Cidades

entrevista

"Existe uma tratativa para destinar uma área para as famílas do Mandela"

A titular da Sead, Patrícia Cozzolino, fala sobre o drama enfretado pelas famílias da comunidade do Mandela e também de programas sociais do governo de MS

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A entrevistada desta semana, Patrícia Cozzolino, que está a frente da Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead) desde janeiro no governo do Eduardo Riedel (PSDB), explicou a atuação da Pasta no atendimento social às famílias da comunidade do Mandela que tiveram seus barracos recentemente incendiados.

A secretária informou que o governo do Estado vem buscando junto à Prefeitura de Campo Grande um terreno que esteja regularizado para que possa ser construído um conjunto habitacional voltado às famílias que perderam tudo no fogo.

Ela também detalhou como vai funcionar os principais programas sociais da Sead para 
o ano que vem, como o Mais Social, além dos critérios de adesão ao recém-lançado MS Supera. Confira a seguir.

Patrícia Cozzolino  - PERFIL 

Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira é graduada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso e defensora pública. Doutora em Direito Processual Civil pela PUC-SP, mestra em Direito Constitucional e especialista em Direito Processual Penal.

Entrou na Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul em 1997 e assumiu o cargo de defensora pública geral em maio de 2021.

Aparentemente, a busca por programas sociais como o Bolsa Família (federal) e o Mais Social (estadual) após a pandemia de Covid-19 aumentou. Qual a importância desses programas para quem é assistido? Há previsão de ampliação do valor para o próximo ano? Para quanto?

No caso do Mais Social, que é o programa dentro da nossa Pasta, houve uma ampliação para R$ 450, e a alteração passa a valer no dia 1º de janeiro. Vamos acrescentar o valor de R$ 150 sobre os atuais R$ 300, e o primeiro pagamento está marcado para 1º de fevereiro.

É um programa de muita importância, porque ele garante a segurança alimentar das famílias de baixa renda, e agora ele vem com um novo modelo, com condicionantes, em que a pessoa que estiver sendo assistida pelo Mais Social terá até um ano para comprovar que está inscrita ou concluir um curso de profissionalização. Ela também terá de provar que retomou os estudos por meio da Educação de Jovens 
e Adultos [EJA].

Isso porque a ideia deste governo é que essas pessoas adquiram mobilidade social, e não só tenham apenas o mínimo para sobreviver. O programa deve ser de passagem. 

A ideia hoje é que ele [o beneficiário] também vai ter uma interface com pesquisas relacionadas às secretarias de Saúde, de Habitação e também de Educação, para que nós consigamos dar um tratamento mais completo a essa família que 
é beneficiada pelo programa.
 
O governo do Estado pretende criar outro programa social ou incrementar os já existentes?

Foi criado um novo programa, cujo lançamento foi em outubro, que chama Cuidar de Quem Cuida, que atende 2.200 famílias. Ele faz a transferência de R$ 900 ao mês para o cuidador exclusivo de pessoa com deficiência [PCD] de nível 2 e nível 3. Essas pessoas com deficiência nível 2 e nível 3 são aquelas que não conseguem ministrar o autocuidado sem o auxílio permanente.

É o que nós identificamos, pegamos o CadÚnico [Cadastro Único para Programas Sociais] e olhamos pelo recorte o Estado inteiro, e agora nós temos o endereço dessas famílias em todos os municípios, desde Coronel Sapucaia, Chapadão do Sul, Costa Rica e até Campo Grande.

E essas famílias serão visitadas, porque é um programa que pressupõe visitação. Tem psicóloga na equipe, assistente social, nutricionista, especialista na área de alimentação, etc. Essa equipe do programa Cuidar de Quem Cuida fez uma capacitação na Secretaria de Saúde para conseguir também orientar as famílias acerca desses cuidados mínimos, que concorre com o trabalho do agente de saúde. É um trabalho muito técnico, e no âmbito da saúde é mais qualificado do que essa equipe de visitação.

Mas ao fim, por exemplo, de um ano de execução desse programa, nós vamos conseguir entregar para o governador a relação dos municípios que estão fornecendo fraldas para esses beneficiários [portadores de alguma deficiência]. Quais que não estão? Quais os municípios que estão fornecendo alimentação especial? Quais fazem o transporte rápido e têm veículo adaptado para PCD? Para que o próprio governador consiga, por meio do municipalismo, cofinanciar a estruturação desses municípios para um atendimento mais completo dessa família. Então, nós também vamos construir essa rede de cuidado.

Existe também o Energia Zero, que atende um torno de 150 mil beneficiários. É um programa muito importante, porque às vezes tem aquela senhorinha que ganha um salário mínimo de aposentadoria. A conta de energia dela pesa no bolso, e ela retira o dinheiro que poderia utilizar com sustento, com cuidados. Então, a manutenção desse programa é muito importante para a população, agora com esses ajustes.

A pandemia também acentuou um outro problema em Mato Grosso do Sul: o aumento de moradores de favelas e pessoas em situação de rua. Como a secretaria trabalha para resolver essa situação em conjunto com as prefeituras?

As ocupações irregulares, não só em Campo Grande, mas em outros municípios, têm aumentado, e também existe [a problemática da] pessoa em situação de rua. Quanto ao atendimento à pessoa em situação de rua, ele é de responsabilidade do município, e o Estado repassa o Feas, que é o Fundo Estadual de Assistência Social, para que os atendimentos do município possam ser cofinanciados.

Já sobre o atendimento às ocupações irregulares, ele é feito de diversas formas, não só com os benefícios da assistência [social]. As pessoas podem ter os benefícios da assistência, como aconteceu aqui em Campo Grande, na favela do Mandela, onde diversos moradores já tinham, eram beneficiários do Mais Social e tiveram queimados os seus cartões. 

Nós mandamos uma equipe para requerer a segunda via do cartão e agilizar [a situação].Mas, além disso, mediante a cedência da designação de terrenos devidamente documentados, a Agência de Habitação Popular do Estado [Agehab] financia, tendo três programas de habitação para esse público, porque a ideia do nosso governador Eduardo Riedel é trabalhar a transversalidade – eu alinho os programas com a Secretaria de Educação, com a Secretaria de Saúde, e a gente troca os dados.

Recentemente, a favela do Mandela pegou fogo e mais de 80 famílias ficaram sem o pouco que já tinham. O governo do Estado pretende ajudar essas famílias de alguma forma?

Então, além desse fato que falei em relação ao programa Mais Social, nós entramos em interlocução com a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul, porque eles estavam já em atendimento na localidade e houve o seguinte fato: muitos documentos foram queimados.

Em decorrência disso, em interlocução com o secretário de Justiça e Segurança Pública, nós conseguimos que as segundas vias do registro de identidade dessas famílias fossem expedidas gratuitamente, para que eles voltassem a ter esse suporte documental. A Defensoria ainda requisitou a expedição de segunda via das certidões de nascimento e casamento.

Além disso, a secretaria tinha aqui um quantitativo de 50 cestas alimentares que foram destinadas para aquela localidade e também a extensão do programa do Mais Social para lá. Nós conversamos com a Maria do Carmo, que é presidente da Agehab, e ela já estava em tratativas com o gabinete da prefeita Adriane Lopes, porque precisava que a prefeitura destinasse ou indicasse qual área seria destacada para que a Agehab pudesse organizar.

Eu sei que estão em interlocução, até porque eu faço parte do conselho gestor, para que essa área seja destinada. 

Enquanto isso, as barracas foram disponibilizadas às famílias. Tanto o município como o governo do Estado entraram em imediato contato com o Exército.
 
Quando as famílias que moravam na antiga favela Cidade de Deus foram distribuídas em terrenos na Capital, o governo contribuiu com a construção das casas para essas famílias. Parcerias como esta serão feitas novamente? Se sim, para quais comunidades?

Sim, sempre tem uma previsão anual. O Orçamento foi desenhado em outubro e finalizado com todas as secretarias e agências do Estado e também as autarquias. Então, a peça orçamentária já vem com a definição dos gastos para o ano, e isso não ocorre conforme a necessidade. 

Então, nós sabemos o que vamos fazer na secretaria durante o ano inteiro, é assim que a coisa funciona. Inclusive, por isso que o aumento do Mais Social não foi feito antes, porque este ano nós estamos executando o Orçamento que foi publicado e definido em 2022.

No primeiro exercício orçamentário que o governador Eduardo Riedel delineou, está vindo o aumento, que é o do ano de 2024. Então, essas definições são feitas anualmente. Em regra, o município solicita e a Agehab inclui na parte orçamentária, então, lógico que existem muitas possibilidades.

O governo do Estado lançou neste mês o programa MS Supera. Como funcionará esse programa? Quem poderá participar e quando as inscrições serão abertas?

O Supera MS é o antigo Vale Universidade, que vai atender 2 mil estudantes, dos quais 200 com ensino técnico e o restante com o ensino universitário. Também é para estudante de baixa renda, e a inscrição será aberta agora em dezembro, no portal da secretaria.

Para participar desse programa, a pessoa precisa estar inscrita no CadÚnico, estar aprovada e comprovar a inscrição da matrícula no estabelecimento de ensino, e ela vai receber por meio de transferência direta, por Pix, no banco de sua escolha, R$ 1.300,00 como subsídio aos estudos. Ela poderá destinar o recurso para mensalidade, e, se a universidade for pública, poderá arcar com deslocamento, alimentação, aquisição parcelada de equipamento digital para acessar as plataformas da universidade de bibliotecas digitais. Então, esse suporte também é uma inovação nesse sentido.
 
Recentemente, o governo federal criou um gabinete de crise para averiguar a situação de possível desrespeito aos direitos humanos dos guarani-kaiowá. A Sead tem acompanhado essa situação também, tem participado desse gabinete, uma vez que o governo do Estado faz parte dele? Alguma medida foi tomada na região para dar assistência aos indígenas?

Sim, nós temos o programa Mais Social e nele estão previstas as cestas básicas para 
a população indígena não urbana. Os urbanos recebem o próprio cartão do Mais Social. Então, nós começamos, desde o início do ano, uma discussão para ampliarmos em 20% os gêneros alimentícios que essa cesta básica contém, e também trazê-la mais para a cultura dos povos indígenas.

Esse grupo de trabalho está concluindo os trabalhos agora, ele é composto da secretaria, do Ministério Público Federal, da Defensoria da União, da Defensoria Pública Estadual, da Cetesc e do Dsei. Então, nós vamos abrir uma nova licitação com esse novo formato, dessa cesta indígena, e vamos iniciar o recadastramento, que será individual de cada indígena do Estado. Para ter certeza plena de que essas cestas estão chegando efetivamente ao destinatário.

Então, essa foi a primeira providência, porque a segurança alimentar é uma providência básica da vida humana. A partir daí, nós também estamos tendo interlocução com diversas etnias para vermos no que podemos avançar.

O Programa Supera ineditamente destina 500 vagas para os indígenas universitários. Hoje, nós temos no antigo programa Vale Universidade 72 indígenas. Então, é uma ampliação considerável. A visão do nosso governador Eduardo Riedel é cumprir as promessas de campanha, mas, mais do que isso, avançar a partir da compreensão dessa problemática.

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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