Após o incêndio, famílias que permaneceram na Favela do Mandela serão realocadas, temporariamente, para a Escola Municipal Maestro João Correa Ribeiro e para casas de parentes.
A mudança de local ocorre nesta quarta-feira (13). Das 38 famílias, 23 irão para casa de seus parentes e 15 serão abrigadas na escola. Outras famílias decidiram permanecer no local.
Ao todo, 30 servidores da prefeitura auxiliam famílias a carregarem e deslocarem seus pertences, móveis e objetos em dois caminhões e um carro da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiário (Emha).
Moradores prontos para se mudarem da Favela do Mandela. Foto: Marcelo VictorA Ronda Ostensiva Municipal (Romu) da Guarda Civil Metropolitana (GCM) está no local para supervisionar a mudança.
A Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) prometeu, em 8 de dezembro, que cada família da Comunidade do Mandela ganharia um lote próprio nos bairros José Tavares, Talismã, Iguatemi I e Iguatemi II.
Porém, de acordo com a prefeitura, até a data atual, a Energisa e Águas Guariroba não ligaram a luz e água, respectivamente, nos lotes.
Em nota, a Energisa afirmou que "representantes da concessionária participaram de reuniões com o poder público municipal para as tratativas em relação à construção de redes de energia nas áreas destinadas às famílias da comunidade do Mandela. Neste momento, a empresa está em fase de finalização do projeto, que deverá ser apresentado para a Agência Municipal de Habitação nesta sexta-feira (15/12). Trata-se de um trabalho a ser realizado em diferentes etapas, conforme explicado ao poder público, e que será executado após o projeto ser aprovado".
Já a Águas Guariroba afirmou, por meio de nota, que "as obras de implantação de rede de água na região do bairro José Tavares já estão concluídas, sendo a rede e ligações já disponíveis. Na região do Jardim Talismã, a concessionária iniciará as obras de acordo com o cronograma a ser elaborado pelo município".
Com isso, as famílias devem ficar temporariamente abrigadas em salas de aula, na escola, até que luz e água sejam ligadas no terreno.
Alguns moradores irão para a casa de familiares, outras para o abrigo na escola e outras permanecerão no local por protesto.
Moradora da Favela do Mandela, Gabrielly Silva, de 27 anos, afirmou que irá montar outra barraca no mesmo local, até se mudar para o terreno prometido pela prefeitura.
Gabrielly Silva, de camiseta rosa. Foto: Marcelo Victor“Eu vou continuar aqui. Não vou para a escola e nem para a casa dos meus parentes. Quero ir para a casa, conforme tinham prometido, e não para a escola ou para a casa dos meus parentes. Se aqui nós já temos os nossos atritos, imagina dentro de uma salinha de aula. Não quero ficar dentro de uma sala de aula. Vou para qualquer outro canto, fazer outro barraco, mas não vou para a casa de parentes e nem para a escola. O fogo acabou com tudo o que eu tinha, fiquei sem nada”, desabafou.
Moradora da Comunidade do Mandela, Kellen Ketlen Lopes, de 23 anos, irá se mudar para o abrigo da escola com seus três filhos.
“Meu barraco foi afetado pelo fogo, acabou tudo, fiquei até descalço. Moro com meus filhos, três filhos, de nove anos, seis anos e três anos. Realmente a prefeitura deu ajuda, ganhamos comida, marmita, almoço, sacolão, tendas do Exército e da Defesa Civil. Fui contemplada com a casa e e estou esperando construir”, disse.
Kellen Ketlen, ao lado do filho. Foto: Marcelo VictorEm 16 de novembro de 2023, um incêndio atingiu a Favela do Mandela, localizada na rua Jorge Budib, bairro Morada do Segredo, em Campo Grande.
Ao todo, 187 famílias viviam no local alocados em barracas. Desse número, 80 foram danificados pelo fogo e 107 permaneceram em pé.
Após o incêndio, 42 famílias saíram do local e outras permaneceram na favela em 13 tendas do Exército Brasileiro e 7 da Defesa Civil.
HABITAÇÃO
A Prefeitura Municipal de Campo Grande anunciou, em 8 de dezembro, a construção de casas para 187 famílias da Favela do Mandela, com recurso do município.
De acordo com a prefeitura, para solteiros e casais sem filhos, a tipologia será diferente com metragem menor, mas também serão atendidos. As obras iniciaram nesta segunda-feira (11) e a previsão de conclusão é de até 12 meses.
As casas serão construídas, inicialmente, nos bairros José Tavares e Jardim Talismã. As construções serão executadas por empresas credenciadas pelo Credihabita.
Ao todo, 38 famílias serão reassentadas no José Tavares, 33 no Iguatemi I, 30 no Iguatemi II e 32 no Jardim Talismã. A área para reassentar as demais 54 famílias será anunciada nas próximas semanas.




