Após o duplo feminicídio que tirou a vida de Rosimeire Vieira de Oliveira, 37 anos, da mãe dela, Iranilde Vieira Flores de Oliveira, 83 anos, e do filho da vítima, Bruno de Oliveira Gonçalves, 31 anos, uma mulher teve o rosto desfigurado pelo companheiro em Rochedo.
O crime cometido por Higor Thiago Santana de Almeida, de 31 anos, que esfaqueou as vítimas e ateou fogo na residência, chocou o município, a ponto de uma mulher, que estava sendo agredida, entrar em contato com a vereadora da cidade.
“Como aconteceu isso [caso do duplo feminicídio], todo mundo está aterrorizado e ninguém quer ajudar, com medo agora, né?”, disse a vereadora.
Por meio das redes sociais, a vereadora Cleia Lemos Corrêa publicou um vídeo em que relatou que, durante a madrugada desta quarta-feira (12), foi procurada por essa mulher, que pedia socorro.
Ela acionou a polícia e foi até a casa da vítima, que não teve a idade divulgada. Em conversa com a parlamentar, a mulher relatou que a violência contra as mulheres é constante em Rochedo.
“Acionei a polícia, fomos até a casa dela e, quando chegamos lá, a mulher quis dizer que havia se machucado na porta, porque justificou que não tinha onde ficar e dependia totalmente dele”, contou a vereadora.
Caso não houvesse a formalização da denúncia, o homem não seria preso. A vereadora pediu um voto de confiança, e a vítima teve coragem de prosseguir com a ocorrência, o companheiro dela foi preso.
“Está acontecendo isso: muitas mulheres estão com medo de sair do casamento, dessas coisas, porque o município não ajuda. Inclusive, o delegado me propôs fazer um projeto para construir uma casa-abrigo aqui para as mulheres, porque muitas não saem de casa devido à dependência financeira. O cara acabou com o rosto da moça, sabe?”.
A vereadora relatou que, além de socorrer a mulher, que agora está residindo sozinha na casa, também conseguiu um emprego para ela, que iniciará assim que se recuperar.
Outras pessoas a alertaram de que o agressor pode atacá-la quando sair da cadeia, ciente da situação, Cleia respondeu: “É um risco que vou correr também”.
Sobre o agressor, informou que ele está no município há cerca de cinco meses e veio para trabalhar em um frigorífico. A moça já havia morado em Rochedo quando era mais nova e retornou recentemente.
“Ela veio há pouco tempo para morar aqui, conheceu ele e ficaram juntos.”
Mobilização
Na Câmara Municipal, que conta com nove vereadores, sendo apenas duas mulheres, Cleia disse que conversou com a colega de Casa de Leis e pretende falar com os outros parlamentares para alinhar projetos voltados à independência financeira das mulheres e, em especial, à construção da Casa-Abrigo.
“Se nós, mulheres, não nos ajudarmos, quem vai nos ajudar? Aqui não tem um projeto que tire mulher de casa, que insira mulher no trabalho, que arrume um lugar para ela morar. Então, as mulheres apanham, sofrem por dependência financeira. Aqui tem muito caso de violência doméstica.”
Ainda segundo a vereadora, enquanto esteve na delegacia conversando com o delegado, somente durante a madrugada três homens foram presos por agredirem as companheiras.




