Cidades

Insegurança

Execução de adolescentes expõe disputa do tráfico de drogas em Campo Grande

Segundo a polícia, o atentado foi orquestrado por um detento de dentro da Penitenciária Máxima de Campo Grande. Os adolescentes foram mortos por engano na noite da última sexta-feira (3).

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As mortes por engano de Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz Grizakay, ambos de 13 anos, expõem a briga entre facções criminosas pela disputa do tráfico de drogas na região do Jardim das Hortências, em Campo Grande. Segundo a polícia, o atentado foi planejado por Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, de 22 anos, de dentro do Estabelecimento Penal 'Jair Ferreira de Carvalho', a Penitenciária de Segurança Máxima.

Segundo a polícia, os atiradores conseguiram acesso à arma usada no crime com Kleverson de dentro do presídio. Até o momento, cinco envolvidos no crime estão presos, sendo que um deles se entregou. Apenas um dos criminosos permanece foragido.

O alvo era outro jovem, conhecido como Pedro Henrique da Silva Rodrigues, de 19 anos, que sobreviveu ao ataque.

Após o crime, equipes do Batalhão de Polícia Militar de Choque, com apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), do GOI (Grupo de Operações e Investigações) e do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), iniciaram investigações e conseguiram identificar Rafael Mendes de Souza, conhecido como Jacaré, como um dos integrantes do grupo criminoso responsável pela organização do atentado.

Rafael foi localizado em sua residência, na Rua Flor de Maio, no Jardim das Hortênsias, mesmo bairro onde houve o homicídio, na companhia de sua mãe.

Inicialmente, o suspeito negou participação no crime, mas revelou que tinha uma arma de fogo no imóvel, sendo esta apreendida no guarda-roupas de seu quarto. 

Diante disso, ele recebeu voz de prisão e acabou contanto que tinha vago conhecimento sobre os autores do atentado, indicando dois nomes, sendo Nicollas Inácio Souza da Silva e João Vitor de Souza Mendes.
Nicollas foi encontrado e preso em uma casa de massagem, na Vila Jacy. Com ele foi apreendido um revólver calibre .357, que ele confessou ser uma das armas usada nos assassinatos.

No entanto, o suspeito negou ter feito os disparos e disse ter sido o responsável por pilotar a motocicleta, enquanto João Vitor efetuou diversos disparos de pistola 9 mm. Ainda segundo Nicollas, ele apenas passou, sem parar a moto, enquanto o carona disparou com o veículo em movimento, atingindo e matando pessoas que não tinham relação com a desavença.

Ainda segundo Nicollas, na residência, posteriormente eles observaram que João Vitor descarregou a pistola, ou seja, efetuou aproximadamente 16 disparos.

Depois do crime, todos os envolvidos se reuniram na residência de Rafael, onde ocultaram a moto no quintal e acionaram um motorista de aplicativo, indo para outra região.

Nicollas disse ainda que a arma apreendida com ele, a de calibre .357, pertencia a um interno da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, que teria conhecimento da intenção inicial de matar Pedro Henrique.

A moto usada pela dupla foi apreendida em um imóvel no Aero Rancho, constando como furtada em boletim de ocorrência registrado no dia de 10 abril de 2024.

Rafael e Nicollas foram presos e encaminhados a Delegacia de Polícia Civil. O outro envolvido citado pelos suspeitos, que teria sido o autor dos disparos, não foi localizado.

Os delegados Guilherme Scucuglia e Pedro Henrique Cunha relatando a cronologia do crime/ Fotos: Gerson Oliveira

Cronologia

Durante a coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), os delegados Guilherme Scucuglia e Pedro Henrique Cunha relataram a cronologia do crime.  

A investigação localizou o motorista do veículo HB20, que foi encontrado em um imóvel na Vila Bandeirantes. Aos policiais, ele afirmou não ter nenhum envolvimento no crime, porém sua versão foi contestada. O delegado Pedro Henrique comentou:

"Ele disse que não tinha nenhum envolvimento, mas depois relatou que questionou os executores se o crime havia dado certo, pois ele estava próximo do local e não chegou a ouvir os disparos".

O veículo usado no crime era alugado, mas não especificamente para a execução. O motorista utilizava o carro para trabalho, e a suspeita da polícia é de que ele o utilizava para realizar corridas particulares para os envolvidos. 

Ainda durante as prisões, o caso acabou revelando que Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, de 22 anos, orquestrou todo o atentado de dentro da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande. Segundo a polícia, o jovem utilizava um aparelho celular, fato que foi confirmado após os policiais terem acesso aos celulares dos suspeitos. 

Conforme relato dos delegados, o motorista foi quem buscou os jovens na noite de sexta-feira (3). A dupla disparou contra os adolescentes com a motocicleta em movimento, abandonando o veículo roubado na região das Moreninhas.

Segundo as investigações, a motivação do atentado se deu devido a uma desavença relacionada a disputa do tráfico de drogas na região. 

Até o momento, João Vitor continua foragido. As equipes da Polícia Militar e Polícia civil seguem em diligências para encontrá-lo. 

A polícia informou que os envolvidos no crime responderão por dois homicídios qualificados na modalidade consumada e um homicídio tentado. Além disso, enfrentarão acusações de motivo torpe, envolvimento de menores de 14 anos e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito. O motorista de aplicativo também será responsabilizado pelos mesmos crimes, porém na modalidade participativa.

Os criminosos estão à disposição da justiça e aguardam por uma audiência de custódia, onde o Poder Judiciário decidirá sobre a prisão preventiva ou a liberação deles. 
 

Veículo HB0, utilizado pelos atiradores/ Fotos: Gerson Oliveira 


Adolescentes mortos por bala perdida 

Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz Grizakay, ambos de 13 anos, foram mortos por engano, na noite de ontem (3), ao serem baleados, na Rua Flor de Maio, no Jardim das Hortênsias, região sul de Campo Grande. De acordo com a polícia, o alvo era outro jovem, conhecido como Pedro Henrique da Silva Rodrigues, de 19 anos, que sobreviveu.  

Conforme informações da Polícia Civil, Aysla e Silas estavam na calçada bebendo tereré e fumando narguilé, em uma roda de amigos. Por volta das 22h30, se depararam com Pedro Henrique, correndo em sua direção e logo atrás, dois suspeitos em uma motocicleta, de cor preta, atirando. 

A menina que foi atingida de raspão também foi encaminhada ao hospital, onde recebeu os atendimentos e passa bem. 

Conforme informações de testemunhas, Pedro Henrique, estaria vendendo drogas na região. De acordo com o boletim de ocorrência, no momento do crime, ele estaria "fazendo a correria", quando foi surpreendido pelos atiradores. 

Equipes da Polícia Civil e da Perícia Técnica estiveram no local e encontraram 14 cápsulas de pistola 9 milímetros em frente da residência onde os adolescentes estavam. 

O caso e a dinâmica da morte estão sendo investigados pela DHPP (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Celulares e armas foram encontrados com os criminosos/ Fotos: Gerson Oliveira

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TENSÃO

Lula e Riedel discutem suposto elo entre narcotráfico e retomadas indígenas

Os dois falaram por vídeo nesta quarta-feira (18), após a morte de um indíngena em Antônio João. Nesta quinta, Riedel promete levar a Brasília um relatório comprovando a ação do narcotráfico entre os indígenas

18/09/2024 19h15

Pela manhã, depois que o confronto com a PM resultou em uma morte de indígena, Eduardo Riedel reuniu parte do secretariado

Pela manhã, depois que o confronto com a PM resultou em uma morte de indígena, Eduardo Riedel reuniu parte do secretariado

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Horas depois da morte de um indíngena em meio a uma operação da Polícia Militar em Antônio João, no extremo sul do Estado, o O governador Eduardo Riedel discutiu com o presidente Lula, no final da tarde desta quarta-feira (18), um relatório sobre o conflito fundiário na região de fronteira com o Paraguai. 

"Estamos empenhados em que não haja mais conflitos", frisou o governador Riedel ao presidente Lula, indicando também que já solicitou abertura de inquérito para apuração das circunstâncias que levaram ao óbito, informou nota divulgada pela assessoria.

Na manhã desta quarta-feira, ogovernador e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, atribuíram a tensão e o próprio confronto entre policiais e indígenas, a uma suposta atuação do narcotráfico, que estaria "exportando" indígenas paraguaios para o lado brasileiro a fim de empliar seu poder de domínio e facilitar o escoamento da maconha que é produzida do lado paraguaio. 

De acordo com a assessoria do Governo, Riedel e Lula falaram abertamente sobre as suspeitas que envolvem o narcotráfico na região, com roças de maconha localizadas do outro lado da fronteira, próximas à propriedade ocupada no Brasil, e a presença de facções criminosas que estariam aliciando pessoas dentro das comunidades indígenas.

Ainda conforme a assessoria, um relatório da inteligência produzido pelas forças de segurança de Mato Grosso do Sul será apresentado pelo governador a representantes do Governo Federal e no STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quinta-feira (19).

No confroto ocorrido no começo da manhã desta quarta-feira foi morto o indígena Nery da Silva, da etnia Guarani Kaiowa. Os indígenas reivindicam uma propriedade que desde 2005 está homolgada, mas até agora está na posse de fazendeiros. 

Para atender decisão da Justiça Federal, cerca de 100 policiais foram à região para, segundo o secretário de segurança, garantir a ordem na região e acabaram entrando em confronto com o grupo que está na fazenda Barra faz semanas. Esses povos originários residem na Terra Indígena batizada de Nanderu Marangatu, onde ainda existe uma propriedade que seria a última na posse de outros que não os povos originários. 

"Nós percebemos que nos últimos dias foi acirrando com a presença de 'índios paraguaios'. Nós estamos ali numa região onde a fronteira é um rio pequeno, facilmente transponível; e do lado de lá nós temos diversas plantações de maconha... então há um interesse de facções criminosas que exploram o tráfico de drogas", afirmou o secretário na manhã desta quarta-feria. 

Segundo Videira, a Fazenda Barra fica menos de 5 km da linha internacional de fronteira, com informações da inteligência apontando a região como "estrategicamente posicionada" para escoar a produção do tráfico de drogas. 

"A grande produção de toda essa região tem como destino grandes centros, por meio de aldeias. De aldeia em aldeia até chegar próximo de Campo Grande; Dourados; e aí ter acesso aos maiores centros consumidores", afirmou o Videira.

Tensão

O governador, por sua vez, reforçou que o Estado "tem buscado avançar" nas políticas públicas voltadas para as comunidades indígenas e seu desenvolvimento. 

"Sou representante dos governadores na mesa de conciliação do STF, é um tema complexo, difícil, mas o que nós estamos vendo aqui foge completamente a essa discussão", afirmo Riedel. 

Com base no que lhe foi repassado pelo setor de inteligência, Riedel apontou para a versão de "disputa de facções criminosas paraguaias", destacando que a ordem recebida judicialmente é para que se mantenha a ordem.

"Em uma propriedade que está em litígio, do ponto de vista fundiário, mas que tem uma família morando na casa e que não sai de lá, dizendo que vão morrer lá. A decisão é que o Estado garanta a segurança dessa família e o acesso das pessoas nessa propriedade", reforçou o governador. 

 

Cidades

Após morte de indígena, deputados devem enviar pedido de solução à Lula

Crime ocorreu na madrugada desta quarta-feira (18) quando atiradores atacaram propriedade localizada em Antônio João

18/09/2024 18h15

Após morte de indígena, deputados devem enviar pedido de solução à Lula

Após morte de indígena, deputados devem enviar pedido de solução à Lula Reprodução

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Após registro de morte de um indígena, em confronto com a polícia durante a madrugada de hoje (18), em território Nanderu Marangatu, deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) se reuniram na sessão plenária para planejar um pedido urgente de solução que deve ser entregue ao presidente Lula (PT) pelos ministros Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional).

“Não estou acusando a polícia, mas o tiro não caiu do céu, partiu da arma de alguém e uma coisa tem que ser registrada: nesses conflitos somente indígenas morrem. Eles são vulneráveis, passam fome, tem crianças, idosos, mulheres. Há mais de 20 anos eu faço a defesa pacífica dos conflitos, dando logo a indenização aos fazendeiros, porque é irracional deixar as partes brigando, em um bang bang sem fim”, criticou Kemp.

O parlamentar fez um apelo para a Polícia Federal intervir, investigar e elucidar o caso. O deputado Zeca do PT (PT) relembrou que já falou ao presidente Lula sobre o assunto em seu primeiro mandato. 

“Levei para o presidente Lula, que se interessou, conversei com ministro na sequência, mas aí depois vieram [os presidentes] Dilma, Temer, Bolsonaro e agora de novo Lula e nada se resolveu. Absolutamente não dá mais para ter conflitos”.

Já a deputada Gleice Jane (PT) disse que na vinda de Lula a Corumbá (MS), o presidente discursou a membros de diversas comunidades e ao governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), dizendo que tem a intenção de resolver.

Gleice ainda ressaltou que policiais também são vítimas de um sistema que não protege o trabalhador, mas que por outro lado chamou a atenção a quantidade de policiais da tropa de choque em defesa de uma propriedade privada. “Não podemos ver privilégio a alguns em detrimento de outros”, considerou.

O caso ocorrido nesta madrugada fez com que o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul convocasse a sala de situação onde o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, culpou "índios paraguaios a serviço do tráfico de drogas" pelo acirramento dos confrontos no interior de MS. 

"Nós percebemos que nos últimos dias foi acirrando com a presença de 'índios paraguaios'. Nós estamos ali numa região onde a fronteira é um rio pequeno, facilmente transponível; e do lado de lá nós temos diversas plantações de maconha... então há um interesse de facções criminosas que exploram o tráfico de drogas", afirma o titular da Sejusp. 

Segundo Videira, que há um ano soltou a afirmação: "Policial meu não vai morrer na faca com fuzil na mão", a Fazenda Barra fica menos de 5 km da linha internacional de fronteira, com informações da inteligência apontando a região como "estrategicamente posicionada" para escoar a produção do tráfico de drogas. 

"A grande produção de toda essa região tem como destino grandes centros, por meio de aldeias. De aldeia em aldeia até chegar próximo de Campo Grande; Dourados; e aí ter acesso aos maiores centros consumidores", afirma o titular da pasta de Segurança Pública de MS.

Vale lembrar que esses povos originários residem na Terra Indígena batizada de Nanderu Marangatu, onde ainda existe uma propriedade que seria a última na posse de outros que não os povos originários, e que com homologação datando de 2005, essa propriedade estaria sobreposta em uma área voltada para ocupação tradicional dos indígenas de Nanderu Marangatu. 

Força Nacional

Apesar de acompanharem os membros da Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), agentes da Força Nacional não estavam presentes na Terra Indígena Nanderu Marangatu, da qual os povos originários foram alvos de ataques durante o fim da madrugada.

Segundo texto do Conselho Indigenista, a violência iniciada se estendeu ainda durante o período da manhã, quando a Polícia Militar teria arrastado o corpo de Neri para um pedaço de mata, o que causou comoção e revolta dos demais indígenas. 

Medidas

O governador Eduardo Riedel disse que "lamenta profundamente" o episódio, já Videira reforça que a ideia era tentar evitar confrontos, porém, que a situação fugiu ao controle. 

"Tudo o que a gente não queria era que isso acontecesse. Nós queremos de agora para frente é que se gerencie a crise para que nós não tenhamos mais nenhuma morte", cita o secretário. 

Apoiado na ordem judicial, Videira complementa que a decisão sob a qual a polícia age foi inclusive estendida, para que as forças policiais garantam o "ir e vir" dos funcionários e "proprietários" da fazenda, desde a rodovia até a sede, num percurso de mais de 10 quilômetros. 

"Temos aproximadamente 100 militares lá, de PMs; do Tático; batalhões da região; quatro equipes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e batalhão de Choque também... vamos manter porque estamos cumprindo a ordem judicial", completa o titular da Sejusp. 

Indígena morto

Em 2005 houve homologação da Terra Indígena em Antônio João como de ocupação tradicional dos indígenas de Nanderu Marangatu, na qual está sobreposta a chamada Fazenda Barra. 

Ao que tudo indica, essa seria a última propriedade sob ocupação de não indígenas, sendo que no último dia 12 houve ação de retomada, na qual foi registrada esse primeiro confronto. 

"Na madrugada [de hoje, (18)] começaram a atacar a comunidade; derrubar os barracos; queimar, e teve uma pessoa assassinada, parece que executada, que dizem que tinha atirador no meio e executou o indígena e a Tropa de Choque está lá cercando o corpo, a gente tentando que a PF vá lá retirar e fazer a perícia", afirma Anderson Santos, advogado pelo Conselho Indigenista Missionário. 

***Colaborou Léo Ribeiro e Naiara Camargo***

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