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Concorrência

Caixa adota concorrência pública
para emprestar dinheiro do FGTS

Caixa adota concorrência pública
para emprestar dinheiro do FGTS

Folhapress

07/03/2018 - 08h54
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Após a descoberta de um esquema de pagamento de propina em troca da liberação de valores bilionários para grandes empresas, a Caixa Econômica Federal decidiu abrir concorrência pública para definir quem recebe o dinheiro da carteira administrada do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Na prática, isso significa que o processo de escolha da empresa contemplada com os recursos, antes restrito aos gabinetes da Caixa, passará a ser público.

A promessa do banco é que, com o novo sistema, só os melhores projetos vão receber o dinheiro do trabalhador e que haverá transparência nas negociações.

A medida, que deve entrar em vigor até o fim de março, é uma tentativa da Caixa de virar a página da Operação Lava Jato, que revelou o esquema de corrupção.

O chamamento público funciona como um pregão. Vence quem dá o melhor lance e todas as propostas são públicas. Em tese, isso tornaria mais difícil o favorecimento de empresas com acesso direto a executivos da Caixa ou a políticos que costumam fazer indicações para os cargos de chefia no banco.

O ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto contou em sua delação premiada que os esquemas atingiram tanto a carteira administrada do FGTS quanto a do FI-FGTS, fundo administrado pela Caixa com recursos do trabalhador e destina recursos a projetos de infraestrutura.

Foram essas revelações que levaram o TCU (Tribunal de Contas da União) a abrir uma auditoria nos investimentos feitos pela Caixa com recursos da carteira do FGTS. O caso será julgado pelo tribunal nesta quarta-feira (7).

Investimentos de R$ 6,6 bilhões em seis projetos foram considerados irregulares pelos técnicos do tribunal. Desse total, R$ 1,1 bilhão foi destinado para a compra de papéis de dívida (debêntures) emitidos por empresas de saneamento (Aquapolo, Haztec e Essencis), além da Linha Amarela (que explora vias expressas no Rio de Janeiro).

Os R$ 5,5 bilhões restantes foram para a compra de cotas de dois fundos de investimento imobiliários -o Convida Suape, em Pernambuco, e o Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.

Várias foram as irregularidades apontadas pelos técnicos do tribunal. Na compra das debêntures, os auditores consideraram que os investimentos do FGTS só podem ser direcionados para saneamento como "complemento" de um projeto habitacional.

No caso da Aquapolo, em que os recursos foram para um sistema de reuso de água em Mauá (SP), o projeto atenderia indústrias, o que, ainda segundo os auditores, contraria a legislação do FGTS.

Em sua defesa, a Caixa disse ao TCU que "todas as ações de saneamento em uma localidade contribuem diretamente ou complementarmente à habitabilidade residencial da região". Disse ainda que, "em face da crises hídricas (...), investir no reuso de água (...) será mais do que complementar, será vital e imprescindível à habitação."

Sobre a compra de cotas dos fundos de investimento imobiliário Convida Suape e Porto Maravilha, os auditores concordaram com entendimento do Banco Central de que o FGTS não pode adquirir -direta ou indiretamente- cotas desses fundos.

Não se sabe se esse entendimento, porém, será mantido pelo tribunal. A tendência é que, em ambos os casos, seja considerado irregular a realização dos investimentos quando já se sabia que a viabilidade econômico-financeira dos projetos não era sólida e também que não havia transferência sobre o risco dessas operações.

Para a equipe de técnicos, em lugar de evitar investimentos temerários ou exigir garantias complementares, a Caixa aplicou -com dinheiro do FGTS- em títulos públicos (corrigidos pela Selic) -transferindo o risco do negócio para o próprio FGTS.

Consultada, a Caixa não quis comentar e disse que só se pronuncia ao TCU.

jogatina

Deputado imprimia material do jogo do bicho dentro da Assembleia de MS

Neno Razuk (PL) foi condenado por juiz de primeira instância a 16 de prisão e à perda do mandato por organização criminosa e outros crimes

17/12/2025 16h22

Roberto Razuk Filho (PL), ou Neno, está no 2º mandato como deputado estadual e foi apontado como chefe de organização criminosa

Roberto Razuk Filho (PL), ou Neno, está no 2º mandato como deputado estadual e foi apontado como chefe de organização criminosa

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Na sentença que condenou o deputado estadual Neno Razuk (PL) a 16 anos de prisão , o juiz José Henrique Kaster Franco utilizou, entre outros argumentos, o fato de o deputado imprimir "material do jogo do bicho nas impressoras da Assembleia Legislativa", para determinar a perda de seu mandato parlamentar.

Além disso, escreveu o magistrado em sua sentença, o deputado  "empregava os comparsas no próprio gabinete. Três dos principais operadores da organização (GILBERTO LUIS DOS SANTOS, MANOEL JOSÉ RIBEIRO e DIEGO DE SOUZA NUNES) estavam nomeados como assessores parlamentares no gabinete do deputado". 

Entre os materiais impressos, "as mensagens mostram que DIOGO FRANCISCO imprimiu fotos de locais ligados aos rivais utilizando a impressora da Assembleia Legislativa, a que tinha acesso através de Diego de Souza Nunes, assessor de ROBERTO RAZUK FILHO". 

E estas impressões precisavam ser de boa qualidade. Prova disso é que "o pedido era específico para usar a impressora colorida da Assembleia Legislativa", detalha o magistrado.

Mas, mesmo condenado, Neno Razuk só terá de deixar a Assembleia se a decisão for mantida em todas as instâncias do Judiciário e depois que não couberem mais recursos judicias. Ele está no segundo mandato como deputado e seu pai, Roberto Razuk, também cumpriu dois mandatos. 

Junto com o parlamentar foram condenados outros 14 integrantes da organização criminosa que, segundo o Ministério Público, "atuava na exploração do jogo do bicho e na prática de roubos à mão armada em Campo Grande para tomar o comando da atividade ilegal". Dentre os condenados, somente o deputado e mais um réu terá direito a recorrer em liberdade.

Somadas, as penas aplicadas pelo Judiciário somam mais de 100 anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 900 mil. As penas individuais variam de 3 anos e 6 meses a mais de 16 anos de reclusão. 

Em sua defesa, o deputado alegou que deveria ter foro privilegiado e que seu caso deveria ser enviado ao Tribunal de Justiça. Porém, o juiz entendeu "o for o por prerrogativa se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções  desempenhadas, sendo indispensável a existência de relação de causalidade entre o crime imputado e o cargo". 

Ou seja, a série de assaltos a motociclistas de grupo rival do jogo do bicho são crimes comuns e por isso ele acabou sendo julgado em primeira instância. 

MÁFIA

Ao justificar a condenação do deputado por comandar organização criminosa, o magistrato compara os controladores do jogo do bicho à atuação da máfia italiana. Ele caracterias "as associações do tipo mafioso, quando o grupo recorre à prática da intimidação, subjugação e de omertà (pacto de silêncio) para cometer crimes, para adquirir, direta ou indiretamente, a gestão ou, de qualquer forma, o controle de atividades econômicas..."

E, para fundamentar sua convicção de que Razuk comandava uma espécie de máfia, o juiz argumenta que os assaltos a mão armada praticados para intimidar o grupo rival em Campo Grande era o menor dos negócios. 
"Chama atenção outros dois pontos desse diálogo (entre Neno  um irmão): a tomada do jogo em Campo Grande era apenas um dos negócios dos interlocutores, o menor de todos, o que dá ideia da dimensão, ainda não explorada, do grupo. E o fato de terem se associado com um grupo não identificado, o que sugere conexões ainda maiores do que as aqui julgadas,", explica o magistrado.

O grupo segundo a investigação, estava de olho em "um investidor interessado em uma parceria que envolveria um aporte de 30 milhões de reais". Antes de fechar negócio, porém,  "ROBERTO RAZUK FILHO (o Neno) pede para verificar a capacidade financeira do investidor. Ninguém, exceto em posição de liderança, examina acordos desse montante", entende o magistrado.

Na sentença, o juiz ainda destacou a gravidade da infiltração da organização criminosa nas forças de segurança. Dois policiais militares da reserva foram condenados por atuarem como braço armado do grupo, utilizando sua experiência e prerrogativas para garantir a execução das ações ilícitas, conforme denunciou o Ministério Público.

Um deles exercia função de gerência operacional, enquanto o outro participava diretamente das abordagens armadas contra rivais. Essa circunstância, segundo o Juízo, evidencia o risco institucional e a necessidade de medidas rigorosas para impedir que agentes públicos ou ex-agentes se associem a organizações criminosas.

Operação Successione

Deflagrada pelo Gaeco/MPMS em outubro de 2023, a Operação Successione teve como objetivo desarticular uma organização criminosa armada que buscava assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande após a desarticulação do grupo comandado pela família Name, na Operação Omertà, o que explica o nome.

No mês passado, uma segunda fase da operação avançou nas apurações, com novas prisões e buscas e apreensões, ampliando os trabalhos para outras regiões do Estado. Entre os presos estava o ex-deputado Roberto Razuk, pai do deputado Neno, e dois irmãos do parlamentar. O pai acabou sendo liberado para cumprir prisão domiciliar.

Cidades

Uso do 13º salário para pagar pensão alimentícia pode livrar mais de 600 da prisão em MS

Com 630 mandados de prisão em aberto por inadimplência da pensão alimentícia, o TJMS reforça a necessidade de cumprimento das obrigações

17/12/2025 16h16

Crédito: Marcelo Casal Jr / Agência Brasil

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A falta de pagamento de pensão alimentícia resultou em 630 mandados de prisão a serem cumpridos. Diante disso, a orientação é para que, em vez de gastar com compras, o 13º salário seja utilizado para regularizar a situação.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) publicou um informe para frisar que a obrigação não é apenas um dever moral, mas uma exigência legal, com graves consequências para quem deixa de cumpri-la, incluindo a possibilidade de prisão civil, conforme prevê o Código de Processo Civil.

Com o alto número de devedores, fica nítida a seriedade do problema, assim como a necessidade de responsabilidade no cumprimento dos compromissos.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) indicam que, nacionalmente, o número de ações judiciais relacionadas à pensão alimentícia tem crescido nos últimos anos, segundo o relatório Justiça em Números.

Esse aumento reflete tanto conflitos familiares quanto dificuldades econômicas, que acabam sobrecarregando o sistema judiciário e destacando a urgência de medidas preventivas.

“Utilizar o 13º salário para regularizar débitos de pensão alimentícia pode evitar não apenas as consequências legais, mas também garantir o bem-estar dos filhos que dependem desse recurso para alimentação, saúde e educação”, ressalta o juiz Maurício Cleber Miglioranzi Santos, titular da 1ª Vara Cível da comarca de Corumbá, que recentemente escreveu um artigo sobre o tema, veiculado em portais locais.

Para o juiz Maurício Miglioranzi, é fundamental que os devedores priorizem o cumprimento dessa obrigação antes de realizar gastos com festas ou presentes.

“Além disso, o pagamento regular da pensão contribui para a restauração da paz familiar e ajuda a aliviar a pressão sobre o Judiciário, permitindo que recursos sejam direcionados a outros casos igualmente urgentes”, completa o magistrado.

 

O magistrado advertiu que pessoas nessa situação consultem um advogado ou a Defensoria Pública para esclarecer dúvidas e buscar uma solução viável, garantindo que o 13º salário seja utilizado para resolver pendências financeiras de forma legal e responsável.

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