Após a repercussão nas redes sociais do grito de guerra dos 427 formandos do Curso de Formação da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, o deputado estadual Coronel David (PL) saiu em defesa do que classificou como “manifestação cultural da vida militar”.
O parlamentar, que atuou por mais de 30 anos na segurança pública e comandou a PMMS, criticou, por meio de suas redes sociais, no sábado (2), entidades que emitiram notas de repúdio, como o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que no mesmo dia se manifestou classificando a situação como grave.
Para o parlamentar, o grito de guerra, entoado após a solenidade de conclusão do curso, cumpre um papel de preparação em que os policiais “criam casca” para “enfrentar a guerra nas ruas”.
“É a casca que se forma para enfrentar o inferno que a política frouxa criou nas ruas”, disse David.
O grito em questão, que em um trecho diz “o interrogatório é muito fácil de fazer. Eu pego o vagabundo e bato nele até morrer”, para o deputado, cumpre o papel de preparo psicológico para os policiais militares.
Para o parlamentar, houve uma tentativa de associar o ato a um “discurso de ódio” por parte da militância. Cabe ressaltar que o governo do Estado também se pronunciou, repudiando a “conduta que incentiva a violência” e determinando que medidas fossem tomadas para apurar os fatos.
Repúdio da OAB
No mesmo dia em que o deputado usou suas redes sociais, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso do Sul manifestou repúdio ao grito de guerra entoado por integrantes da nova turma do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar.
A nota criticou expressões que vão desde “Bate na cara, espanca até matar” até “Arranca a cabeça dele e joga ela pra cá”, por, segundo a entidade, manifestarem apologia explícita à violência, o que é incompatível com os princípios constitucionais.
“A naturalização da violência como instrumento legítimo de ação policial representa grave ameaça à ordem constitucional e fomenta a cultura de abusos e violações sistemáticas de direitos, especialmente contra populações em situação de vulnerabilidade, em flagrante desrespeito aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil no âmbito do Sistema Interamericano de Direitos Humanos e do Sistema Global das Nações Unidas”, diz a nota.
A OAB/MS afirmou que irá acompanhar o caso para que as autoridades competentes do Comando-Geral da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul e da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública identifiquem e responsabilizem os envolvidos, adotando medidas urgentes e eficazes voltadas à reformulação das práticas pedagógicas e institucionais adotadas nos cursos de formação policial.



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