Dois dias após aprovarem, por unanimidade, o Estado de Greve, os cirurgiões-dentistas da rede pública de Campo Grande participaram, na tarde desta segunda-feira (17), da primeira reunião com representantes da Prefeitura. O encontro, porém, terminou sem avanço nas negociações e sem sinalização de proposta por parte da gestão.
A principal cobrança dos profissionais é o cumprimento da decisão judicial que determina o reposicionamento no plano de cargos e carreiras, previsto desde 2022 e já confirmado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O município, porém, não apresentou previsão para efetivar o reposicionamento, e também não avançou em pautas como atualização salarial e regulamentação do auxílio-alimentação.
"Estamos aguardando há mais de três anos para termos esse direito cumprido pela prefeitura e não abrimos mão, pois o conquistamos na justiça", enfatizou o presidente do SIOMS, David Chadid.
Desde maio, a categoria tenta reaver reajustes que variam entre 15% e 68%. A Prefeitura também já acumula multa diária de R$ 1 mil pelo descumprimento da liminar que determina progressão vertical na carreira.
A mobilização ocorre em meio a denúncias de precariedade nas unidades de saúde. Durante a assembleia realizada no sábado (15), cerca de 100 dentistas relataram falta de insumos básicos, como luvas, rolinhos de algodão e até compressores em funcionamento, além de sobrecarga de trabalho, o que, segundo o sindicato, compromete diretamente a qualidade do atendimento prestado à população.
Ao fim da reunião, a gestão informou apenas que avaliará uma proposta a ser apresentada em um novo encontro, ainda sem data definida.
Próximos passos
Diante da falta de avanço, o Sioms afirma que acionará novamente o Judiciário, pedindo a majoração da multa, possíveis bloqueios de contas, entre outras responsabilizações judiciais cabíveis nesta etapa de descumprimento.
Por enquanto, permanece mantido o Estado de Greve entre os profissionais da rede pública municipal. Segundo o sindicato, caso não haja avanço nas negociações, a mobilização pode resultar em paralisação parcial dos atendimentos odontológicos. Conforme prevê a legislação, cerca de 30% dos profissionais devem permanecer em atividade.
Uma nova assembleia deve ocorrer nos próximos 15 dias para deliberar sobre paralisação de um dia, greve por tempo indeterminado e calendário de mobilizações. A decisão vale somente para dentistas sindicalizados, e novos profissionais interessados podem procurar o sindicato.
Participaram da reunião os diretores Sacadura Espada Lima Júnior e Jader Vasconcelos, além do assessor jurídico Alexandre Warpechowski.


