Inspeção realizada em setembro do ano passado pela Agência Municipal de Proteção e Defesa Civil de Corumbá constatou infiltração na barragem Laís, da mineradora Vetorial, localizada no Maciço do Urucum. No entanto, de acordo com o primeiro-tenente do Corpo de Bombeiros Isaque do Nascimento, diretor-executivo da agência, o problema é considerado “tênue” e não representa risco, apesar de ser sinal de alerta quanto às condições da estrutura.
Em entrevista ao Correio do Estado, Nascimento explicou que após a fiscalização, a empresa iniciou série de vistorias diárias no local, com consentimento da Agência Nacional de Mineração (ANM). Os reparos devem ocorrer ainda este ano, quando a barragem passará por alteamento, saltando de 23 metros para 27 metros de altura, aumentando a capacidade de armazenamento de rejeitos de 800 mil metros cúbicos para 1,09 milhão de metros cúbicos.
Ainda de acordo com Isaque, em caso de rompimento, 12 famílias, aproximadamente 40 pessoas, podem ser atingidas. Além disso, a Vetorial ainda não implementou sistema de segurança com alarmes, sirenes, sinalização para rotas de fuga e pontos de encontro. “Isso deve ser implantando também este ano, porque o alteamento da barragem só vai acontecer depois que todos os requisitos de segurança foram cumpridos. Mas a empresa está dentro do prazo”, explicou.
De acordo com o parecer técnico de 2015 do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), a mineradora Vale tem 14 barragens de rejeitos no Morro do Urucum e 1 no Morro de Santa Cruz, denominada Barragem do Gregório. A Vetorial, por sua vez, tem duas no Urucum, sendo a Laís a maior deste grupo. “Todas elas foram vistoriadas no ano passado pela Defesa Civil de Corumbá. Primeiro a Vetorial, em setembro, e em seguida a Vale, em outubro. No caso da Vale, tudo estava dentro das conformidades”, pontuou Nascimento.
Ele reforçou ainda que as mineradoras operaram em Mato Grosso do Sul por mais de 40 anos sem alguns dispositivos de segurança como as sirenes, que passaram a ser obrigatórios a partir do ano passado, conforme decreto ministerial após o caso de Mariana (MG). “No caso da Vale, por exemplo, o aparato de segurança foi montado em Corumbá no ano passado mesmo. Ela foi a primeira. Logo em seguida fizemos um simulado nas imediações da barragem do Gregório, que é a maior delas [com capacidade de 9,3 milhões de litros cúbicos de rejeito] e cujo a rota afetaria aproximadamente 250 pessoas em um dia comum”, pontuou ele, reforçando que o problema pode ser maior.
“Como é uma área de balneários, dependendo do dia, podem estar na rota dos rejeitos até 600 pessoas. Por isso fizemos simulado na prática com os moradores, juntamente com o Exército, a Marinha, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Defesa Civil e todo o contingente da Vale, como forma de prepararmos as pessoas e orientá-las caso haja rompimento”, pontuou. A barragem do Gregório tem baixo risco de rompimento, mas os danos são altos, pois poderia causar estrago sem precedentes pelo Pantanal, num trajeto de 16 quilômetros até nas imediações da BR-262.
FORÇA-TAREFA
Grupo de trabalho coordenado pelo Imasul, criado para vistoriar as barragens de contenção de rejeitos de minérios de ferro da Vale e da Vetorial – mineradoras que exploram as reservas minerais de Corumbá -, iniciou nesta ontem a ação preventiva para identificação da rotina operacional das instalações recomendada pelo governador Reinaldo Azambuja.
Ontem houve uma reunião com as empresas e hoje as equipes participam de vistorias no local. Pela manhã, visitam as instalações da Vetorial e à tarde da Vale. Participam: a procuradora federal Maria Olívia Pessoni Junqueira, Ricardo Ebole, do Imasul; deputado Felipe Orro, da comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa; Marcos Derzi, da Sudeco; e representantes da prefeitura de Corumbá, Defesa Civil do Estado; Corpo de Bombeiros; Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/MS) e Polícia Militar Ambiental.