Uma chuva intensa, com volume de até 70 milímetros em algumas regiões de Campo Grande e com duração de duas horas e meia, foi o bastante para causar transtornos à população e prejudicar a infraestrutura da capital de Mato Grosso do Sul.
Avenidas como a Guaicurus, no Universitário, e a Campestre, no Aero Rancho – um dos bairros mais populosos da cidade –, viraram rios. Carros e motocicletas foram levados pela forte enxurrada.
Além dos danos e transtornos momentâneos, a Secretaria de Infraestruturas e Obras Públicas (Sisep) de Campo Grande ficou com mais um problema, entre muitos, para ser resolvido na cidade: a barragem do Lago do Amor, nas proximidades da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) voltou a ceder, desfazendo todo o trabalho de uma obra emergencial concluída há aproximadamente um ano.
Não houve feridos quando parte da barragem foi levada pela enxurrada no Lago do Amor e escoada ao longo do Córrego Bandeira, o principal curso d’água da região, e que ficou “nervoso” com o alto volume.
Apesar dos danos concentrados na região Bandeira e na grande Aero Rancho, no sul da cidade, a chuva da tarde de ontem foi intensa em toda a cidade. O maior volume de água foi registrado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em sua estação localizada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Universitário.
Lá, a chuva foi de 70,8 mm em um período de duas horas e meia, e um volume de 40,2 mm foi verificado somente na primeira hora da chuva. Isso explica não apenas o rompimento da barragem do Lago do Amor, mas os carros e motocicletas ilhados pela forte enxurrada, além do transbordamento dos córregos da região.
Na região oeste da cidade, muita chuva também. A estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) verificou um volume igualmente alto: 63,8 mm, sendo 41,2 mm na primeira hora.
Mais próximo à região central, outra estação do Cemaden, instalada no Bairro Santa Dorotheia, registrou 44,8 mm nas mesmas duas horas e meia.
Os 70 mm – volume máximo registrado ontem – equivale a praticamente metade dos 150 mm que o Inmet previa para Campo Grande neste mês.
O Correio do Estado procurou a Sisep, sobre o rompimento da barragem do Lago do Amor. A resposta obtida foi de que uma vistoria será realizada hoje, e só depois da inspeção será definido o que precisará ser feito.
OS ROMPIMENTOS
Em 2023, a barragem do Lago do Amor teve dois rompimentos. Um deles, depois que a obra emergencial foi realizada. O trabalho após o primeiro rompimento, ocorrido em março daquele ano, até a conclusão, no ano seguinte, custou R$ 3,8 milhões ao município.
A empreiteira CCO, que executou a obra, pertencia, na época, a um homem que foi tratorista da empresa. Ela havia trocado de dono pouco antes de topar a empreitada emergencial.
Na época, Francisco de Assis Cassundé deixou a empreiteira para assumir um cargo na Agência Estadual de Infraestrutura (Agesul), quando o secretário de Infraestrutura era o ex-prefeito de Ponta Porã
Hélio Peluffo. A cidade é a mesma de origem da CCO.