Cidades

Favela do Mandela

Comunidade do Mandela tenta se levantar uma semana depois do incêndio que devastou favela

Lágrimas da tragédia de perder tudo agora dão espaço para sonho da casa própria

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Uma semana e um dia após a tragédia do fogo que destruiu vários barracos na comunidade conhecida como Favela do Mandela, o espaço passa por reestruturação. Enquanto alguns moradores reviram o que sobrou a procura de metal, outros organizam doações.

Diferente do dia 16 de novembro, em que o fogo consumiu mais de 100 barracos e o cenário era de devastação, agora a reportagem do Correio do Estado, encontrou um princípio de recomeço. Conforme informado pela prefeita Adriane Lopes, serão de 6 a 8 meses para que às casas sejam construídas em quatro  bairros da Capital.

  • José Tavares 
  • Loteamento Iguatemi I, II 
  • Jardim Talismã

Mesmo diante da espera, o clima que paira no ar é de esperança. Mais quatro barracas foram cedidas pelo Exército, o banheiro improvisado ganhou cobertura de lona, um tanque está sendo instalado a pedido dos moradores para lavar roupas e louça.

Aos poucos a comunidade está se organizando no local, que oito dias antes, era apenas um terreno descampado com pessoas em desespero, segurando poucos itens que conseguiram salvar. 

Comunidade no dia do incêndio / Crédito: Gerson Oliveira

Levantamento das famílias 

A diretora do Cras Vida Nova, Adriana do Nascimento, disse que além das barracas, foram distribuídos, utensílios para uso no dia a dia e itens essenciais. “Hoje temos todas às famílias atendidas acolhidas nas barracas. Hoje entregamos os kits de higiene, de talheres, pratos, cumbucas, copinhos, está sendo instalada a pia que solicitaram para lavar às roupas”, explicou.

Assim como um levantamento dos moradores da comunidade está traçado de modo que todos receberam agasalhos com tamanho das crianças e adultos. “Sim, [fizemos rastreio de famílias] tenda por tenda. O número de famílias, idade, tamanho, assim como crianças e adultos”, disse Adriana.

Com parceria particular a prefeitura conseguiu realizar entrega de medicação para quem toma remédio controlado, absorventes, fralda descartável. Inclusive Adriana, reforçou que os que puderem ajudar continuem doando. 

“Às próprias lideranças foram eleitas pelos moradores e tem também o cadastro de todas às barracas e famílias. Então, a doação chega, elas já sabem quem precisa de um fogão, de uma cama, e tudo vai sendo direcionado”, informou. 

O banheiro improvisado - onde tomam banho -, recebeu cobertura de lona, os banheiros químicos mudaram de disposição separados por ala de uso apenas feminino, masculino e até das crianças. Falando nos pequenos, um campo de futebol está sendo a área de lazer.

Fogo na comunidade

 

No dia da tragédia, conversamos com a senhora Márcia Rodrigues, 42 anos, que mora no local com o esposo e não conseguiu salvar nenhum bem material. A fala marcante do "perdi tudo" e o questionamento pela casa deram espaço a novos horizontes.

Na barraca também está alocada a senhora, Neide Lopes, de 42 anos, e mais três famílias. O espaço está cuidado e conforme demandado pelos moradores receberam produtos de limpeza, balde, vassoura, pano de chão e rodo para manter a higiene.

Com cheirinho de “casa” limpa, o único apontamento foi relacionado ao calor e a necessidade de um ventilador para refrescar os dias de intenso calor. Ao questionar sobre a casa, o semblante muda e o olhar chega a encher de lágrimas.

“Estamos no aguardo. A prefeita veio aqui esses dias e falou que daqui, a 10 dias, vai ser cortado os lotes”, responderam quase em uníssono.

Dona Márcia, que no dia do fogo estava inconsolável, relembrou que tudo que tinha dentro de sua “casinha” foi perdido. Apesar de estar confusa com relação ao bairro em que será enviada, comentou com alegria sobre a possibilidade. Para quem quiser doar um ventilador, elas estão na barraca 7, mas é importante frisar que outras famílias também precisam.


Solidariedade

Logo na entrada, onde está montado o acampamento, voluntárias da própria comunidade recebem e separam doações que não param de chegar. Como o caso da gerente administrativa, Juliana Carvalho, que se comoveu com a situação ao saber que uma funcionária do local do seu trabalho é moradora da comunidade.

“Na verdade, uma pessoa que reside aqui trabalhava comigo. A gente ficou sabendo do ocorrido por conta de ver o desespero dela junto a vizinhança. Onde ela mora não pegou fogo, mas ela teve que sair do emprego por conta do ocorrido e a gente está arrecadando [doações] quase todos os dias para trazer aqui e ajudar a comunidade”, explicou Juliana.

Da empresa são oito pessoas mais a família da gerente administrativa que mesmo residindo em Anastácio faz questão de prestar ajuda. A mulher terá o nome preservado, mudou recentemente da região Norte do país e trabalhava como assistente de dentista. Estava em período de teste e por medo de ter o barraco invadido parou de ir para o emprego.

Ação para crianças

Duas amigas dentistas,  Thaisy Pinesso e Cintia Vieira, comovidas com a situação, foram pela segunda vez, distribuir picolés para às crianças e também adultos e idosos. “A gente ficou sabendo através da mídia o que tinha acontecido, aí Thaisy teve a ideia falou vamos fazer e a gente se juntou e estamos aqui”, contou Cintia. 

Elas também trouxeram kits de higiene e explicaram que compraram alguns picolés e a empresa Dale doou o dobro. “Então, a Dale hoje também participa da ação”, comemorou a dentista.

Cruz Vermelha

O médico ortopedista, Orlando Turpon pela Cruz Vermelha, veio atender pacientes e contou que estiveram no local na semana anterior em uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).

“Fizemos uma parceira onde podemos liberar receitas e tudo que eles precisarem”, explicou o ortopedista que aguardava um espaço para iniciar o atendimento. 

Onde doar

As doações poderão ser entregues no FAC, localizado na Avenida Fabio Zahran, número 6000, no bairro Vila Carvalho. Dependendo do volume de itens, o Fundo de Apoio à Comunidade possui equipes para buscar a doação, que podem ser acionadas através do telefone (67) 2020-1361.

Entre os itens que podem ser doados estão: alimentos, materiais de higiene, fraldas descartáveis, água mineral, limpeza, roupas, colchão, enxoval de cama e de banho, materiais de construção, entre outros itens básicos.

**Colaborou Alanis Netto

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BALANÇO

MPMS intermediou mais de R$ 15 milhões em acordos na área da saúde em 2025

Ministério Público mediou o plano emergencial entre a Santa Casa e o Município de Campo Grande para solucionar os diversos problemas do hospital

19/12/2025 18h45

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça Divulgação: Ministério Público de Mato Grosso do Sul

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) recebeu a imprensa para apresentar o balanço geral do ano de 2025. O procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milhan Junior, acompanhado de membros da Administração Superior, divulgou informações relevantes sobre atuações da instituição ao longo do período.

No setor da saúde, Romão Avila destacou a atuação do Centro de Autocomposição (Compor) para solucionar crises agudas, como a mediação que resultou no plano emergencial para a Santa Casa de Campo Grande. O hospital enfrenta problemas de superlotação, falta de insumos e de dinheiro para pagar profissionais de várias áreas, com risco de paralisação de serviços essenciais

No ano, os acordos mediados pelo Compor envolveram mais de R$ 15 milhões em benefícios para áreas como saúde e assistência social. 

Também relembrou a resposta da instituição após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, episódio que impulsionou a criação da ferramenta Alerta Lilás, para monitoramento de agressores e a melhoria do atendimento especializado às mulheres.

Com relação a proteção à mulher, o sistema Alerta Lilás emitiu mais de 19 mil alertas automáticos para monitorar agressores reincidentes.

No campo da segurança pública, a pauta central foi a modernização, com destaque para a força-tarefa que agilizou o processamento de boletins de ocorrência de violência doméstica e viabilizou a digitalização de peças e a gravação de interrogatórios e depoimentos.O Centro de Pesquisa, Análise, Difusão e Segurança da Informação (CI) disponibilizou mais de 400 mil dados para subsidiar investigações complexas.

Dados 

Produtividade jurídica: mais de 4 mil ações ajuizadas e 30 mil denúncias apresentadas à Justiça.

Combate à corrupção: o Grupo de Atuação Especial e Combate à Corrupção (Gecoc) atuou contra desvios de mais de R$ 66 milhões, executando 180 mandados de busca em 13 cidades.

Enfrentamento ao crime organizado: o Gaeco realizou 19 operações estratégicas, resultando em 107 prisões e 370 mandados de busca.

Preservação ambiental: monitoramento e fiscalização de 71 mil hectares de desmatamento ilegal por meio de programas como Pantanal em Alerta.

Impacto social: arrecadação de R$ 6 milhões via campanha Declare Seu Carinho e destinação de 350 celulares apreendidos para uso pedagógico em escolas públicas.

Diálogo com o cidadão: a Ouvidoria processou mais de 5 mil manifestações, que fundamentaram novas investigações e missões constitucionais.

O encontro

Ao abrir o evento, o Procurador-Geral de Justiça promoveu um resgate histórico sobre o papel da instituição como guardiã das garantias individuais e coletivas conquistadas após o período ditatorial, lembrando que a evolução da sociedade brasileira, sob a criação da Constituição de 1988, é indissociável de uma imprensa livre.

"A imprensa tem um papel fundamental na redemocratização e na evolução constante da nossa sociedade. Graças à imprensa livre, fatos que muitas vezes não chegariam pelos canais comuns — como a falta de um medicamento em uma UPA — chegam ao nosso conhecimento por denúncias de usuários via jornalismo", exemplificou Romão Avila Milhan Junior.

Diante dessa observação, fez um agradecimento público ao apoio dos veículos de comunicação, especialmente durante os embates judiciais que preservaram o poder investigatório do Ministério Público. Segundo ele, essa prerrogativa é o que sustenta as atuais ofensivas contra a corrupção e o crime organizado.

 

Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

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