
E o Cibalena não se resume apenas em descer a avenida. Na concentração é realizado um desfile para escolha da "Musa do Cibalena", em um palco improvisado na carroceria de uma carreta, com direito a corpo de jurado. Oito candidatos participaram este ano e cinco foram premiados com troféus. Em quinto lugar ficou Elias, a grávida; em quarto lugar a Dançarina do Ventre; em terceiro a Diabinha; em segundo ficou a Tia Nana, e quem arrebatou o primeiro lugar foi a Carmem Miranda que vence a prova pela segunda vez consecutiva.
Por trás da fantasia de Carmem Miranda se encontra o seu Messias Maciel Siqueira, 70 anos, que com muita energia e alegria resolveu homenagear essa grande atriz. “Participo do bloco há mais de 30 anos e como tenho uma fixação por Carmem Miranda, esse ano escolhi e caprichei no meu visual para mostrar ‘O que é que a baiana tem’ sem contar que não posso esquecer as pessoas que ajudam a me arrumar”, disse Messias ‘Carmem Miranda’ Maciel.