Cidades

CONDENAÇÃO

Estado e Capital terão que indenizar os pais da menina Sophia até 2095

Justiça determinou a indenização por danos morais no valor total de R$ 430 mil e pensão mensal vitalícia

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O juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos, condenou o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande, por danos morais e materiais aos pais da menina Sophia de Jesus Ocampo, assassinada aos dois anos de idade, pelo padrasto e pela mãe em janeiro de 2023. 

A Justiça responsabiliza os órgãos por falhas na prestação do serviço público, quanto às denúncias de maus-tratos e às providências que haveriam de ter sido tomadas em relação à menina. 

Jean Carlos Ocampo da Rosa, pai biológico, e Igor de Andrade Silva Trindade, pai afetivo, receberão indenização por danos morais no valor total de R$ 430 mil, sendo R$ 350 mil para Jean e R$ 80 mil para Igor, com atualização pela Taxa Selic.

Jean Ocampo, pai da menina SophiaJean Ocampo, pai biológico da menina Sophia

Além da indenização por danos morais, a condenação inclui:

  • pagamento de indenização por danos materiais, na forma de pensão na proporção de 70% para Jean e de 30% para Igor, do valor equivalente a 2/3 do salário-mínimo -  de 02/06/2034 (quando Sophia completaria 14 anos) até a data de 02/06/2045 (quando a menina teria 25 anos). A partir desta data, o valor será reduzido para 1/3 do salário-mínimo, cessando definitivamente em 02/06/2095, quando Sophia estaria com 75 anos de idade, ou na data do óbito dos beneficiários, o que ocorrer primeiro, sem inclusão de 13º salário e abono de férias;
  • o Estado e o Município terão que incluir Jean e Igor em folha de pagamento, a partir de junho de 2034, para o pagamento da pensão mensal na mesma data em que realizarem a contraprestação de seus servidores públicos, ficando cada um responsável ao pagamento de 50% do valor das pensões ora fixadas.

Entendimento da Justiça

Em relação a pensão vitalícia, com base no entendimento Superior Tribuinal de Justiça (STJ), mesmo que a vítima falecida seja menor de idade, se proveniente de uma família de baixa renda, entende-se que, quando fosse adulta, não deixaria os pais desamparados, razão pela qual estes teriam direito ao recebimento de pensão vitalícia.

A análise das provas produzidas nos autos conclui que, de fato, houveram seguidas e sucessivas falhas e omissões dos agentes públicos municipais e estaduais, durante e após os atendimentos das ocorrências envolvendo Sophia.  

A Justiça alega que eles deixaram de tomar as providências mínimas efetivas para resguardar a segurança da criança, mesmo diante das várias denúncias realizadas pelo pai biológico, dos indícios materiais de maus-tratos e das lesões corporais múltiplas que vinha sofrendo, até culminar em seu assassinato.

Jean buscou constantes meios para fiscalizar a situação, mas foi encaminhado de um órgão para o outro, em jogo de empurra-empurra que se repete nas alegações de ambas as contestações, onde o Estado imputa a responsabilidade ao Município e vice-versa. 

A decisão também levou em conta a situação econômica dos pais, bem como o montante do prejuízo moral sofrido, considerando que eles e a vítima tentaram, e aguardaram por um ano a tomada de medidas de proteção das autoridades competentes, enquanto a menor vivenciava constantes maus-tratos na casa da mãe.

O caso

No dia 26 de janeiro de 2023, Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos, levou a pequena Sophia de Jesus Ocampo para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Coronel Antonino, em Campo Grande. As enfermeiras que realizaram o primeiro atendimento constataram que a menina já apresentava rigidez cadavérica quando chegou à unidade. 

Posteriormente, a perícia constatou que a criança havia morrido 7 horas antes de chegar à UPA. O laudo necroscópico do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) indicou que Sophia morreu por um traumatismo na coluna causado por agressão física. Além das diversas lesões no corpo, a criança apresentava, ainda, sinais de estupro, causado por Christian Campoçano Leitheim, o padrasto de Sophia.

Os primeiros hematomas percebidos pelo pai biológico datam do final de 2021, e tornaram-se recorrentes até o assassinato. A mãe falava que os machucados eram referentes a quedas sofridas pela criança.

A partir de então, Jean e Igor buscaram inúmeras formas de fiscalizar a situação da criança, por meio do Conselho Tutelar e boletins de ocorrências na na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA). Contudo, nenhuma providência fora tomada pelos órgão públicos competentes, seja municipais ou estaduais, para resguardar a integridade física de Sophia.

Stephanie de Jesus e Christian CampoçanoStephanie de Jesus e Christian Campoçano

Stephanie foi condenada a 20 anos de prisão por homicídio qualificado por omissão. Já Christian foi condenado a 33 anos de prisao, sendo 20 anos por homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel e contra menor de 14 anos, e a 12 anos anos de prisão por estupro.


 

80 milhões

Adriane diz que culpa de enchentes é falta de dinheiro do Governo Federal

Prefeita afirmou que Campo Grande não tem recursos próprios para arcar com obra de R$80 milhões para drenagem na Av. Rachid Neder, projeto que não foi aprovado pelo PAC

13/11/2025 17h52

Obra de drenagem está orçada em R$80 milhões

Obra de drenagem está orçada em R$80 milhões FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, afirmou na manhã de hoje que as inundações que aconteceram, de forma específica, na Avenida Rachid Neder na Capital, em razão das fortes chuvas que caíram durante a noite, são consequência da falta de envio de recursos do Governo Federal à cidade. 

Segundo Adriane, as obras de drenagem e contenção na região do São Francisco, especificamente na Avenida Ernesto Geisel, trariam uma "resposta rápida" para Campo Grande. 

"Essa é a obra que traria uma resposta rápida para a cidade. Infelizmente não tivemos aprovação no PAC, o Governo Federal não recepcionou o projeto que estava pronto, então nós estamos em busca de recursos. Essa obra da Rua Corguinho é uma obra de grande relevância que reduziria os impactos da chuva na Rachid Neder", pontuou a prefeita.

Em 2024, a Prefeitura Municipal do município elaborou projetos de infraestrutura para solicitar recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.

No mês de julho do mesmo ano, foram destinados R$150 milhões para Campo Grande, com destaque para o projeto de recuperação e adequação de drenagem e manejo de águas fluviais/Prevenção a desastres no Fundo de Vale do Rio Anhanduizinho. 

No entanto, de acordo com Adriane, o projeto que contemplava a restruturação da Avenida Mascarenha de Moraes, não foi contemplado no Plano. 

"Não houve nenhuma justificativa plausivel para que não fosse aprovado porque o projeto estava pronto e é de grande relevância para a cidade Mas, também, de grande valor de investimento. Campo grande precisa de aporte e de recursos. Sem esses recursos, não é possível fazer uma uma obra de emergência, que traz resposta para a resposta. 

Segundo a prefeita, a obra para trabalhar a drenagem e conter outros alagamentos, após décadas de problemas na região está orçada em R$80 milhões. 

"Nossa equipe tem o planejamento, mas precisamos de recursos. Recursos próprios para esse investimento, Campo Grande hoje não tem, por isso estamos buscando a parceria do governo federal e estadual". 

O impacto das chuvas sobre a região do São Francisco, especialmente no cruzamento da Ernesto Geisel, Mascarenha de Moraes e Rachid Neder, tem contribuído para o desgaste e impermeabilização do asfalto.  

"A cidade vai crescendo, vai impermeabilizando, vai criando asfalto, calçada, isso vai dificultando a drenagem nas regiões. Essa drenagem tinha um impacto quando foi construída, mas com o desenvolvimento da região, esse impacto mudou. 

Monitoramento

Campo Grande possui 16 pontos críticos que são "monitorados a todo tempo, especialmente em períodos de chuva". O acumulado de chuva entre a noite de ontem e a manhã de hoje já havia chegado a 110 milímetros na cidade em 12 horas.

"É um impacto muito grande pra cidade em curto espaço de tempo. Temos equipe a postos, preparados, mas nunca sabemos qual o volume que vai ter de chuva. As mudanças climáticas estão afetando diversas cidades e em Campo Grande não é diferente", afirmou a prefeita. 

PAC

A Casa Civil da Presidência da República divulgou, no dia 15 de outubro, uma nova lista de projetos incluídos no Novo PAC. Ao todo, 24 projetos de Mato Grosso do Sul terão recursos para obras e aquisição de bens e serviços. 

Em Campo Grande, foram incluídos empreendimentos para Equipamentos para Expansão da Radioterapia no SUS e para Creche/Escola de Educação Infantil, fora os R$150 milhões emprestados no ano passado. 

Ao todo, Campo Grande tem R$ 730.785.668,67 em projetos com investimentos do programa federal.

Chuvas

No início da tarde de hoje, mais 41,2 milímetros de chuva caíram em Campo Grande em um intervalo de duas horas, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia. A temperatura despencou 6,5ºC, saindo de 27,9°C para 21,4°C.

Mais uma vez, a avenida Rachid Neder se transformou em rio, juntamente com a avenida Ernesto Geisel. 

O alagamento deixou mãe e filha presas dentro de um veículo no meio da enxurrada. De acordo com as informações, o carro ficou parado cerca de 10 minutos no meio das águas enquanto as mulheres aguardavam o resgate. 

Segundo observadores da situação, o carro chegou a ser levado por poucos metros pela força da correnteza. O veículo foi retirado por um trator. 

Segundo o Climatempo, durante as próximas horas ainda podem cair cerca de 12,66 milímetros se estendendo até a madrugada.

Mato Grosso do Sul segue em alerta de perigo para tempestades até a manhã do próximo sábado (14), abrangendo todos os municípios do Estado. Há risco de grandes volumes de chuva, fortes rajadas de vento (até 100 km/h) e possível queda de granizo. 

Em caso de perigo, contate a Defesa Civil pelo número 199.
 

Audiência pública

Câmara vai discutir por que Campo Grande voltou a ter favelas

Capital de MS, há duas décadas "zerou" favelas, agora tem 62 comunidades

13/11/2025 17h22

Vereador Landmark Rios

Vereador Landmark Rios Gerson Oliveira

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Por iniciativa do vereador Landmark Rios (PT), a Câmara dos Vereadores de Campo Grande promove nesta sexta-feira, a partir das 8h30min, a Audiência Pública sobre Regularização de Favelas. A iniciativa também foi promovida com a deputada estadual Gleice Jane (PT). 

No evento, Landmark pretende discutir a situação de 62 comunidades da periferia de Campo Grande, resultantes de ocupações irregulares, de áreas públicas (a maioria) e privadas. O objetivo é buscar saídas para investimento em habitação e regularização fundiária. 

Devem participar do evento representantes das agências municipal (Amhasf) e estadual (Agehab), além de representantes do Ministério do Desenvolvimento Regional, responsável pela área habitacional no governo federal. 

“É algo muito grave o que está ocorrendo, porque há pouco mais de 10 anos não tínhamos favelas em Campo Grande, tínhamos zerado, e agora, elas voltaram a se proliferar. Além de entender o problema, é preciso resolvê-lo, encontrar caminhos para isso”, disse Landmark Rios em entrevista ao Correio do Estado. 

Também participarão do evento lideranças de movimentos sociais, como por exempo integantes locais da Central Única das Favelas (Cufa). 

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