Homem de 59 anos teve um infarto após reconhecer o corpo do enteado, que morreu afogado; órgãos serão transplantados em pacientes de três estados
A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), realizou na última segunda-feira (6) a primeira captação de órgãos do ano.
Foram captados um fígado, dois rins e duas córneas de um homem de 59 anos, que teve a morte encefálica constatada durante o fim de semana. Ele morreu no último domingo (5), dois dias após sofrer uma parada cardíaca pouco depois de reconhecer o corpo do enteado, que estava desaparecido e foi encontrado morto no Córrego Lagoa, localizado no Jardim Tijuca, na sexta-feira (3).
O homem foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS), que já estava no local retirando o corpo da vítima de afogamento da água, e posteriormente, foi encaminhado para o HRMS. Dois dias depois, não resistiu e morreu.
O transplante dos órgãos do homem devem salvar, pelo menos, três vidas. O fígado será transplantado em um paciente de Mato Grosso do Sul, e os rins serão transportados para o Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Já as córneas foram encaminhadas ao Banco de Olhos da Santa Casa de Campo Grande.
Coordenador do CIHDOTT, o médico Ivair Ximenes Lopes Jr. explica que, após todos os protocolos de constatação da morte encefálica terem sido concluídos, a equipe faz o acolhimento dos familiares e a abordagem de consulta sobre a doação dos órgãos.
“Neste caso, vamos modificar cinco vidas com a doação de uma pessoa. A doação de órgãos traz sobrevida e melhora a qualidade de vida de um paciente que, às vezes, está ligado a uma máquina de diálise ou sem enxergar por conta de um problema na córnea”, explica o médico.
Entenda os casos
Henrique Pena, de 47 anos, foi encontrado morto no córrego Lagoa após passar dias desaparecido. Segundo a família, ele tinha deficiência mental e fazia o uso de medicamentos controlados.
Foi o padrasto de Henrique quem compareceu ao local para fazer o reconhecimento do corpo. Pouco após o procedimento, o homem começou a passar mal, e precisou ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros, que já estava no local fazendo o resgate de Henrique.
Foi feita manobra de reanimação, e o homem foi intubado e encaminhado ao Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. No dia 5 de dezembro, porém, foi constatada a morte encefálica do paciente.
Doação de órgãos
Quem tem interesse em ser um doador de órgãos, deve comunicar a família sobre a decisão. Após a morte, os familiares são responsáveis por autorizar a retirada de órgãos e tecidos e a doação.
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista de espera. A lista é única, organizada por estado ou região, e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Reestruturação do CIHDOTT
No final de 2024, o CIHDOTT do HRMS passou por uma reestruturação, além de ampliação da equipe. Diretor-geral do HRMS, o médico Paulo Limberger destaca que a reestruturação foi pensada justamente para agilizar a captação de órgãos no hospital e, assim, impactar positivamente a vida de milhares de pessoas que aguardam por um transplante.
“A reestruturação do CIHDOTT é uma medida essencial para otimizar o processo de captação de órgãos, no HRMS, que é o maior hospital público de Mato Grosso do Sul. Com isso, estamos trabalhando para reduzir o tempo de espera para os pacientes que dependem de um transplante para continuar suas vidas. Cada minuto conta, e por isso, agilizar esse processo é, sem dúvida, uma das ações mais importantes para a saúde pública do estado”, afirma Limberger.
De acordo com a diretora-presidente da Fundação Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul (FUNSAU), médica Marielle Alves Corrêa Esgalha, “a reestruturação do CIHDOTT é parte de um esforço contínuo para melhorar o atendimento à população e reforçar o compromisso do HRMS e do governo estadual com a saúde e o bem-estar de todos os cidadãos”.
A reestruturação da Comissão também busca ampliar a disseminação de informações sobre a doação de órgãos.
“Quanto mais pessoas conseguirmos sensibilizar sobre a importância da doação de órgãos, ampliamos a possibilidade daqueles pacientes que aguardam por um órgão de, enfim, vivenciar o momento do transplante. Nossa ideia é que todos sejam replicadores de informações sobre esse assunto. Por isso, a CIHDOTT vai investir na educação continuada e em ações com a comunidade, ao longo deste ano”, ressalta Marielle.