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Com ajuda do TJ, conselheiro do TCE-MS se apossou de duas fazendas

Imóveis estão localizados em Maracaju e em Bela Vista. Nesta segunda, ação judicial foi contra o Banco do Brasil e negócio envolvia mais de R$ 34 milhões

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Afastado de suas funções de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado desde a última quinta-feira (24), Osmar Domingues Jeronymo se apossou de duas fazendas com a ajuda de decisões judiciais de desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul que também foram afastados. 

De acordo com a investigação da Polícia Federal e com as evidências acatadas pelo ministro Francisco Falcão (STJ), o conselheiro comprou decisões judiciais para se apossar de parte das fazendas Paulicéia, em Maracaju,  e da Fazenda Xerez, no município de Bela Vista. 

O relatório da Polícia Federal aponta que o conselheiro utiliza seus sobrinhos, Diego e Danillo Jeronymo, ambos alvos da operação Ultima Ratio, como laranjas para lavar dinheiro e ocultar seu patrimônio. Além destas duas supostas fazendas, o conselheiro tem outros imóveis rurais em diferentes municípios. 

“Portanto, em resumo, em relação à FAZENDA XEREZ, entendemos: Há fortes indícios de venda de decisão judicial do desembargador SIDENI PIMENTEL”. Quem teria negociado a compra das sentenças, em 2016, foi o advogado Félix Jayme Nunes da Cunha, a pedido de Osmar Jeronymo. 

A disputa, superior a R$ 34 minhões, envolvia o Banco do Brasil e a empresa Calcário Bela Vista. Esta fazenda, com pouco mais de 3,6 mil hectares, destina parte das terras à pecuária e uma parte, da ordem de 120 hectares, à produção de calcário e pedra brita. No começo das explorações, em 2008, as reservas minerais foram estimadas em 115 milhões de toneladas. 

Depois de a Calcário Bela Vista obter vitória em primeira instância, o Banco do Brasil recorreu duas vezes ao Tribunal de Justiça. Porém, na segunda instância também perdeu, com votos dos desembargadores Vladimir Abreu da Silva, Julio Roberto Siqueira Cardoso e Alexandre Aguiar Bastos, todos afastados no último dia 24 por suposta venda de sentenças judiciais. 

Depois de conseguir as vitórias no TJ, o advogado Félix Jayme transferiu até seus honorários advocatícios, pagos pela empresa de mineração, para o conselheiro e um de seus sobrinhos, segundo a PF. Além de receber dinheiro, o advogado recebeu parte da fazenda Xerez. 

Na sequência, segundo a PF, “DIEGO JERONYMO e DANILLO JERONYMO adquirem parte da referida fazenda por preço irrisório. Diante do envolvimento de OSMAR JERONYMO, e demais elementos colhidos, há indícios de que ele utilize seus sobrinhos DIEGO e DANILLO como seus laranjas, sendo proprietário oculto de tal fazenda adquirida por eles”, escrevem os investigadores. 

MARACAJU

Em Maracaju, o conselheiro usou um dos sobrinhos para atuar como uma espécie de agiota e depois subornou desembargadores para se apossar de quase 400 hectares da fazenda Paulicéia. 

De acordo com o relatório da Polícia Federal, Diego Jeronymo e Percival Fernandes fizeram uma série de empréstimos à fazendeira Marta Martins de Albuquerque, no valor de R$ 2,6 milhões, entre 2013 e 2015. Como garantia, ela repassou 592 hectares da fazenda Paulicéia. 

Em 2016, quando procurou os dois para quitar a dívida, se recusaram a receber o dinheiro e a devolver a maior parte das terras, conforme relata a Polícia Federal. Eles alegaram que 382 hectares do imóvel já estavam inclusive escriturados. 

Em média, o hectare saiu por R$ 6,8 mil, sendo que as terras na região de Maracaju valem até dez vezes mais.  Perícia feita pela Polícia Federal revela que falsificaram até mesmo a assinatura da fazendeira para conseguir fazer a escritura das terras. 

E, mesmo com todas estas evidências, o conselheiro conseguiu convencer novamente os mesmos três desembargadores a lhe darem ganho de causa. De acordo com a PF, Osmar Jeronymo era amigo de longa data do desembargador Vladimir Abreu, o que ajuda a explicar suas vitórias.

“Há, ainda, ligação registrada em 16/05/2014 entre JOÃO AMORIM e possivelmente OSMAR DOMINGUES JERONYMO, que na ocasião ainda atuava como Secretário de Estado do Governo de Mato Grosso do Sul, durante a qual mencionam decisão proferida por VLADIMIR ABREU, no plantão judiciário, que revogou, no mesmo dia, a determinação do Juízo de primeira instância, para o retorno do prefeito cassado ao cargo” (falavam de Alcides Bernal). 

“No curso da conversa, OSMAR JERONYMO menciona que "mas quase foi cara, cê num tem noção do que esses caras fizeram, se eu falar pra você as oferendas, cê num tem noção, é um trem de maluco, sorte que a gente tem assim passado, compromisso, entendeu, não é de um dia só, cê entendeu”. JOÃO diz “uhum”. OSMAR diz “conversas antigas, bons whisky’s tomados, cê entendeu?”. JOÃO diz “uhum”" demonstrando a existência de uma relação antiga entre o atual Conselheiro do Tribunal de Contas e o Desembargador”.  

Vladimir Abreu foi o relator dos recursos impetrados pela fazendeira. E, por conta da amizade antiga, em abril de 2021, Osmar Jeronymo foi pessoalmente ao TJ para falar com o desembargador. “Na ocasião o Desembargador teria antecipado que a decisão seria favorável”, descreve a PF.

Apesar da falsificação de assinaturas e perícia da PF, o recuso foi julgado em 25 de maio de 2021,. e, por unanimidade, os três desembargadores (Vladimir, Julio Siqueira e Alexandre Bastos) julgaram a favor dos interesses do conselheiro. 

E não foi somente falsificação de assinatura que teria sido cometida pelo grupo comandado pelo conselheiro. A PF fala até mesmo em ameaças físicas. 

 Houve “indícios de falsificação de escrituras públicas lavradas pelo Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Notas do São Pedro do Paraná/PR, além de ameaça e agressão relatadas por GERSON PIERI e por diversas testemunhas inquiridas em depoimento prestado à Polícia Federal”, revela o documento emitido pelo STJ. 

Por conta de evidências como estas, a Polícia Federal chegou a pedir a prisão de Osmar Jeronymo, mas o ministro Francisco Falcão indeferiu o pedido. 

A concluir os relatos relativos a Osmar Jeronymo, a PF dia que “entendemos estar demonstrado que OSMAR JERONYMO é proprietário oculto das partes de DIEGO JERONYMO e DANILLO JERONYMO na FAZENDA PAULICÉIA e na FAZENDA XEREZ”.  

ULTIMA RATIO

A disputa pela posse dessa fazenda foi um dos pivôs para a eclosão da operação Ultima Ratio, que n último doa 24 afastou cinco desembargadores, um juiz, o conselheiro e ainda mirou dois desembargadores recém aposentados, além de pelo menos dez familiares de magistrados. 

Estão afastados os desembargadores Sérgio Fernandes Martins, Vladimir Abreu da Silva, Sideni Soncini Pimentel e Marcos José de Brito Rodrigues. Dois recém-aposentados (Divoncir Maran e Júlio Roberto Siqueira) também foram alvos das buscas feitas pela Polícia Federal e da Receita Federal. Na operação também foi afastado o juiz Paulo Afonso de Oliveira. 

Cidades

MS tem o segundo maior índice de mortos pela polícia da história

O presente ano está atrás apenas do ano passado, que havia sido recorde

20/11/2024 18h28

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Imagem ilustrativa Arquivo/Correio do Estado

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Dois homens, de dois municípios diferentes de Mato Grosso do Sul, foram mortos pela polícia na última terça-feira (19). Agora, o número de vítimas de agentes do Estado chegou a 70 no ano, o segundo maior índice registrado na série histórica divulgada no portal de dados da Secretaria Estadual de Justiça de Segurança Pública (Sejusp).

O presente ano está atrás apenas do ano passado, que foi o recorde em mortes causadas por agentes de Estado em Mato Grosso do Sul, com 131 mortos de janeiro a dezembro, quantidade 156,8% superior ao registrado em 2022, quando 51 foram mortos.

Os 70 mortos de 1º de janeiro a 20 de novembro deste ano se igualam às 70 vítimas registradas em todo o ano de 2019. Confira o levantamento:

Imagem ilustrativa

Perfil das vítimas

Assim como nos anos anteriores, em 2024 os homens representam a maior parte dos mortos pela polícia: foram 62 vítimas, número que representa 88,5% do total registrado. Apenas uma mulher foi vítima, e outros sete casos não tiveram o sexo especificado.

Quanto à idade, mais de metada das vítimas (52,8%) eram jovens de 18 a 29 anos. Na sequência, figuram adultos de 30 a 59 anos, que representam 31,4% do índice. Os adolescentes representam 5,7% do índice. Sete casos não especificaram idade, e representam 10%.

A maioria dos óbitos aconteceram em Campo Grande (36). No interior do Estado, foram registrados 34, sendo 19 na faixa de fronteira.

Casos mais recentes

Em menos de 12 horas, dois homens, um de 32 anos e outro de 33, morreram em confronto com a Polícia. O primeiro caso aconteceu durante a tarde, e o segundo à noite, nesta terça-feira (19).

Em Bataguassu, um homem de 32 anos foi baleado e morto por policiais civis após reagir ao cumprimento de um mandado de busca e apreensão. A Polícia Civil não divulgou muitos detalhes a respeito da ocorrência.

Em Dourados, um homem de 33 anos morreu após reagir a abordagem de policiais civis do Setor de Investigações Gerais (SIG). Conforme apurado pela mídia local, ele estava sendo monitorado pela polícia suspeito de ameaçar uma família devido a uma dívida.

Na noite de segunda-feira (18), Gabriel Nogueira da Silva, de 27 anos, responsável pelo assassinato do médico Edivandro Gil Braz, de 54 anos, foi baleado e morto por policiais, após resistir à prisão e tentar fugir da delegacia onde estava detido, localizada em Dourados.

Colaborou: Naiara Camargo.

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Fauna

Lojista é multado em R$ 24 mil por expor cabeça de animais em Campo Grande

A ação do Ibama encontrou exposição de cabeças de onça pintada, queixadas e até a arcada dentária de tubarão no estabelecimento

20/11/2024 18h15

Crédito: Ibama MS

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Uma loja que expunha cabeças de animais silvestres foi alvo de fiscalização pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Campo Grande.

Os agentes encontraram várias cabeças de espécies da fauna sul-mato-grossense, como:

  • onças-pintadas (Panthera onca);
  • onças-pardas (Puma concolor);
  • queixadas (Tayassu pecari);
  • jacarés (Alligatoridae);
  • cervos-do-pantanal (Blastocerus dichotomus);
  • peixes pintados (Pseudoplatystoma corruscans);
  • dourados (Salminus brasiliensis).


Além disso, foram apreendidos "troféus", como a arcada dentária de um tubarão. As peças foram recolhidas, e o estabelecimento foi autuado conforme estabelece a Lei Federal de Crimes Ambientais (nº 9.605/98) e o Decreto nº 6.514/08.

O proprietário recebeu uma multa que totalizou R$ 24 mil, e os suspeitos de organizar a “exposição” irão responder pelo crime na Justiça.

É importante ressaltar que a legislação brasileira proíbe a exposição de partes de animais para comercialização, situação enquadrada na Lei de Crimes Ambientais como venda ilegal de artesanato feito com partes de animais silvestres.

Crédito: Ibama MS

Tráfico de animais


Com a ação, o Ibama tenta inibir tanto a oferta quanto a procura, bem como o tráfico de animais silvestres.

"Quanto mais raro é um animal, maiores são o interesse e o preço que pagam por ele", afirmou a superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, Joanice Lube Battilani, que completou:

"Essa prática está aliada ao fato de que algumas pessoas, de forma equivocada, acreditam que esses tipos de objetos feitos com partes de animais silvestres servem como amuletos, trazendo proteção e prosperidade."

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