Cidades

DISPUTA JUDICIAL

Cachaça Havana luta por direito ao próprio nome

Cachaça Havana luta por direito ao próprio nome

ESTADÃO

14/02/2011 - 01h19
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Uma das disputas sobre marcas de maior repercussão no País completou dez anos sem perspectivas de um acordo. A briga que opõe uma fabricante internacional de rum e a família que produz a mais famosa aguardente artesanal mineira foi parar nos tribunais depois que, em 31 de janeiro de 2001, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) arquivou o pedido de registro da cachaça Havana.

A decisão obrigou a pequena indústria de aguardente a alterar o nome nos rótulos, já que a marca havia sido registrada pela Havana Club Holding S/A, do rum Havana Club. Em outubro de 2005, os herdeiros de Anísio Santiago - que em 1943 iniciou a produção da cachaça Havana, na fazenda de mesmo nome, localizada na Serra dos Bois, em Salinas, no norte de Minas - conseguiram reaver o nome por meio de liminar, mas agora lutam para ter a marca em definitivo.

"Está fazendo dez anos, a gente esperava que já tivesse uma solução", reclama João Ramos, genro de Anísio Santiago, que morreu em dezembro de 2002, aos 90 anos. Segundo familiares, ele faleceu extremamente desgostoso com a perda da marca, tanto que pediu que colocassem fogo em todos os rótulos da Havana.

Na tentativa de conseguir reverter a decisão do Inpi, herdeiros de Anísio pediram ajuda a políticos do Estado. No início do governo Lula, o ex-vice-presidente José Alencar - cuja família também é produtora de cachaça - encaminhou carta à direção do instituto. No ano passado, Ramos fez um apelo à então candidata Dilma Rousseff quando, durante a campanha, ela visitou Montes Claros, cidade vizinha a Salinas. No fim de 2010, ele participou de uma audiência em Brasília com o ex-ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. "A gente tem buscado apoios, mas tem sido uma luta inglória. Por que outros países defendem os seus produtos, a França defende seus vinhos, seus queijos, e nós não defendemos a nossa cachaça?", questiona.

"Avana"

A liminar concedida pela Comarca do município à Indústria e Comércio de Aguardentes Havana foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O processo de dez volumes foi remetido em 2008 para a 8.ª Vara Federal de Belo Horizonte e aguarda sentença desde junho. Figuram como réus o Inpi e a Havana Club Holding.

Para encerrar o litígio judicial, a fabricante do Havana Club chegou a fazer uma proposta para a família Santiago: eles poderiam manter o nome, desde que sem o H (Avana), além de ficarem impedidos de exportar o produto. "Isso é uma indecência", desabafa Osvaldo Santiago, um dos sete filhos de Anísio, que tomou a frente da produção desde a morte do pai. Oswaldo, de 66 anos, é o principal fiador das tradições da cachaça mineira. Embora hoje a empresa tenha dois produtos - a Anísio Santiago (devidamente registrada) e a Havana -, a produção continua limitada. Por ano, a empresa fabrica de 12 a 15 mil litros de cachaça, o que garante os altos preços.

A fazenda Havana possui apenas dez funcionários envolvidos na produção. Eles ainda recebem garrafas da cachaça como bônus salarial. "Enquanto eu estiver no comando, vai continuar do jeito que está. Não compensa, porque se (a produção) aumentar, não teremos como atender aos pedidos", diz Oswaldo. "Onde tem oferta, a tendência do preço é cair. Quando tem procura, a tendência é subir."

Em Salinas, ponto de partida da comercialização, a garrafa de 600 ml da Havana (segundo os produtores, rótulo usado nas cachaças mais envelhecidas) é vendida por R$ 380. Já a Anísio Santiago não sai por menos de R$ 180. Nos principais centros urbanos do País ou mesmo em cidades do interior, o preço costuma ser bem mais salgado.

Anualmente, diz Ramos, são comercializadas em torno de 10 mil garrafas, das quais cerca de 2 mil a 3 mil são da Havana. Apesar da preocupação manifestada pela Havana Club, a cachaça mineira não é vendida em outros países. "Há algumas pessoas que levam, mas a gente não tem esse mercado", observa. "No futuro, quem sabe um dia algum neto, algum bisneto, algum tetraneto nosso resolva investir nisso."

Patrimônio

A declaração de Ramos mostra que os atuais herdeiros encaram a produção da aguardente como uma tradição familiar e uma forma de preservar a memória do patriarca. "Nós mantemos a mesma estrutura do seu Anísio. Nossa preocupação não é muito financeira, é mais manter o patrimônio moral dele. Cada um toca a sua vida normalmente, mantendo seus negócios, suas coisas", diz.

O faturamento da pequena indústria é mantido em sigilo. Oswaldo garante que o negócio não é capaz de sustentar os sete irmãos - cinco homens e duas mulheres. "Uns mexem com fazenda, outros trabalham como funcionários públicos, outro já está aposentado. Se for para todos viverem em função dela, aí vai ter de vender muita cachaça."

É justamente o que não deseja o produtor, que costuma atender empresários de outros Estados na portaria da fazenda. Os clientes chegam com a esperança de levar caixas do produto, mas só levam algumas garrafas. "Eles querem toda semana e a gente entrega de 60 em 60 dias."
 

Cidades

Em 14h, chuva de 181 mm derruba pontes em Paranhos

Água tranbordou em pontos do município na zona rural e na zona urbana

13/12/2025 10h30

Reprodução

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Um forte temporal atingiu a região de Paranhos, a 462 km de Campo Grande, e deixou um rastro de destruição no município ao longo da última sexta-feira (12).

Conforme registrado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a região de Paranhos registrou, entre as 4h e as 18h de ontem, uma precipitação acumulada de 181,6 mm.

Queda de pontes

A intensidade das chuvas causou a queda da ponte de madeira que passa sobre o Rio Destino e dava acesso ao Assentamento Beira Rio e às aldeias Ypo`i e Sete Cerros na zona rural do município.

Em outro ponto do mesmo rio, uma ponte de concreto foi completamente carregada pelas águas. A estrutura dava acesso à Fazenda Itapuã e ao Assentamento Vicente de Paula e Silva.

Para acessar a cidade, moradores de ambas as regiões afetadas pela queda das pontes terão dar a volta pela Rodovia MS-165, pela linha internacional que separa Brasil e Paraguai.

Água transbordou

Com o grande volume de chuva, o Rio Iguatemi chegou a transbordar encobrindo uma ponte, na altura que liga a cidade de Paranhos a Rodovia MS-156, entre Amambai e Tacuru,

Outra inundação ocorreu na zona urbana de Paranhos, onde o Lago Municipal encheu por completo.

Veja os registros dos estragos:

Vídeo: Reprodução/A Gazeta News 

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Cantor que passou mal antes do show é submetido a cirurgia cardíaca

Clemente Nascimento, pioneiro na cena do punk brasileiro, passou pelo procedimento nesta sexta-feira (12), na Santa Casa de Campo Grande

13/12/2025 09h54

Clemente Nascimento, das bandas Inocentes e Plebe Rude, teve um mal-estar momentos antes de subir ao palco no Bosque Expo

Clemente Nascimento, das bandas Inocentes e Plebe Rude, teve um mal-estar momentos antes de subir ao palco no Bosque Expo Reprodução Instagram

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O ícone do punk rock nacional, Clemente Nascimento, passou mal momentos antes do show e, na tarde de sexta-feira (12), precisou passar por uma cirurgia cardíaca na Santa Casa de Campo Grande.

O cantor e guitarrista das bandas Inocentes e Plebe Rude iria se apresentar no dia 11 de dezembro, quando sofreu um mal-estar e precisou receber atendimento médico.

O organizador do evento destacou o artista, de 62 anos, como a principal atração musical, que ocorreria no Bosque Expo, no Shopping Bosque dos Ipês.

Por meio de nota nas redes sociais, a família comunicou que Clemente Nascimento passou por uma cirurgia complexa no coração e estava em recuperação.

Confira a nota:

“A família Nascimento, o Inocentes e a Plebe Rude informam que, na noite de ontem, 11/12, em Campo Grande (MS), momentos antes de um show, Clemente Nascimento sentiu um mal-estar e precisou ser internado na Santa Casa da cidade.

Clemente foi submetido, durante a tarde de hoje, a uma cirurgia de emergência complexa no coração e está em recuperação.”
 

 

 

 

Referência no cenário punk

Um dos ícones da cena musical do punk e do rock brasileiro, Clemente Nascimento iniciou, em 1981, sua trajetória com os Inocentes, banda que teve papel importante na consolidação do gênero no país.

Em 2004, passou a integrar a banda Plebe Rude, que surgiu em Brasília na década de 1980, período efervescente que marcou vários outros nomes da música brasileira.
 

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