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CPI da "pizza" custará mais que o anunciado na Câmara de Campo Grande

A comissão que apura a situação do transporte público gastou R$ 140 mil em contratos com assessorias especializadas

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Serviço contábil e jurídico contratado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o transporte público da Câmara Municipal de Campo Grande para auxiliar na análise financeira do Consórcio Guaicurus custou mais aos cofres públicos do que era esperado.

De acordo com valores publicados no Diário Oficial de ontem, foram homologadas duas contratações diretas: de serviços contábeis, com a empresa Platinum Contabilidades e Gestão Ltda., no valor de R$ 55 mil, e de serviços jurídicos, com o escritório Márcio Sousa Sociedade Individual de Advocacia, por R$ 85 mil.

Os serviços, somados, custaram R$ 140 mil para a Câmara. Anteriormente, em coletiva de imprensa realizada na semana passada, o presidente da Casa, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto, o Papy (PSDB), tinha informado que o gasto com o auxílio para a CPI ficaria em torno de R$ 100 mil.

“Não vou saber o valor exato, mas penso que passou dos R$ 100 mil, é um pagamento para ajudar a CPI a fechar o relatório”, declarou o presidente da Câmara.

Procurado pela reportagem, Papy também esclareceu que era necessária a contratação do serviço para analisar toda a documentação financeira do Consórcio Guaicurus, à qual a CPI teve acesso.

“Foi necessário porque o processamento de dados é muito grande, só o documento contábil do consórcio tem 130 mil páginas, então, ele é muito específico e complexo. Quando houve a necessidade, a relatora [Ana Portela, do PL] solicitou, via presidência da comissão, esta assessoria extra, contábil e jurídica”, disse Papy.

Ao Correio do Estado, o presidente da CPI, vereador Lívio Viana Leite, o Dr. Lívio (União Brasil), acrescentou que a comissão já tinha à disposição um escritório que estava auxiliando os vereadores durante a CPI, porém, foi necessário romper a relação por conta de uma determinação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), fazendo com que a CPI gastasse acima do previsto.

“O primeiro escritório contábil que estava auxiliando tinha um valor bem a baixo disso [de R$ 55 mil], porém, o Ministério Público pediu para romper o contrato com a assessoria jurídica que já prestava serviço para a Câmara, que era no valor de R$ 25 mil mensais, e, por isso, tivemos que contratar uma assessoria jurídica à parte, a pedido da relatora”, declarou Dr. Lívio.

O vereador também informou a reportagem que foram apresentados pela relatora da CPI, vereadora Ana Portela, três orçamentos para contratação, e os dois orçamentos mais baratos foram os escolhidos e aprovados. 

Ambas as contratações passaram pela análise da Controladoria-Geral e da Procuradoria-Geral da Casa, que não apontaram irregularidades.

Outro ponto apurado pela reportagem sobre os custos da CPI do transporte coletivo foi se os vereadores que compõe a mesa da comissão recebiam ou não hora extra, já que, durante o andamento da investigação sobre o equilíbrio econômico-financeiro contratual da concessão do transporte público e a fiscalização do estado de conservação da frota de veículos, os vereadores precisaram estender seu período de trabalho na Câmara.

“O Regimento Interno da Casa não prevê remuneração extra aos vereadores por atividades externas ou realizadas fora do horário das sessões ordinárias”, respondeu a Câmara, em nota.

ANÁLISE DE DOCUMENTOS

Sobre a CPI, o presidente da comissão, vereador Dr. Lívio, declarou que a investigação sobre o transporte público de Campo Grande não deve interferir em alterações contratuais da concessão entre Consórcio Guaicurus e Prefeitura de Campo Grande.

Dr. Lívio afirmou que o contrato celebrado em 2012 não é um dos fatores determinantes que CPI se propõe a encaminhar soluções, no entanto, um dos três pontos a serem investigados pela comissão tratava justamente do equilíbrio da concessão.

“Este assunto é muito complexo, rescisão de contrato só pode ser feita entre as partes que assinaram este contrato. Esta CPI não vai entrar neste mérito, nós vamos apontar as dificuldades de execução deste contrato tendo em vista o equilíbrio econômico-financeiro, que são os fatos determinados desta CPI. A gente deve se limitar a isso”, declarou.

O vereador também complementou que a decisão de manter a concessão com o Consórcio Guaicurus ou de rescindir o contrato não depende da CPI. 

“Se a análise do equilíbrio econômico-financeiro levar, posteriormente, a uma rescisão de contrato, isso não depende da gente, não temos condições de dizer se este contrato deve ser rescindido ou não”, disse.

Conforme informou a Câmara Municipal na abertura da CPI sobre o transporte coletivo, os fatos determinados que a comissão investiga são: a utilização de frota com idade média e máxima dentro do limite contratual e o estado de conservação dos veículos nos últimos cinco anos; o equilíbrio financeiro contratual após a aplicação dos subsídios públicos; e a fiscalização feita pela Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos e a Agência Municipal de Transporte e Trânsito no serviço de transporte público prestado pela concessionária.

Saiba

Uma nova oitiva da CPI do Ônibus está marcada para amanhã. Na ocasião, os convidados, de acordo com os vereadores, serão dois especialistas em transporte coletivo, Jurandir Fernandes e Maria Lúcia Torrecilha. 

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Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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