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SAÚDE

Fila aumenta e espera por cirurgia chega a 28 anos na Capital

Dados do sistema de regulação de Campo Grande foram apresentados durante sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul

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A fila de pacientes que aguardam por consultas, exames e cirurgias pelo Sistema único de Saúde (SUS) aumentou em Campo Grande e o tempo de espera por uma cirurgia eletiva pode chegar a mais de 28 anos, dependendo da especialidade.

Dados foram apresentado nesta terça-feira (11), durante sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, pelo deputado Pedro Pedrossian Neto (PSDB). Os números foram obtidos pelo Sistema de Regulação (SISREG), desenvolvido pelo DataSUS.

Conforme os dados, em julho de 2023, haviam 14.339 pessoas na fila de espera por uma cirurgia na macroregião de Campo Grande. Em abril deste ano, o número saltou para 17.149, aumento de 19,5%.

Com relação as consultas e exames, houve ligeira queda, saindo de 55.395 pessoas no aguardo para 54.185, o que aponta certa estabilidade.

O tempo médio de espera para consultas, exames e cirurgias eletivas é de 116 meses, o que corresponde a 9 anos e meio. Anteriormente, era de 54 meses.

No entanto, quando se considera as diferentes especialidades, a ortopedia é onde se encontra o pior cenário. A espera pode chegar a 342 meses, ou 28,5 anos, por uma cirurgia de coluna, onde há 3.529 pessoas na fila.

Ainda nessa especialidade, o tempo médio de espera por cirurgia nas mãos é de 147 meses (12 anos), cirurgia de quadril é de 120 meses (10 anos) e a ortopédica pediátrica é de 37 meses (3 anos).

Reportagem do Correio do Estado de abril deste ano já havia noticiado que a situação é crítica também no Estado, onde a espera por consultas, exames ou cirurgia é de 16 anos, em média.

"Os dados que já eram extremamente preocupantes e que mostravam deterioração sensível da realidade da saúde, infelizmente pioraram. Estamos tratando do colapso da saúde, da falência do sistema de regulação, estamos falando de uma piora suibstancial do tempo de atendimento dos mais diversos procedimentos, seja exames simples, complexos, cirurgias", disse Pedrossian Neto, na tribuna.

Os dados apresentados também citam diversas especialidades sem vagas para atendimento e realização de procedimentos, por não haver médicos cadastrados.

São elas:

  • cirurgia de cabela e pescoço
  • cirurgia ortopédica ombros
  • cirurgia ortopédica tornozelo
  • consulta endocrinologista pacientes diabéticos
  • procedimento de estudo eletrofisiológico
  • consulta nutrição pediatria
  • ortopedia pediátrica de coluna
  • ortopedia tumores

Debate

A apresentação gerou um debate, com o deputado Coronel David (PL) afirmando que este tipo de problema é frequente nas administrações e é necessário fazer o acompanhamento ao longo do tempo, para não politizar e colocar a culpa no administrador municipal, no caso atual, na prefeita Adriane Lopes.

O deputado Lídio Lopes (Patriota), esposo da prefeita, salientou que Campo Grande atende todo o Estado e, por este motivo, acaba havendo a longa fila.

“A regulação de ortopedia vem toda para Capital. Com a pandemia, foram suspensas as cirurgias eletivas, o que gerou também essa alta demanda na fila”, disse.

"Hoje Campo Grande demanda a saúde do Estado, não só a macroregião, mas atende o Estado inteiro, nem Dourados tem ortopedia, a regulação toda é em Campo Grande. Temos aproximadamente 900 mil habitantes e 1.586 cartão SUS emitidos, ou seja, Campo Grande cuida da saúde do Estado", disse Lídio.

Ele ressaltou ainda que, durante a pandemia, as cirurgias eletivas foram suspensas em todo o País, o que gerou, automaticamente, a demanda na fila.

Projeto de lei

Ainda na sessão, ao final do discurso, Pedrossian fez um apelo para aprovação do Projeto de Lei nº 08/2024, que prevê a transparência na regulação.

Conforme o texto, o projeto "assegura transparência ao usuário do SUS, por meio da obrigatoriedade de divulgação da ordem de espera de pacientes que aguardam a realização de procedimentos eletivos pelços sistemas de regulação de vagase nas unidades que prestam serviço ou constituem o do Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul".

Para esta transparência, são propostas fila por ordem cronológica de atendimento, salvo sob justificativa médica que deve constar no sistema; filas regionalizadas e sistemas integrados, além da garantia de transparência com preservação de dados sensíveis, conforme determina a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Os objetivos a serem alcançados incluem, dentre outros, reduzir a judicialização de procedimentos.

O projeto está em tramitação na Casa de Leis e ainda passará pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) antes de ir à votação em plenário.

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BALANÇO

MPMS intermediou mais de R$ 15 milhões em acordos na área da saúde em 2025

Ministério Público mediou o plano emergencial entre a Santa Casa e o Município de Campo Grande para solucionar os diversos problemas do hospital

19/12/2025 18h45

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça Divulgação: Ministério Público de Mato Grosso do Sul

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) recebeu a imprensa para apresentar o balanço geral do ano de 2025. O procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milhan Junior, acompanhado de membros da Administração Superior, divulgou informações relevantes sobre atuações da instituição ao longo do período.

No setor da saúde, Romão Avila destacou a atuação do Centro de Autocomposição (Compor) para solucionar crises agudas, como a mediação que resultou no plano emergencial para a Santa Casa de Campo Grande. O hospital enfrenta problemas de superlotação, falta de insumos e de dinheiro para pagar profissionais de várias áreas, com risco de paralisação de serviços essenciais

No ano, os acordos mediados pelo Compor envolveram mais de R$ 15 milhões em benefícios para áreas como saúde e assistência social. 

Também relembrou a resposta da instituição após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, episódio que impulsionou a criação da ferramenta Alerta Lilás, para monitoramento de agressores e a melhoria do atendimento especializado às mulheres.

Com relação a proteção à mulher, o sistema Alerta Lilás emitiu mais de 19 mil alertas automáticos para monitorar agressores reincidentes.

No campo da segurança pública, a pauta central foi a modernização, com destaque para a força-tarefa que agilizou o processamento de boletins de ocorrência de violência doméstica e viabilizou a digitalização de peças e a gravação de interrogatórios e depoimentos.O Centro de Pesquisa, Análise, Difusão e Segurança da Informação (CI) disponibilizou mais de 400 mil dados para subsidiar investigações complexas.

Dados 

Produtividade jurídica: mais de 4 mil ações ajuizadas e 30 mil denúncias apresentadas à Justiça.

Combate à corrupção: o Grupo de Atuação Especial e Combate à Corrupção (Gecoc) atuou contra desvios de mais de R$ 66 milhões, executando 180 mandados de busca em 13 cidades.

Enfrentamento ao crime organizado: o Gaeco realizou 19 operações estratégicas, resultando em 107 prisões e 370 mandados de busca.

Preservação ambiental: monitoramento e fiscalização de 71 mil hectares de desmatamento ilegal por meio de programas como Pantanal em Alerta.

Impacto social: arrecadação de R$ 6 milhões via campanha Declare Seu Carinho e destinação de 350 celulares apreendidos para uso pedagógico em escolas públicas.

Diálogo com o cidadão: a Ouvidoria processou mais de 5 mil manifestações, que fundamentaram novas investigações e missões constitucionais.

O encontro

Ao abrir o evento, o Procurador-Geral de Justiça promoveu um resgate histórico sobre o papel da instituição como guardiã das garantias individuais e coletivas conquistadas após o período ditatorial, lembrando que a evolução da sociedade brasileira, sob a criação da Constituição de 1988, é indissociável de uma imprensa livre.

"A imprensa tem um papel fundamental na redemocratização e na evolução constante da nossa sociedade. Graças à imprensa livre, fatos que muitas vezes não chegariam pelos canais comuns — como a falta de um medicamento em uma UPA — chegam ao nosso conhecimento por denúncias de usuários via jornalismo", exemplificou Romão Avila Milhan Junior.

Diante dessa observação, fez um agradecimento público ao apoio dos veículos de comunicação, especialmente durante os embates judiciais que preservaram o poder investigatório do Ministério Público. Segundo ele, essa prerrogativa é o que sustenta as atuais ofensivas contra a corrupção e o crime organizado.

 

Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

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