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Em debate com ex-Inpe, Salles admite que desmatamento cresce desde 2012

Em debate com ex-Inpe, Salles admite que desmatamento cresce desde 2012

ESTADÃO CONTEÚDO

11/08/2019 - 21h00
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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, admitiu em debate com o ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão, no Programa Painel Globonews, que foi ao ar no sábado, 10, que o desmatamento no Brasil vem crescendo desde 2012. O ministro disse ainda nunca ter dito que os números recentes sobre o desmatamento na Amazônia, que geraram a polêmica que levou à demissão do presidente do Inpe, foram manipulados. O que foi manipulado, de acordo com Salles, foi a forma com que os dados foram divulgados e o "sensacionalismo" em torno desta forma de divulgação.

"Eu não tenho dito que os dados estão sendo manipulados. O que está sendo manipulada é a forma de se apresentar os números e o sensacionalismo criado em torno desta forma. Por que digo isso? Porque está dito textualmente no site do Inpe que o Deter não serve para medir desmatamento. Portanto, se você não pode medir, você não pode comparar. Não mede antes, não mede depois, então não tem como comparar", disse Salles.

O Deter é um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal da Amazônia feita pelo Inpe. Segundo o ministro, o Deter tem uma série de questões a serem consideradas. Por exemplo, o sistema não vai direto ao mesmo lugar novamente, a recorrência das imagens não é a mesma e o lapso temporal de comparação também não é o mesmo.

"Então não é uma crítica aos dados, propriamente ditos, ou à produção dos dados. Ao contrário do que se disse por aí, que estamos discutindo o termômetro, não estamos discutindo o termômetro e sim o sensacionalismo em torno da leitura dos dados Quando nós mostramos que os dados não servem para isso, veio o argumento, que deveria ter sido feito por quem apresentou os dados lá atrás, de que era uma tendência", disse o ministro, reiterando que o que foi contestado pelo governo foi a interpretação e não os dados.

O ex-presidente do Inpe Ricardo Galvão, por sua vez, deu razão ao ministro ao afirmar que não está correto comparar os números de meses deste ano com números de meses do ano passado, mas disse que não foi o Inpe que divulgou os números.

"Não foi apresentado [número]. O sistema Deter foi implantado em 2003 e o ministro está completamente correto ao dizer que utilizar os dados para comparar áreas desmatadas deste ano com mesmos meses do ano passado não está correto. Agora, isso nunca foi dito pelo Inpe. O Deter oferece as áreas nos seus alertas para priorizar ações do Ibama", disse Galvão.

No entanto, segundo o ex-presidente do Inpe, o governo reagiu "erradamente, muito fortemente, porque esse sistema Deter foi desenvolvido como serviço para o Ibama. Quem tem acesso sem nós passarmos nada é o Ibama dia-a-dia. É só acessar o nosso sistema".

"Se o presidente Bolsonaro reclamou de que nós não avisamos antes, isso é responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente. Eles têm os dados, eles têm os dados do Ibama. Não cabe ao Inpe divulgar nada. As informações estão disponíveis e essa acusação não está correta", disse Galvão ao ministro.

Galvão fez questão de frisar que os mesmos números, objeto da polêmica entre governo e Inpe, serviram para reduzir substancialmente o desmatamento na Amazônia entre 2004 e 2012, desde os ministros Marina Silva, Carlos Minc e Isabela Teixeira, os três nos governos petistas.

"Será que o ministério, antes, com os outros ministros, tinha maior capacidade de usar os mesmos números de dados?", questionou o ex-presidente do Inpe.

A questão, segundo Salles, é que os números que foram usados para o que ele chama de "sensacionalismo" chegaram antes para a imprensa do que para o Ibama. "Quando o Ibama foi se debruçar sobre os dados, eles já estavam na imprensa. Essa foi a razão pela qual dissemos que os números, os documentos, os estudos estão sendo disponibilizados para quem os quer interpretar de forma sensacionalista - jamais dissemos que foi o Inpe que fez esta interpretação sensacionalista. Mas de alguma forma a imprensa teve acesso aos dados antes do Ibama", afirmou o ministro.

Salles disse que o Grupo Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima) do Ibama foi surpreendido três vezes no mês de junho por informações que desconhecia. "Um repórter especial sabia antes do que o grupo governamental", queixou-se o ministro do Meio Ambiente.

O ex-presidente do Inpe disse também não ver viés político nas críticas do atual governo aos dados do órgão porque elas também foram feitas pelo governo Sarney e, depois, pelo ministro Blairo Maggi, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não há nada de ideologia, ministro", disse Galvão. Para ele, um programa de desenvolvimento sustentável tem que ser articulado entre a academia, empresas e governo.

"O que nós usamos são publicações científicas, ministro. Não balela como vocês usam. Não coisa de jornalzinho e Twitter. Eu admiro quem usa Twitter, mas eu não uso. Uma coisa que qualquer dirigente de um país precisa entender é que quando se trata de questões científicas, não existe autoridade acima da soberania da Ciência. Nem militar, nem política e nem religiosa", disse o ex-presidente do Inpe.

 

Sanidade animal

Caso de gripe aviária em Carcará está sendo investigado em MS

O Ministério da Agricultura e Pecuária está analisando mais um caso suspeito no Estado

20/06/2025 17h00

Reprodução internet

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Mato Grosso do Sul investiga mais um caso de gripe aviária, desta vez em uma ave silvestre, um carcará (Caracara plancus), em Anaurilândia, município localizado a 377 km de Campo Grande.

O caso está registrado no painel de investigações da Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

O mais recente caso em investigação anterior envolveu uma galinha d’Angola, no município de Paraíso das Águas.

Em 30 de maio, o Mapa atualizou duas suspeitas: a da galinha d’Angola e a de uma galinha de criação doméstica, em Amambai. Ambos os casos deram negativo.

A primeira suspeita no Estado ocorreu no município de Angélica, localizado na região leste, e também teve resultado negativo. Nessa situação, tratava-se de uma criação doméstica, não voltada para o comércio.

O segundo caso, também com resultado negativo, foi registrado no município de Jardim; o terceiro, em Amambai. Até o momento, Mato Grosso do Sul teve apenas um caso positivo de gripe aviária, registrado em 2023, no município de Bonito.

Primeiros casos negativados em 2025


Angélica
Jardim
Amambai
4º Paraíso das Águas

Com a nova suspeita envolvendo o carcará, é o quinto que passa por investigação no Estado.

Reproduções Mapa

Medidas de biossegurança


A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) intensificou, junto a produtores, as orientações sobre biossegurança e o fortalecimento da educação sanitária em propriedades da agricultura familiar de Mato Grosso do Sul.

A ação conjunta foi motivada pelo recente caso de influenza aviária (H5N1) detectado em uma granja comercial em Montenegro (RS).

Para evitar que algo semelhante ocorra no Estado, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), em parceria com a Embrapa Pantanal e a Iagro, intensificou a mobilização preventiva, com a realização de capacitações, oficinas, repasse de informações, visitas técnicas e ações de vigilância participativa.

O objetivo é orientar pequenos produtores sobre os protocolos de biosseguridade e biossegurança, com foco especial em regiões de fronteira e em comunidades que praticam a avicultura de subsistência.

As apurações

As investigações são corriqueiras no sistema de defesa agropecuária nacional, já que a notificação é obrigatória. A influenza aviária de alta patogenicidade (vírus H5N1) é uma doença de notificação obrigatória imediata aos órgãos oficiais de defesa sanitária animal do País.

Produtores rurais, técnicos, proprietários, prestadores de serviço, pesquisadores e demais envolvidos com a criação de animais devem notificar imediatamente os casos suspeitos da doença ao Serviço Veterinário Oficial (SVO).

O Brasil já realizou mais de 2.500 investigações de suspeitas de gripe aviária desde maio de 2023, quando houve a primeira ocorrência em ave silvestre, segundo o Ministério da Agricultura.
Até o momento, há um caso confirmado de gripe aviária (influenza aviária de alta patogenicidade, H5N1) em granja comercial no País, em Montenegro, em um matrizeiro de aves na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. 

No total, o País já registrou 174 casos da doença em animais silvestres (sendo 168 em aves silvestres), 5 focos em produção de subsistência, de criação doméstica, e 1 em produção comercial.

** Colaborou Eduardo Miranda e Judson Marinho

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Terceira fase

Chefão dos ônibus pode ser liberado de depor na CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito se reúne em reunião fechada na próxima segunda-feira (23) para fazer os levantamentos da terceira fase da investigação

20/06/2025 16h45

Paulo Constantino apresentou atestado e não compareceu à oitiva

Paulo Constantino apresentou atestado e não compareceu à oitiva Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Dono dos ônibus de Campo Grande pode ser liberado de depor. 

A CPI do Transporte Público de Campo Grande decide, em reunião fechada, na próxima segunda-feira (23) se será feita uma nova convocação para depoimento do proprietário do Consórcio Guaicurus, Paulo Constantino. Ele tinha sido convocado para prestar esclarecimentos na última oitiva no dia (17), mas apresentou atestado médico e não compareceu. 

O presidente da Comissão Parlamentar, Dr Livio Leite (União) disse que a ausência de Constantino não trouxe grandes prejuízos. 

“Eu tenho uma opinião pessoal minha de que, quanto maior é o cargo do profissional, menos ele entende os detalhes mais específicos que nos interessan, então não acredito que tenha sido de grande prejuízo essa ausência. Mas vamos deliberar, na segunda-feira, a convocação dele”.

A família Constantino é dona de empresas responsáveis pelo fornecimento de transporte público em mais duas cidades no país como Blumenal (SC) e São José do Rio Preto (SP), que também já abriram CPIs para investigação dos serviços prestados.

Entre as queixas estavam a superlotação, falta de equipamentos de proteção individual na época da pandemia de Covid-19 e irregularidades contratuais. 

Nos dois casos, as investigações foram favoráveis às empresas de transporte. 

CPI

O último ouvido na terceira fase da CPI foi o diretor-presidente do Consórcio, Themis de Oliveira. Em depoimento, ele afirmou que a empresa recorreu à decisão da Agência de Regulação e Serviços (Agereg) sobre a substituição de 98 ônibus velhos da Capital, com prazo de 30 dias. 

Ele afirmou que é “impossível” adquirir essa quantidade de veículos em um prazo curto, já que é preciso 200 dias para a entrega de um ônibus, e muito menos sem os recursos que não foram repassados pela prefeitura. 

Themis também disse que a responsabilidade de tornar o transporte coletivo atrativo novamente não é somente do Consórcio, mas da prefeitura, com a elaboração de um novo plano de mobilidade urbana. 

“O que melhora o transporte coletivo é plano de mobilidade, corredor exclusivo para ônibus, discutir de maneira pró ativa com a prefeitura o estabelecimento do reequilíbrio tarifário e a atualização do subsídio”. 

Na segunda-feira (16), o diretor jurídico e administrativo do Consórcio Guaicurus, Leonardo Martins Marcell, disse que a Agereg “cria caso” para investigação do Consórcio como uma “cortina de fumaça” para o enfrentamento do problema. 

“Goste ou não, a prefeitura vai ter que fazer os investimentos. Aí que é a questão: a prefeitura está disposta a fazer os investimentos necessários?”, questionou na sessão. 

Também foi ouvido o ex-diretor do Consórcio, João Resende, que afirmou que o Consórcio “só vai comprar ônibus novos se a prefeitura pagar o que deve”. Segundo ele, o Consórcio tem um prejuízo líquido acumulado desde o período pós pandemia, de 2020 a 2024 e que tem pedido socorro às instituições públicas há tempos. 

De acordo com as investigações em andamento no Tribunal de Contas, a dívida da Prefeitura à empresa pode chegar a R$380 milhões. 
 

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