Na entrada do Núcleo Industrial, 140 famílias estão na iminência de serem despejadas por decisão da Justiça. Elas ocupam área à margem da BR-262, o Novo Indubrasil. A área é remanescente de uma fazenda da família Dibo que há quatro meses foi vendida ao empresário Ronne Viana. Por decisão da Justiça, tão logo ele deposite em juízo R$ 180 mil para ressarcir as famílias das benfeitorias, elas terão de deixar a área. Algumas estão lá há mais de 20 anos, mas nem assim conseguiram usucapião para se tornarem proprietárias. Viana calcula em R$ 3 milhões o valor de mercado da área onde pretende construir terminal de cargas. Ele garante que pretendia regularizar a permanência das famílias cobrando R$ 5 mil (valor parcelado). “Como não concordaram, resolvi executar a ação de reintegração de posse”, justifica.
As famílias, contudo, contam versão diferente. Garantem que não poderiam aceitar a divisão da área em lotes de 20m x 50m, porque em muitas situações seria preciso demolir casas que foram construídas na divisa entre um lote e outro. Não podemos sair daqui de mãos abanando, sem uma indenização justa pelas benfeitorias. Pelo que eu sei tem gente que vai receber R$ 500,00 por casa de material”, argumenta Simone Afonso, que diz estar no Novo Indubrasil há 22 anos.
Num mesmo terreno, há mais de uma casa. “À medida que o tempo foi passando os filhos das primeiras famílias foram crescendo, se casaram e construíram a moradia nos fundos do terreno”, explica Eliseu da Silva, que se mudou há sete anos para o núcleo depois de casar com a filha de um dos moradores pioneiros.
Há também quem comprou “direito” de moradores que entraram primeiro na área. É o caso de Márcia Regina de Oliveira, há 17 anos no bairro. Ela mora nos terrenos dos fundos, que são as faixas da área próximas à rodovia. Advogados têm se reunido com os moradores se dispondo a defendê-los na Justiça, mediante o pagamento de R$ 500,00 de honorários. (FP)