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LUTO

Dentista que foi vítima de homofobia em drive de vacinação é encontrado morto

Em agosto, mulher recusou que filha fosse vacinada pelo profissional por ele ser homossexual

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O dentista Gustavo dos Santos Lima, de 27 anos, que sofreu homofobia no drive-thru de vacinação por uma mulher que se recusou a permitir que ele aplicasse a vacina em sua filha por ser homossexual, foi encontrado morto na madrugada desta quinta-feira (14).

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) emitiu nota de pesar pelo falecimento do profissional, que era residente na Unidade de Saúde da Família (USF) Coophavilla II e atuava na frente de vacinação contra a Covid-19.

"Em suas publicações nas redes sociais, se mostrava realizado e satisfeito com o trabalho que vinha realizando no apoio à saúde da população do município", diz a nota.

A causa da morte não foi informada, mas nas redes sociais, amigos afirmam que o jovem lutava contra a depressão.

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Nas redes sociais do dentista, amigos e outras pessoas que se solidarizam com o caso do jovem lamentaram a morte precoce.

"Descanse em paz, com certeza esse mundo não te merecia e você não merecia ter sofrido o que sofreu!", diz uma das publicações.

"Quanta dor! Homofobia mata, é vil, é cruel. Brilhe no céu", diz outra.

"Imagino a dr que ele sentiu com essa atitude de pessoas que não respeitam o servidor que está disposto todos os dias a prestar o melhor possível do seu serviço. O sentimento de incapacidade, inutilidade junto com outros fatores. Que no outro plano espiritual seja recebido com todo amor e carinho que merece", comentou uma mulher no post da Sesau.

Homofobia

No dia 21 de agosto, o dentista foi alvo de homofobia, em caso que ganhou repercussão, sendo ele homenageado posteriormente na Câmara Municipal e Assembleia Legislativa.

Na ocasião, o profissional de saúde trabalhava no drive-thru do Albano Franco, aplicando vacinas contra a Covid-19 em adolescentes a partir de 13 anos, que era o público-alvo da data e que é obrigatório estar acompanhado dos pais.

Uma mulher, que aguardava na fila, ao chegar sua vez recusou que a filha fosse vacinada pelo profissional, além de proferir ofensas contra ele.

"Eu não quero que minha filha seja vacinada por esse tipo de gente, um viado", disse a mulher aos gritos, usando de palavras pejorativas e homofóbicas.

Em desabafo nas redes sociais, na época, o profissional contou que trabalhava normalmente em um dos boxes, local onde entram dois carros por vez.

Segundo ele, enquanto orientava as pessoas que havia acabado de vacinar, percebeu uma movimentação no carro de trás, que aguardava a vez.

A motorista do veículo gritava de dentro do carro e chegou a jogar os documentos dela e da filha no chão.

Quando outra profissional disse que a mulher deveria pegar os documentos e entregar em mãos para que a menina fosse vacinada, a mulher desceu do veículo e ofendeu o cirurgião dentista.

“Ela pegou os documentos do chão e apontou seus dedos para mim dizendo: 'eu não quero que minha filha seja vacinada por esse tipo de gente, um viado”, contou o profissional no Instagram.

Segundo Lima, no momento ele ficou sem reação, enquanto os demais trabalhadores do local alertaram a mulher que o que ela estava fazendo se tratava de um crime.

Fora de controle, a agressora precisou ser retirada do box. Ao ser informada que ela não seria atendida naquele drive e que deveria procurar outro, ela responde: “Com o maior prazer”, e foi embora do local.

Lima continuou o trabalho normal, vacinando todas as pessoas que passaram pelo local no período vespertino. No entanto, a situação o deixou abalado, ainda mais por ser a primeira vez que havia passado por esse tipo de agressão, segundo ele.

“Fiquei em um estado letárgico, continuei trabalhando ainda sem ter caído a ficha de que havia passado por aquilo. A senhora começou a discussão, pois já chegou ao box dizendo que não queria que eu vacinasse sua filha ou chegasse perto”, contou.

“Isso sem me conhecer ou ao menos trocar uma palavra comigo, apenas por puro preconceito”, acrescentou.

“Tudo isso aconteceu porque eu estava trabalhando, ajudando na vacinação, para que possamos sair logo dessa situação, em um sábado no qual poderia estar descansando em casa”, disse o profissional de saúde no desabafo.

TRÁFICO DE DROGAS

PRF prende suspeito em flagrante em Operação Duplicis no interior do Estado

Combate ao tráfico de drogas, Polícia Federal cumpre sete mandados de busca e apreensão, e prende investigado em flagrante

16/12/2025 09h35

Polícia Federal cumpre sete mandados de busca e apreensão em Operação de combate ao tráfico de drogas

Polícia Federal cumpre sete mandados de busca e apreensão em Operação de combate ao tráfico de drogas Divulgação/PRF

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Na manhã desta terça-feira (16), a Polícia Federal deflagrou a Operação Duplicis, e cumpriu sete mandados de busca e apreensão, por tráfico de cocaína em duas cidades do interior do Estado.

Com objetivo de combater o tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul, a ação aconteceu em Corumbá e em Miranda, cidades a 426 quilômetros e a 207 quilômetros de Campo Grande respectivamente.

A ação iniciou quando um investigado foi preso em flagrante na BR-262, que seguia de Corumbá para a Capital sul-mato-grossense. Na ocasião, a droga encontrada com o suspeito seria distribuída em Miranda, que fica entre o trajeto Corumbá-Campo Grande.

Polícia Federal cumpre sete mandados de busca e apreensão em Operação de combate ao tráfico de drogas

Então, com as investigações e apuração do caso, a PRF pôde identificar outros suspeitos envolvidos no esquema criminoso.

Entre os sete criminosos, um deles estava escondendo tabletes de cocaína em sua casa, e foi preso em flagrante após a polícia bater em sua porta e encontrar os pacotes de droga armazenados.

Os mandados foram expedidos devido às provas coletadas na investigação, que identificou também os eventuais fornecedores dos entorpecentes que estavam vindo do outro município.

A Polícia Federal levou a droga apreendida para ser periciada e analisada. Quanto aos investigados, os sete poderão responder pelo crime de tráfico de drogas, que tem pena base de 5 a 15 anos, além de multa, a depender do agravamento de cada caso.

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CONFLITOS AGRÁRIOS

Queda do marco temporal preocupa produtores de MS

Em julgamento no STF, os ministros Gilmar Mendes e Flávio Dino já votaram pela inconstitucionalidade da tese que limita as demarcações de terras indígenas

16/12/2025 08h40

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento Dourados News/Clara Medeiros

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A retomada do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da tese do marco temporal, ferramenta que determina que terras só podem ser demarcadas se indígenas as estivessem ocupando quando a Constituição Federal foi promulgada, em outubro de 1988, tem causado preocupação aos produtores rurais de Mato Grosso do Sul, estado com a terceira maior população indígena do País.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni, a conciliação realizada ao longo de 10 meses no STF entre produtores rurais e representantes dos indígenas foi produtiva e rendeu alguns apontamentos, entretanto, a possibilidade de derrubar a tese do marco temporal, que foi aprovado pelo Congresso Nacional mesmo após a Corte o ter entendido como inconstitucional, preocupa o setor.

Ao Correio do Estado, Bertoni afirmou que a discussão no STF rendeu “pontos positivos”, como a indenização aos donos das propriedades demarcadas, a possibilidade de o produtor ficar com a posse da área até ela ser paga, o acompanhamento de todo o processo de levantamento de dados da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a reintegração de posse.

“O que nos deixa preocupado é a queda do marco temporal. Discutimos muito isso, dizendo que o marco temporal não limita os direitos dos povos originários, ele simplesmente mostra a trava que tem naquele período em que os indígenas ocupam as suas terras e as próximas áreas eles teriam que comprar e desapropriar. Isso está no Estatuto do Índio, onde diz que a qualquer tempo eu posso criar novas reservas, então, a preocupação nossa é só com o marco, para fazer com que isso seja travado e dali para a frente começar a fazer indenização justa e prévia, e que a União não quer indenizar. Então, não adianta eu resolver uma injustiça com os indígenas criando outra com os produtores rurais”, declarou o presidente da Famasul.

Até este momento, dois ministros já votaram no julgamento, Gilmar Mendes, que foi o relator da matéria no STF, e Flávio Dino. Ambos votaram pela inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. Os votos foram proferidos ontem, durante sessão do plenário virtual da Corte, que julga quatro processos sobre a questão.

Em sua manifestação, o ministro Gilmar Mendes considerou o marco temporal inconstitucional. No entendimento dele, o Legislativo não pode reduzir direitos assegurados aos povos indígenas.

“A imposição do marco temporal implicaria restrição indevida ao princípio da vedação ao retrocesso e à proteção insuficiente dos direitos fundamentais”, afirmou.

O ministro também determinou que todas as demarcações de terras indígenas devem ser concluídas no prazo de 10 anos.

Flávio Dino acompanhou o relator e disse que a proteção constitucional aos indígenas independe da existência de um marco temporal.

“Qualquer tentativa de condicionar a demarcação de terras indígenas à data da promulgação da Constituição de 1988 afronta o texto constitucional e a jurisprudência consolidada pelo Supremo Tribunal Federal”, afirmou Flávio Dino.

A votação ficará aberta até o fim da noite de quinta-feira. Ainda faltam oito ministros proferirem seus votos.

BRIGA

O julgamento é necessário porque em 2023 o STF considerou a tese do marco temporal inconstitucional. Além disso, o marco também foi barrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou parte da Lei nº 14.701/2023, aprovada pelo Congresso Nacional. Contudo, os parlamentares derrubaram o veto presidencial e promulgaram a medida.

Dessa forma, voltou a prevalecer o entendimento de que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

Após a votação do veto presidencial, o PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Por outro lado, entidades que representam indígenas e partidos governistas também recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese.

É neste cenário de divergência que o Supremo volta a analisar a matéria.

Em paralelo ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Senado aprovou, na semana passada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 48/2023, que insere a tese do marco temporal na Constituição Federal, em novo capítulo da briga entre Legislativo e Judiciário.

*SAIBA

Em meio à votação da constitucionalidade do marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), indígenas ontem bloquearam parcialmente a rodovia MS-156, em Dourados. O grupo protestava contra a tese do marco temporal para demarcações de terras.

(Com agências)

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