Cidades

segurança pública

Combate a facções criminosas tem que começar nos presídios, defende delegado

Comunicação ilícita na prisão mantém influência de líderes de organizações criminosas sobre atividades fora das penitenciárias

Continue lendo...

Destino final de líderes de facções criminosas, o sistema prisional deve ser modificado para poder combater o crescimento de crimes ligados a ações de traficantes de drogas faccionados. Esta é a visão do delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar), Hoffman D’Ávila.

Reformulações no regimento de penitenciárias federais, onde alguns dos principais líderes de facções criminosas estão presos, assim como em outros presídios do Estado e do País, podem contribuir para o combate ao crime organizado das facções, conforme analisa o delegado. 

“As facções estão espalhadas no Brasil inteiro, muito se diz sobre combater os faccionados que estão na comunidade, mas tem que se combater, também, o faccionado que está preso no presídio, que de lá movimenta droga e fomenta homicídios”, disse Hoffman D’Ávila.

Na visão do delegado de repressão ao narcotráfico, o sistema prisional brasileiro deveria passar por melhorias na fiscalização, para garantir que os líderes das facções não tenham a possibilidade de influenciar o que acontece no crime organizado de dentro da prisão.

“O que há de se mudar não são estes pequenos faccionados de comunidade, é a repressão aos faccionados que estão dentro do sistema prisional e, de lá, comandam vários tipos de delito. Este sistema que é falho e vulnerável”, declarou.

De acordo com reportagens do Correio do Estado, uma das principais preocupações da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) na segurança do presídio é, justamente, o combate à comunicação ilícita dos presidiários.

Desde o ano passado, quando a Polícia Penal interceptou em flagrante um drone com baterias e fone de ouvido para celulares que sobrevoava o Complexo Penitenciário do Jardim Noroeste, a Agepen está empenhada em combater o uso de aparelhos celulares por detentos nas unidades prisionais do Estado.

Segundo a Agepen, entre as iniciativas destacadas para impedir a comunicação ilícita estão as vistorias periódicas nas celas, o escaneamento para a inspeção de visitantes, de servidores e de colaboradores, bem como a utilização de aparelhos de raios X para examinar os pertences e os produtos levados às penitenciárias.

Considerado pela Agepen como um dos principais problemas, o uso de drones que arremessam equipamentos de comunicação no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande, está sendo combatido com a instalação de telas sobre os pavilhões e os solários, o que está em andamento.

Além disso, transferências estratégicas de indivíduos relevantes para unidades do Complexo da Gameleira têm sido realizadas como parte da estratégia de segurança.

PCC NA FRONTEIRA

Com influência dentro e fora do País, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) tem integrantes ativos em dois países que fazem fronteira seca com Mato Grosso do Sul, o Paraguai e a Bolívia, como mostrou recententemente matéria do Correio do Estado.

De acordo com o levantamento feito pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), ao qual o Correio do Estado teve acesso, a facção criminosa, que surgiu em São Paulo e usa Mato Grosso do Sul como uma importante rota para transportar drogas e armas, tem o Paraguai como um importante país para desenvolver seus negócios.

Conforme a pesquisa, há 699 integrantes do PCC em território paraguaio. Desses, 341 estão presos, mas 358 estão soltos. Já na Bolívia, há 146 homens, 75 presos e 71 soltos. O país é o terceiro com mais “soldados” da facção fora do Brasil, atrás apenas do Paraguai e da Venezuela (com 656 membros).

EPICENTRO 

Conforme informado em reportagem do Correio do Estado, traficantes de outros estados se uniram para se estabelecerem em Campo Grande, com o objetivo de controlar a administração logística do envio de drogas no País.

“Em razão da posição topográfica de Mato Grosso do Sul, que faz divisa com cinco estados, formam-se consórcios entre traficantes de outros estados, que aqui se instalam para receber a droga que é advinda da Bolívia e do Paraguai, a qual passa pela fronteira seca vulnerável, que é transformada em corredor para o transporta dos entorpecentes”, disse Hoffman D’Ávila.

Localizada na região central de Mato Grosso do Sul, Campo Grande está sendo usada pelas organizações criminosas como um centro logístico de entrepostos (armazéns e depósitos) para esconder drogas, como cocaína e maconha, que atravessam a fronteira.

O modo de operação das organizações criminosas no Estado, conforme as investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e da Denar informam, consiste em locar grandes galpões ou barracões em Campo Grande, para servirem como armazéns temporário das cargas de drogas vindas da cidade fronteiriça de Ponta Porã.

Nesses locais, ocorre o carregamento e a mistura com a carga lícita nos grandes caminhões de carga, que realizam o transporte para o destino final, que seriam os traficantes residentes em outras unidades federativas.

Saiba

De acordo com dado divulgado pelo Atlas da Violência 2024, 80% da cocaína e da maconha que entram no Brasil, em algum momento, foram transportadas por Mato Grosso do Sul.

Assine o Correio do Estado

apagar das luzes

MP devassa contratos milionários da iluminação pública em Campo Grande

Conforme o Ministério Público, que cumpre 14 mandados, foram constatados superfaturamentos que superam os R$ 62 milhões em Campo Grande

19/12/2025 09h10

Um dos alvos da operação do Gecoc é a  Empresa Construtora B&C Ltda, na Vila Bandeirantes

Um dos alvos da operação do Gecoc é a Empresa Construtora B&C Ltda, na Vila Bandeirantes Marcelo Victor

Continue Lendo...

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul desencadeou uma operação na manhã desta sexta-feira (19) para desmantelar um suposto esquema de desvio de recursos públicos nos milionários contratos para manutenção e ampliação dos serviços de iluminação pública em Campo Grande. 

Conforme a assessoria do Ministério Público, a  “Operação Apagar das Luzes”, tem como objetivo o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande e Balneário Piçarras/SC. A operação conta com o apoio operacional dos Grupos Especiais de Repressão ao Crime Organizado (Gaecos) dos Estados de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

Ainda de acordo com a assessoria, "as investigações indicam a ocorrência de reiteradas fraudes nos processos licitatórios, bem como nos contratos firmados para a execução do serviço de manutenção do sistema de iluminação pública de Campo Grande, já tendo sido identificado superfaturamento superior a R$ 62 milhões".
 
Levantamentos também trouxeram à tona o envolvimento das empresas contratadas com servidores públicos da Capital. A investigação atinge contratos em vigência, firmados em 2024 e objeto de aditivos.

Um dos alvos da operação é a Empresa Construtora B&C Ltda, com sede na Avenida Joaquim Dornelas, na região da Vila Bandeirantes, em Campo Grande. A empresa tem pelo menos seis contratos com a prefeitura que juntos somam quase R$ 32 milhões. 

Três destes contratos são para manutenção do sistema de iluminação das regiões  do Segredo (R$ 2,11 milhões), Lagoa (R$ 2,8 milhões ano)  e Imbirussu (R$ 2,7 milhões ano). Os outros três são para instalação de novas luminárias de led em avenidas como Lúdio Coelho (R$ 8,87 milhões) e José Barbosa Rodrigues (R$ 6,75 milhões). A empresa também foi contratada para instalar novas luminária no Parque Soter (8,48 milhões). 

Todos os contratos foram assinados em meados de 2024 e em março do ano passado, nove meses depois da assinatura, receberam reajuste da ordem de 25%. Os aumentos foram concedidos em pleno período de restrição de gastos que havia sido declarada pela prefeita Adriane Lopes (PP)

Os reajustes revelaram que, apesar da crise financeira, no setor de iluminação há fartura. Dados da Secretaria de Finanças (Sefin) mostram que, em 2024, a tarifa de iluminação pública aumentou em 28,2% na comparação com o ano anterior. 

Em 2023, os moradores de Campo Grande pagaram R$ 153,46 milhões à prefeitura de Campo Grande por meio da conta de energia elétrica, ante R$ 196,86 milhões pagos no ano passado. Em 2025 o crescimento foi um pouco menor, pois o consumo de energia caiu em torno de 8%, o que foi consequência da redução do calor. 

Na manhã desta sexta-feira, integrantes do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), do Ministério Público, cumpriram mandados na sede da empresa B&C, na Secretaria de Obras Públicas e na sede da prefeitura de Campo Grande.

(Matéria alterada às 10 horas para acréscimo de informações)

CAMPO GRANDE

Ônibus voltam a circular após fim da maior greve em 31 anos

Em junho de 1994 ocorreu a greve de ônibus mais duradoura na cidade, quando o transporte público ficou parado por 4 dias

19/12/2025 08h00

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meio

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meio Gerson Oliveira/Correio do Estado

Continue Lendo...

A greve dos motoristas de ônibus chegou ao fim na tarde de ontem em Campo Grande, após três dias e meio desde o início da paralisação. Esta se tornou a maior interrupção do serviço já feita na Capital desde junho de 1994, quando o serviço ficou parado por quatro dias.

Na tarde de ontem, horas depois de o governo do Estado anunciar a antecipação do repasse de R$ 3,3 milhões de janeiro para que fosse paga a folha salarial de novembro, o Consórcio Guaicurus e trabalhadores se reuniram novamente na tentativa de oficializar o fim da paralisação e discutir os últimos ajustes, sob mediação do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT24) César Palumbo Fernandes, que foi responsável pelas decisões judiciais recentes envolvendo o caso.

Reuniram-se Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTU-CG), Themis de Oliveira, diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, e Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg).

Com cerca de duas horas de duração, a audiência terminou com final feliz para as partes. Após a assinatura da homologação da decisão, Demétrio Freitas confirmou o fim da greve e disse que a parte atrasada referente ao salário de novembro foi depositada, permitindo que os serviços fossem retomados de forma gradual durante o restante do dia.

“Com essa garantia de pagamento, eu vou convocar todos os trabalhadores para que retornem ao trabalho imediatamente, e amanhã [sexta-feira] volta à normalidade. Sabendo que todos os trabalhadores vão receber, que era o que a gente queria, a greve com certeza vai ser suspensa”, reforçou o presidente do STTU-CG.

Sobre a multa prevista na decisão judicial, que acumula valor de R$ 520 mil desde segunda-feira, Demétrio disse que ainda segue, mas o desembargador prometeu que haverá uma nova rodada de conversas para determinar se será paga ou retirada. Porém, garantiu que os motoristas não serão penalizados pelos dias parados.

Mesmo com a decisão sendo oficializada no fim da tarde, o presidente do sindicato garantiu que os ônibus já voltariam a circular no mesmo dia. Como prometido, às 17h51min saiu o primeiro coletivo da garagem do Consórcio Guaicurus em direção a um dos terminais.

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meioOs ônibus voltaram a pegar passageiros na noite de ontem, após três dias inteiros sem nenhum carro em circulação na Capital - Gerson Oliveira/Correio do Estado

Pelo lado do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira destacou o empenho do poder público para que se conseguisse o valor necessário para quitar os vencimentos.

Além da antecipação anunciada pelo governador Eduardo Riedel (PP), o diretor-presidente da empresa disse que conseguiu cerca de R$ 1,5 milhão com a ajuda de acionistas, o que vai contribuir pagar o 13º e o adiantamento salarial (vale) até hoje.

“Foi um esforço conjunto para acharmos uma solução, que foi encontrada. A greve já foi encerrada e, a partir de agora, voltamos à normalidade na cidade. Eu acho que era isso o importante para se conseguir nessa audiência”, disse Oliveira ao fim do debate entre as partes.

É esperado que hoje volte a circular toda a frota de ônibus desde o primeiro horário, às 4h30min.

HISTÓRICO

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meioFeito por Denis Felipe com IA

A maior greve do transporte coletivo começou no dia 17 de junho de 1994, quando cerca de 1,5 mil motoristas pararam a frota de ônibus de Campo Grande pedindo melhores condições salariais.

Assim como ocorreu desta vez, o prefeito da época, Juvêncio da Fonseca, criticou a paralisação total e, inclusive, conseguiu uma liminar para que 45% da frota voltasse a circular, mas sem cumprimento por parte da classe.

Como noticiado pelo Correio do Estado na época, há 31 anos, mais de 270 mil campo-grandenses foram afetados pela greve.

“Na periferia, os trabalhadores apelaram para a carona, lotação e táxis. No Centro, o movimento foi baixo e o clima era de um sábado à tarde. Os hospitais temem pelos pacientes caso a greve perdure”, trouxe a edição impressa do dia 18 de junho de 1994.

Quatro dias depois, no dia 21 de junho, os ônibus voltaram a circular normalmente, após os empresários do transporte público garantirem uma estabilidade de 40 dias para a classe, sem desconto dos dias parados, semelhante ao acordo firmado ontem na audiência de conciliação.

Curiosamente, quatro meses depois, em outubro de 1994, outra greve foi realizada pelos motoristas de ônibus. No dia 25, cerca de 310 mil campo-grandenses ficaram sem transporte coletivo, já que os funcionários (chamados de rodoviários na época) estavam pedindo reposição salarial de 20% e o cumprimento de algumas conquistas trabalhistas.

Porém, três dias depois, a Justiça determinou que o serviço voltasse à atividade, sob multa diária de R$ 10 mil. Ao contrário do acontecido agora e em junho daquele mesmo ano, os motoristas não peitaram a decisão e decidiram decretar a retomada dos trabalhos.

Além disso, os dias parados foram descontados do salário e uma multa de R$ 20 mil foi aplicada ao sindicato, por ter desrespeitado duas decisões anteriores.

A última greve do transporte público havia acontecido em novembro de 2021, quando motoristas pediram aumento salarial. Porém, no mesmo dia em que foi iniciada a paralisação, o problema foi resolvido, após uma reunião no TRT24 que terminou em acordo, garantindo, assim, a retomada das atividades em poucas horas.

*SAIBA

A greve e o sindicato não representam apenas os motoristas, mas também todos os trabalhadores envolvidos, como os empregados na parte administrativa e mecânicos do consórcio, totalizando 1,1 mil funcionários.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).