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Cracolândia de Campo Grande funciona em avenida movimentada, em plena luz do dia

Mesmo recebendo oferta de acolhimento da prefeitura, usuários de substâncias psicoativas dificilmente aceitam ajuda

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Não é difícil se deparar com um problema social que é prejudicial a moradores e a comerciantes na região do Jardim Jockey Club: o grande fluxo de usuários de drogas e moradores de rua que vagam próximos à Avenida das Bandeiras, que se tornou a Cracolândia de Campo Grande.

A via é um dos principais acessos entre o centro e a região sul da cidade, e hoje os comércios dividem espaço com o uso de drogas ilícitas, que não fica restrito à avenida e já ocorre em vias adjacentes.
Relatos de moradores e de comerciantes do bairro para a reportagem descrevem que os problemas de segurança com a formação da Cracolândia vêm se tornando recorrentes, e furtos e roubos podem ocorrer em qualquer horário do dia na região.

Marcio Pardini, morador do Jockey Club há 30 anos, se preocupa com a segurança do bairro e paga regularmente para um guarda-noturno fazer ronda pelas ruas.

“Aqui, roubos e furtos acontecem 24 horas por dia, moradores de rua, drogados, é o que todo mundo do bairro está reclamando, a segurança está péssima, e direto acontecem arrombamentos”, relatou.

O morador disse à reportagem que a insegurança no bairro aumentou após a desativação do posto policial do Jockey Club, que ocorreu há dois anos. “Raramente vemos uma viatura passar aqui no bairro, e nas vezes que passam, elas transitam pela Avenida das Bandeiras, que é a principal. Após as 20h, aqui no bairro ninguém se arrisca a andar na rua, por medo de ser assaltado”, contou.

Comerciante do bairro, Nivaldo Bogado, de 57 anos, informou que o seu estabelecimento já teve fios de cobre roubados diversas vezes, e que é corriqueiro os moradores de rua realizarem esses furtos para vender o cobre.

“Andar por aqui não é seguro, é perigoso em qualquer horário, porque aqui nesta região tem muitos usuários de drogas, o que nos deixa vulneráveis”, detalhou.

Nivaldo acredita que o acolhimento dos usuários de drogas é uma obrigação da prefeitura, e não de organizações religiosas e sem fins lucrativos. “O pessoal das igrejas vem e dá alimentação para eles, e isso faz com que eles permaneçam aqui e os crimes não parem de acontecer. Eu penso que quem deve cuidar deles é o Estado, a polícia passa de vez em quando, mas não aborda ninguém”, opinou.

REABILITAÇÃO

Existem saídas para se desvincular do ciclo vicioso das drogas, de acordo com o psicólogo João Carlos Sobreira, especialista em atendimento a pacientes com dependências químicas. 

Segundo ele, as pessoas precisam entender que a dependência não é uma deficiência moral, e sim uma condição emocional grave. “O transtorno por uso de substâncias pode acarretar problemas e sequelas por toda a vida, pois causa uma deficiência neuroquímica no cérebro, problemas socioemocionais, conflitos familiares, problemas com a lei e a morte precoce”, explicou.

As drogas também podem ocasionar ao usuário, de acordo com o especialista, a perda do controle das decisões e do sentido da vida. 

“Temos uma área em nosso cérebro conhecido como sistema de recompensa, que funciona como um GPS biológico de nossas decisões e escolhas, que gera nosso sentido de vida, então acredito que, quando perde o sentido de sua existência, o dependente despersonaliza, pois tudo perde o porquê”, informou o psicólogo.
Questionado sobre as clínicas de reabilitação e os métodos de internação compulsória, João Carlos disse que a falta de uma boa avaliação psicológica pode levar à internação de pessoas sem necessidade.

“Primeiro, a maioria dos lugares não são clínicas, mas se intitulam, e também estão longe de serem comunidades terapêuticas. A internação compulsória é sim necessária em alguns casos, mas precisa ter um trabalho integrado, porque cada um quer fazer de um jeito, e quem acaba por não ser tratado é o usuário”, declarou.

ABORDAGEM SOCIAL

Procurada pela reportagem do Correio do Estado, a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS) informou que realiza o Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), com equipes que oferecem atendimento à população de rua nas sete regiões da Capital, por meio de busca ativa e de denúncias feitas por meio dos dois celulares disponíveis para a população 24 horas por dia, incluindo feriados e fins de semana.

Conforme informado pela SAS, o objetivo preliminar desse serviço é “estabelecer vínculos com os usuários e assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, entre outras, possibilitando condições de acesso à rede de serviços e a benefícios assistenciais”, declarou, em nota.

De acordo com a Secretaria de Assistência Social, é oferecido àqueles que aceitam ajuda institucional o encaminhamento para tratamento da dependência química em comunidades terapêuticas por meio da parceria com a Subsecretaria de Direitos Humanos (SDHU). A Pasta, no entanto, disse não disponibilizar a internação compulsória aos moradores de rua.

Ainda segundo a SAS, ela tem convênio com 11 comunidades, que dispõem de 300 vagas para tratamento da dependência química, com acomodações para acolhimento. A SAS administra, por meio da Rede Municipal de Assistência Social, o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), localizado na Rua Joel Dibo, nº 255, Centro, que é um ponto de apoio às pessoas em situação de rua. 

A unidade oferece aos usuários orientação e encaminhamento a outros serviços socioassistenciais e às demais políticas públicas que possam contribuir na construção da autonomia, na inserção social e na proteção contra situações de violência.

O local também promove acesso a espaços de guarda de pertences, higiene pessoal, alimentação e fornecimento de documentação civil, proporcionando endereço institucional para utilização, como referência, do usuário.

Durante o primeiro semestre deste ano, conforme informado pela Pasta, foram realizados mais de 2 mil acolhimentos nas Unidades de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias (Uaifa), que têm como público-alvo migrantes, imigrantes, estrangeiros e população em situação de rua.

PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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