Cidades

MATO GROSSO DO SUL

Bloqueio 'sem terra' surte efeito e garante reunião em prol da Reforma Agrária

Entidades buscam agenda com representantes nacionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Incra, com proposta de audiência para o próximo dia 19

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Após nova ação de bloqueio nas primeiras horas da manhã de hoje (30) em Campo Grande, entidades e grupos organizados em busca da reforma agrária em Mato Grosso do Sul receberam um retorno e promessa de uma reunião, o que foi suficiente para desobstruir o trecho na saída da Capital para São Paulo obstruído nesta quarta-feira. 

Agora, depois do princípio de congestionamento causado na rodovia BR-163 na Capital, o grupo que manifesta pela reforma agrária migrou do trecho mobilizado de volta para a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). 

Conforme repassado pela organização regional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra do MS e superintendência local do Incra, a reunião com representante nacional da direção do Incra está marcada para o fim da tarde desta quarta-feira. 

Cabe apontar que a pauta dos "sem terra" é considerada pelos seus integrantes como uma "luta unitária", envolvendo não somente o MST - apesar da maior popularidade do Movimento -, mas também a União Geral (UGT); Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e as Ligas Camponesas e Urbanas do País (LCU-BR), por exemplo, entre outras. 

O bloqueio com fechamento em ambos os sentidos da 163, em Campo Grande, foi desfeito antes do fim da manhã, com a chegada das forças policiais e emprego de retroescavadeiras para retirada dos materiais inflamáveis. 

Como esse bloqueio contou com a queima de galhos e pneus, para impedir a passagem dos veículos, o Corpo de Bombeiros foi acionado e fez a limpeza da pista e o rescaldo do trecho. 

Durante agenda na manhã de hoje, para lançamento da plataforma MS Qualifica Digital, Eduardo Riedel afirmou ser contra o bloqueio e que não deixará os entraves nas negociações entre os "sem terra" e o Governo Federal impactar a vida dos demais sul-mato-grossenses. 

"É inaceitável hoje ter uma rodovia federal com 10 quilômetros de engarrafamento, carga; aluno e ambulância parada. Isso nós não vamos permitir. Invasão de propriedade privada, nós não vamos permitir. Não tem nada a ver com a agenda e a pauta da reforma agrária", disse Eduardo Riedel. 

Busca por reforma

Zeca MSTZeca do MST. Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

Aos 42 anos, sendo 26 de luta pela terra, o integrante da coordenação estadual do MST em Mato Grosso do Sul lembra que o Movimento aguardava por uma vaga na agenda do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e do presidente do Incra, César Fernando. 

Zeca reforça que ainda não foi possível conciliar essas agendas, porém haverá hoje a reunião nacional do Instituto, com uma proposta de que uma audiência seja marcada ainda para o dia 19 de maio. 

Ele indica que o Movimento não conseguiria segurar os bloqueios por muito tempo, com o intuito inicial sendo a manutenção da ocupação do Incra em Campo Grande, principalmente dos excessos sentidos pelo Movimento por parte dos braços do Governo do Estado. 

"Desde quando nós ocupamos a fazenda da JBS em Dourados, houve um excesso muito grande por parte do governo do estado... acabou nessa questão da intimidação do nosso povo e desde lá o tensionamento vem grande", diz Zeca. 

Nesse movimento unitário de diversas entidades, as reivindicações são as mesmas, com os grupos em busca não somente de um pedaço de terra, mas também de: 

  • Pequenas agroindústrias;
  • Subsídios para produção alimentar;
  • Investimentos em pequenas máquinas agrícolas;
  • Viveiros de árvores;
  • Fábricas de bioinsumos;
  • Escolas no campo;
  • Educação com PRONERA. 

O que diz o governo

Mato Grosso do Sul conta com cerca de 13 mil famílias acampadas, na fila por um pedaço de terra, sendo que a possibilidade de novos bloqueios vai depender da avaliação nacional dos resultados dessas tratativas que devem se desenrolar dentro dos próximos 20 dias. 

Para o governador do Estado, o chamado "abril Vermelho" é somente um movimento de reivindicação para reforma agrária, que por sua vez é uma política do governo federal. 

"Então, se não está acontecendo... essa é uma discussão que tem que ser tratada com o Governo Federal. O MST é uma instituição que usa de alguns métodos para poder provocar o diálogo, no caso com o governo federal, que nós não vamos aceitar aqui no estado porque impacta a vida de outras pessoa", afirmou Riedel. 

Diante disso, o governador é categórico em dizer que, se o movimento não consegue conversar com o governo federal, é necessário buscar outros caminhos, pois segundo Riedel os bloqueios não são uma medida aceitável. 

Eduardo Riedel faz questão de justificar, que o emprego das forças estaduais no desbloqueio hoje se deu após pedido vinda da Polícia Rodoviária Federal (PRF). 

"De maneira muito tranquila, nós estamos fazendo a manutenção da ordem. O Governo do Estado não pode ir lá e tomar uma medida por deliberação própria. Quem pediu apoio pra gente ir lá tirar foi a PRF... é uma ordem do Governo Federal", completou. 

Relembre

Nas primeiras horas de sábado (26), o grupo de cerca de trezentos integrantes das famílias do MST começaram uma ampliação do Acampamento Esperança, localizado à beira da rodovia MS-379, onde cerca de 270 famílias vivem há cerca de dois anos.   

Com a movimentação de sábado houve cerco policial ao acampamento ainda na primeira noite de ocupação, com o grupo acuado ao serem vigiado por drones e visitado por agentes, que diziam que a partir de domingo (27) haveria ação de desocupação, tendo dois trechos de acesso pela rodovia bloqueados. 

Imagens feitas do local da ocupação, que circulam pelas redes sociais, mostravam ônibus da Polícia Militar junto de caminhões, viaturas e escavadeiras que trancaram o acesso da rodovia. 

Na manhã de domingo, equipes da Polícia Militar, Tropa de Choque e Departamento de Operações Especiais da Fronteira (DOF) começaram a ação de despejo, que terminou no uso de disparos de bombas de efeito moral. 

A negociação aconteceu após chegada de integrantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que ajudaram a apaziguar os ânimos. 

Segundo o Governo Federal, a área é alvo de negociação com a empresa proprietária, com o intuito de destinar a terra improdutiva há mais de uma década para a Reforma Agrária. 

Segundo o MST, pelo menos três incêndios criminosos atingiram a área de famílias assentadas em 2024, como o caso que aconteceu na noite de 03 de agosto do ano passado, quando fazendeiros incendiaram os arredores do acampamento Esperança. 
**(Colaborou Naiara Camargo)

 

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CUIDADO

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Agência emitiu alerta sobre compra e consumo desses medicamentos

21/12/2025 22h00

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas Divulgação

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Popularizadas por influenciadores e celebridades, as chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, vêm sendo cada vez mais buscadas por pessoas que desejam emagrecer de forma rápida, muitas vezes sem orientação médica e sem nenhum critério.

Diante da procura desenfreada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a compra e consumo desses medicamentos. Segundo a Anvisa, a venda e o uso de canetas emagrecedoras falsas representam um sério risco à saúde e é considerado um crime hediondo no país.

A farmacêutica Natally Rosa esclarece que o uso de versões manipuladas ou de origem desconhecida é uma prática perigosa.

"Uma pessoa que ela se submete, que ela é exposta ao uso de um medicamento fora dessas regulamentações, os riscos dela, com certeza, estão exacerbados. Desde a ausência de uma resposta ideal, como as contaminantes."

A farmacêutica destaca o que observar na embalagem e no produto para conferir sua autenticidade:

"Temos alguns sinais. A própria embalagem já chama a atenção, já que as bulas são de fácil acesso na internet. Então, qual é a apresentação física dessa embalagem? De que forma que ela se apresenta? Como está o rótulo? O rótulo está no idioma do Brasil? Do nosso idioma aqui? Não deve estar em outras línguas, por exemplo. Existe lote e validade de fácil acesso? Você consegue identificar? A leitura, a descrição do medicamento, o princípio ativo, ela precisa estar bem legível. Todas as informações precisam estar bem claras."

Ela também chama a atenção para valores: preços muito abaixo do praticado no mercado são sinal de alerta grave. O medicamento só é vendido com apresentação e retenção da receita médica.

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BRASIL

Dilma será indenizada por tortura física e psicológica na ditadura

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

21/12/2025 21h00

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências Comissão da Verdade/Divulgação

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A ex-presidente Dilma Rousseff receberá, da União, uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, em razão de perseguição política e tortura durante a ditadura militar no Brasil. A decisão foi proferida na última quinta-feira (18) pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que também determinou o pagamento de uma reparação econômica mensal, em razão da demissão que ela sofreu na época.

O relator do caso, desembargador federal João Carlos Mayer Soares, afirmou que os atos praticados pelo Estado caracterizam grave violação de direitos fundamentais e ensejam reparação por danos morais.

“Foi evidenciada a submissão [de Dilma] a reiterados e prolongados atos de perseguição política durante o regime militar, incluindo prisões ilegais e práticas sistemáticas de tortura física e psicológica, perpetradas por agentes estatais, com repercussões permanentes sobre sua integridade física e psíquica”, diz Soares.

Ao longo dos anos, a ex-presidente deu diversos depoimentos sobre os interrogatórios violentos que sofreu. A tortura contra Dilma incluiu choques elétricos, pau de arara, palmatória, afogamento, nudez e privação de alimentos, que levaram a hemorragias, perda de dentes, entre outras consequências de saúde.

Dilma Rousseff foi presa em 1970, aos 22 anos, e passou quase três anos detida, respondendo a diversos inquéritos em órgãos militares em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Após deixar a prisão, Dilma mudou-se para o Rio Grande do Sul e, em 1975, começou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado.

Ela continuou sendo monitorada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) até o final de 1988 e perseguida por seu posicionamento político de críticas e oposição ao governo militar. Em 1977, o ministro do Exército à época, Silvio Frota, divulgou uma lista do que chamou de “comunistas infiltrados no governo”, que incluía o nome de Dilma, o que acarretou na sua demissão.

De acordo com o desembargador federal, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, a ser paga pela União, deve ser calculada de modo a refletir a remuneração que receberia caso não tivesse sido alvo de perseguição política.

Anistia política

Em maio desse ano, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu a anistia política à Dilma Rousseff e também fez um pedido de desculpas pelos atos perpetrados pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Para o colegiado, ficou comprovado que o afastamento de Dilma de suas atividades remuneradas, à época, ocorreu por motivação exclusivamente política.

Então, foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de reparação econômica, em parcela única, que é o teto de pagamento previsto na Constituição para esses casos.

Entretanto, para a 6ª Turma do TRF1, é assegurada a prestação mensal, permanente e continuada aos anistiados que comprovem o vínculo com atividade laboral à época da perseguição política, “ficando prejudicada a prestação única anteriormente concedida na esfera administrativa”.

Após a redemocratização de 1988, a ex-presidente também teve a condição de anistiada política reconhecida e declarada por quatro comissões estaduais de anistia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo outras reparações econômicas simbólicas.

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