Cidades

SUSPEITA DE CORRUPÇÃO

Controladoria pede acesso à Operação Turn Off; servidores e empresas podem ser punidos

Ilegalidades apontadas pelo Ministério Público na Justiça serão verificadas pela Controladoria-Geral do Estado

Continue lendo...

A Controladoria-Geral do Estado de Mato Grosso do Sul (CGE-MS) informou ao Correio do Estado que já solicitou acesso aos autos da Operação Turn Off, que combate esquema de corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e peculato nas secretarias de Saúde, de Educação, e também em convênios com a Associação dos Pais e Amigos dos Exepcionais (Apae). 

A CGE atua nas funções de auditoria (fiscalização e consultoria), ouvidoria, corregedoria (procedimentos correicionais, disciplinares e responsabilização de pessoa jurídica) e de governança e compliance (fomento e implantação das melhores práticas de governança e compliance). 

O acesso aos autos, que tramitam em segredo de Justiça na 2ª Vara Criminal de Campo Grande, possibilitará à Corregedoria-Geral do Estado de Mato Grosso do Sul a instauração de procedimentos disciplinares e de responsabilização dos servidores envolvidos em práticas como fraude em licitação, cobrança de propina e prática de sobrepreço para desvio de recursos públicos por meio da compra de aparelhos de ar condicionado para a Secretaria de Educação, e do aluguel de equipamentos de imagem e fornecimento de laudos de exames destes laudos com a Secretaria de Saúde. 

Os pagamentos e contratos passíveis de corrupção somam R$ 68 milhões. Somente o aluguel de equipamentos de imagem, em que há flagrante favorecimento para que a empresa Health Brasil Medical saísse vencedora de um pregão, conforme demonstrado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, resultou em um contrato de R$ 36 milhões. Já a compra de aparelhos de ar condicionado possivelmente superfaturados na Secretaria de Educação (alguns aparelhos pelo dobro do preço) resultou em desembolsos de R$ 13 milhões pelo governo, tudo isso em 2022. 

Caso haja constatações de ilícitos penais pela CGU, eles devem ser encaminhados para o Ministério Público e somar-se à operação em curso. No caso da constatação de ilícitos administrativos, também pode resultar na rescisão de contratos e exclusão de envolvidos do serviço público. 

Além da Health, também são investigadas pelo Ministério Público as empresas Isomed e Isototal. 

Entenda o esquema

Sérgio Duarte Coutinho Jr e Lucas Andrade Coutinho, empresários com ligação direta (societária ou com cônjuges entre os proprietários) com as empresas Isototal e Isomed, são apontados pelo Ministério Público como os operadores do esquema de corrupção. 

Todo o esquema era viabilizado pela ex-pregoeira-chefe da Secretaria de Estado de Administração (SAD) Simone de Oliveira Ramires Castro, que recebia propina deles para favorecê-los nas concorrências públicas. 

Os irmãos, conforme indica os promotores de Justiça que investigam o caso, também pagavam propina para os gestores dos contratos, caso do ex-secretário-adjunto de Educação, Édio Resende de Castro e sua subordinada Andreia Cristina Souza Lima. Só para Édio, o Ministério Público identificou o pagamento de pel menos R$ 930 mil em propina, R$ 200 mil em dinheiro vivo. 

Os Coutinho também teriam pago mais de R$ 200 mil em propina para o assessor do deputado federal Geraldo Resende (PSDB) e ex-gestor de contratos da Saúde, Thiago Mishima. 

A mesma operação também teve como alvo Paulo Henrique Muleta de Andrade, ex-coordenador da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), que também teria recebido propina, além do gerente do posto América 2 (Parada 67) Vitor Leite de Andrade, que pagava as propinas em dinheiro vivo para os servidores. Victor é ligado aos irmãos Coutinho e, conforme o Ministério Público, era o operador financeiro do esquema. 

Assine o Correio do Estado

quarteirização?

Empresário preso em MT firma outro contrato milionário em MS

Depois de Água Clara e Ivinhema, nesta quarta-feira o diário oficial revelou que a empresa cuiabana vai faturar mais de R$ 7,8 milhões em Anaurilândia

09/04/2025 11h40

Lolcalizada na divisa com São Paulo, a pequena cidade vai destinar quase 10% de sua receita para manutenção da frota municipal

Lolcalizada na divisa com São Paulo, a pequena cidade vai destinar quase 10% de sua receita para manutenção da frota municipal

Continue Lendo...

Publicação do diário oficial desta quarta-feira revela que já são pelo menos três as prefeituras de Mato Grosso do Sul que firmaram contratos milionários com a empresa cuiabana Centro América Comércio, Serviço, Gestão, Tecnologia Ltda, cujo proprietário, Jânio Correa da Silva, foi preso em novembro do ano passado em uma operação do Ministério Público de Mato Grosso. 

Além de Água Clara e Ivinhema, agora veio a público a informação de que Anaurilândia contratou a “empresa especializada para a gestão informatizada da frota municipal, por meio de sistema via web, abrangendo os serviços de manutenção de veículos e maquinários, fornecimento de peças e aquisição de combustíveis, com utilização de rede credenciada e sistema de controle informatizado, integrado e em tempo real”. 

A empresa tem sede em Cuiabá e se diz especializada em serviços de informática. Em 7 de novembro do ano passado seu proprietário foi preso por conta de suspeitas de fraude em contratos com mais de cem câmaras e prefeituras de Mato Grosso. 

Jânio e mais cinco familiares tinham contratos da ordem de R$ 1,8 bilhão no estado vizinho e por conta de suspeitas de fraude, todos ficaram detidos dirante ao menos cinco dias. Jânio foi libertado dia 12, mas um tio dele, que seria o “cabeça” do esquema, continuou detido.  

Anaurilândia, cidade localizada a 380 de Campo Grande, na divisa com São Paulo, tem população de 7,6 mil pessoas e prevê gasto de R$ 7.840.042,02 ao longo de um ano com a CAT, como é conhecida a empresa. Esse valor representa mais de mil reais per capita somente com este contrato. 

No dia primeiro de fevereiro, em seu discurso de abertura do ano legislativo na Câmara de Vereadores, o prefeito Rafael Hamamoto, que foi reeleito pelo PP, fez questão de lamentar a situação financeira difícil da prefeitura, que tem orçamento anual da ordem de R$ 90 milhões e acumulava dívidas de quase R$ 18 milhões de reais. Isso, segundo ele, limita a capacidade de investimento em melhorias. 

Mas, o contrato com a empresa cuiabana já estava engatilhado. Prova disso é que falou sobre a  situação crítica da frota municipal. Na ocasião, informou que a equipe de licitação e contratos já estava mobilizada para realizar uma manutenção emergencial nos veículos. 

Assim como ocorreu em Ivinhema, onde a empresa vai receber quase R$ 5 milhões em seis meses, a contratação para atuar em Anaurilândia foi por meio de adesão a ata de registro de preços feita pelo Consórcio Intermunicipal Multifinalitário dos Municípios do Extremo Sul de Minas (CIMESMI). 

Já no caso de Água Clara, onde o contrato existe desde abril de 2023 e foi renovado até abril de 2026 e vai consumir quase R$ 8,5 milhões por ano, a contratação ocorreu após adesão a ata de registro de preços feita pelo município de Peixoto de Azevedo (MT).

No dia 18 de março deste ano, a prefeitura de Ivinhema assinou contrato com esta mesma empresa e informou que iria gastar R$ 4.995.750,45 por um período de seis meses. Conforme o diário oficial daquela data, o contrato é para quarteirizar a gestão da frota municipal. 

Quarteirização é uma evolução do processo de terceirização, em que o gerenciamento dos terceiros passa para uma quarta empresa. Quer dizer, os contratos milionários são basicamente para gerenciar contratos que as prefeituras firmaram com outras empresas. As prefeituras de Água Clara e Anaurilândia não utilizam o termo quarteirização dos serviços.

Cidades

ANTT autoriza Arauco a construir ferrovia de 47 km em MS

Ramal ferroviário localizado no município de Inocência será utilizado para escoar celulose

09/04/2025 10h45

Foto: Mairinco de Paula/Semadesc

Continue Lendo...

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou por unanimidade a proposta da Arauco Celulose do Brasil S.A. para a construção e exploração de um ramal ferroviário de 47 km no município de Inocência, pelo prazo de 99 anos.

Por lá, a empresa constrói uma fábrica de celulose com investimentos de US$ 4,6 bilhões  e pretende usar o trajeto que se estende até a Malha Norte para escoar a produção estimada de 3,5 milhões de toneladas do polissacarídeo. 

Conhecida como Ferrovia Norte Brasil, a Malha Norte (EF-364) se estende por aproximadamente 755 km, conectando Santa Fé do Sul, em São Paulo, a Rondonópolis, no Mato Grosso. Atualmente, é operada pela Rumo Logística, após a aquisição da concessão original da Ferronorte S.A.

No último final de semana, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, visitou o local onde deve ser construído o terminal da fábrica da Arauco.

Cabe destacar que a Suzano já possui um terminal ferroviário também na Malha Norte, que leva a produção de caminhão de celulose de Ribas do Rio Pardo até a ferrovia que é despachada até o Porto de Santos e exportada.

"Esses investimentos refletem a importância estratégica da Malha Norte para o setor de celulose, proporcionando uma solução logística eficiente para o escoamento da produção até os portos de exportação. Essa aqui é a principal ferrovia de escoamento da celulose do Mato Grosso do Sul", salientou o secretário.

Segundo Verruck, a logística da celulose está pautada exatamente nessa ferrovia. "Para o Governo é importante que ela mantenha essa atividade e que efetivamente conecte toda a produção de celulose na nossa Malha Norte", reitera.

De acordo com Verruck, o Governo do Estado entende que as ferrovias são fundamentais na logística do escoamento da produção. "Entendemos que a ferrovia é operacional e altamente competitiva. Por isso apostamos também no desenvolvimento da Malha Oeste conectando com a Malha Norte", concluiu.

Tratativas

Apesar da concessão, outros trechos de ferrovias em Mato Grosso do Sul, que também possuem o aval da ANTT, seguem no papel. Um dos exemplos são os 231 quilômetros de ferrovia que liga Ribas do Rio Pardo a Inocência, trecho em que a Suzano Celulose foi autorizada a construir em janeiro de 2022, contudo, o projeto segue no papel. À época, a decisão autorizou investimentos de R$ 1,770 bilhão, com direito de a empresa de celulose  explorar o serviço por 99 anos.

Conforme o processo aprovado para interligar o novo trecho de ferrovia à malha da RMN, a Suzano pretende construir um “pátio de espera-despacho com um comprimento útil de 1.800 m, podendo absorver composições de até 80 vagões típicos de celulose.”

Em julho do ano passado, a Eldorado recebeu o aval para a construção de um ramal ferroviário entre a fábrica de celulose, em Três Lagoas, e a Ferronorte, em Aparecida do Taboado.

A autorização foi publicada no Diário Oficial do Estado, e cedeu à Eldorado a licença prévia para a instalação do ramal ferroviário, período em que a empresa se comprometeu a pagar mais de R$ 7,8 milhões em compensações ambientais ao governo do Estado.

O ramal, que está previsto para ter 89 quilômetros e exigir investimentos de R$ 890 milhões, pode enfrentar ajustes no orçamento. O valor estimado de R$ 10 milhões por quilômetro, com base em uma projeção de quatro anos atrás, já está defasado. A empresa chilena Arauco, por exemplo, estima um custo de R$ 17 milhões por quilômetro para um ramal de 47 quilômetros na cidade de Inocência.

Assine o Correio do Estado 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail marketing@correiodoestado.com.br na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).