Cidades

SEGURANÇA PÚBLICA

Fronteira com a Bolívia bate recorde de assassinatos

Este ano, dos 75 homicídios registrados na região fronteiriça, 19 ocorreram em Corumbá, maior número desde 2020

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A linha internacional entre Corumbá e a Bolívia é a maior responsável pelo aumento no número de assassinatos na região fronteiriça do Estado neste ano, com 19 vítimas, um número recorde nos últimos cinco anos, segundo dados registrados até o dia 14 deste mês.

Em entrevista à reportagem, o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp), Antonio Carlos Videira, revelou que o número de homicídios dolosos não preocupa as autoridades estaduais até o momento, visto que, segundo ele, não houve um aumento uniforme no período.

Porém, Videira afirma que a região de fronteira entre Corumbá e as cidades bolivianas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez é para onde a atenção das forças policiais sul-mato-grossenses estava voltada nos últimos meses, já que a quantidade de casos de assassinatos foi atípica em comparação com outros anos.

“O que de fato aconteceu foi um exponencial crescimento destes casos na região de Corumbá, motivado por conflitos entre pessoas ligadas a diversos crimes. A situação na região de Corumbá foi contida a partir do mês de agosto e tem se mantido estabilizada”, reforça o secretário ao Correio do Estado.

Segundo dados disponibilizados pela Sejusp, Corumbá foi responsável por 19 dos 75 homicídios dolosos registrados este ano, mais que o dobro do número contabilizado entre janeiro e outubro de 2024, quando foram registrados nove assassinatos. Importante ressaltar que o portal de estatísticas da Sejusp foi atualizado somente até o dia 14 deste mês.

Em comparação com dados de 2021, 2022 e 2023, a cidade atingiu um recorde nos últimos 10 meses, visto que nos anos citados foram catalogados 15, 17 e 18 homicídios dolosos na região de fronteira, respectivamente.

Vale lembrar que ainda falta ser contabilizado o restante deste mês pela Sejusp, abrindo a possibilidade de este ano também ultrapassar as marcas de 2020 e 2019, quando foram 20 e 21 assassinados em Corumbá, respectivamente.

Sobre a “pacificação” conquistada a partir de agosto mencionada por Videira, há controvérsias. Nos cinco primeiros meses deste ano foram, 14 mortos. Porém, em junho e julho não houve ocorrências de homicídios.

No mês seguinte houve o retorno de assassinatos na cidade, com quatro vítimas, e, em setembro, ocorreu apenas uma morte. Até o momento, não ocorreram registros neste mês.

CASO RECENTE

Um dos exemplos mais recentes de homicídio doloso em Corumbá ocorreu na tarde do dia 13 de agosto, quando João Farias da Silva, de 53 anos, foi assassinado com tiros na cabeça enquanto aguardava em um ponto de ônibus.

Por meio de imagens de câmeras de segurança, foi possível constatar que um motoqueiro chegou próximo de onde João estava, desceu do veículo e disparou dois tiros contra a vítima.

Diante da cena, o delegado responsável pelo caso acreditava que João e o suspeito se conheciam, visto que a dinâmica do crime aponta para alguma relação entre os dois. Quatro dias depois, Aldo da Silva Paim, de 31 anos, foi preso pela Polícia Civil suspeito de ser o autor do assassinato.

Inclusive, Aldo já era considerado foragido desde o início do ano, quando rompeu a tornozeleira eletrônica que utilizava por decisão judicial, deixando de cumprir as medidas impostas.

PERIGO

Como reportado ontem pelo Correio do Estado, os municípios de Mato Grosso do Sul que fazem fronteira com os países vizinhos são responsáveis por 2 a cada 10 assassinatos no Estado este ano, registro impulsionado pela “guerra” de facções que tentam tomar o controle do tráfico na região fronteiriça.

Em Mato Grosso do Sul, 13 municípios fazem fronteira com o Paraguai ou a Bolívia, são eles: Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Caracol, Bela Vista, Antônio João, Ponta Porã, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Paranhos, Sete Quedas, Japorã e Mundo Novo.

Juntos, eles registraram 75 vítimas de homicídios dolosos este ano, o que representa 21,43% dos assassinatos no Estado.

Além disso, em relação ao mesmo período do ano passado, ou seja, de janeiro a outubro, houve um aumento de 27,12% nas vítimas de homicídio doloso. Em 2024, foram 59 assassinados na fronteira.

Sobre isso, o secretário afirma que sempre houve interesse dos traficantes nos limites internacionais entre o Brasil e os países vizinhos, principalmente de organizações criminosas.

“O interesse do crime organizado internacional nas fronteiras de Brasil e Paraguai e Brasil e Bolívia é por óbvio crescente, em razão da capacidade de produção e distribuição de drogas destes países, além de toda a rede que o mercado ilícito exige”, explica.

É importante frisar que todos os números citados são dos casos que ficam sob responsabilidade de Mato Grosso do Sul, já que os assassinados “do outro lado do muro” são de encargo das forças policiais estrangeiras, como os atentados que ocorreram nesta semana.

Na segunda-feira, Jonathan Medeiro da Fonseca, de 36 anos, foi executado no estacionamento do Shopping China, em Pedro Juan Caballero (PY), atingido por pelo menos 16 tiros na cabeça, no rosto e no peito. O brasileiro concorreu a vereador nas eleições de 2024 pelo município de Coronel Sapucaia.

Ontem, o comerciante César Michel Arguello, de 37 anos, morreu após ser alvejado com 14 tiros, conforme apurou a Polícia Nacional, novamente na cidade de Pedro Juan Caballero, que faz divisa com Ponta Porã.
Inclusive, sobre cooperações com forças policiais dos países vizinhos, Videira disse que há muito o que melhorar, até pela importância de comunicação entre as cidades fronteiriças. 

“Em relação à cooperação internacional, há muito ainda que se avançar, principalmente por parte dos Estados nacionais, que, por meio de suas representações, podem e devem compartilhar informações e estabelecer uma espécie de comando bipartite, como já se faz na tríplice fronteira em Foz do Iguaçu e em outras práticas exitosas como a da Europa”, destaca o secretário.

*SAIBA

Mato Grosso do Sul tem sete cidades gêmeas na fronteira com o Paraguai e com a Bolívia, conforme levantamento feito em 2016.

NOVO COMANDO

Quatro meses depois, Adriane nomeia novo secretário de saúde

Após saída de Rosana Leite e gestão por comitê, Sesau volta a ter comando definido

30/12/2025 12h00

Desde o início de setembro, a pasta vinha sendo administrada por um comitê intergestor

Desde o início de setembro, a pasta vinha sendo administrada por um comitê intergestor Divulgação

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Quatro meses após a queda da então secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), anunciou nesta terça-feira (30) o nome do novo titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). O cargo será assumido pelo médico urologista Marcelo Luiz Brandão Vilela, cuja nomeação deve ser publicada em edição extra do Diário Oficial do município ainda hoje.

Desde o início de setembro, a pasta vinha sendo administrada por um comitê intergestor, criado após a exoneração de Rosana, oficializada em edição extra do Diogrande no dia 5 de setembro. À época, a mudança ocorreu em meio a uma série de reclamações da população sobre a prestação dos serviços de saúde na Capital.

O comitê passou a ser coordenado por Ivoni Kanaan Nabhan Pelegrinelli, ex-secretária de Saúde de Iguatemi, e tinha como missão diagnosticar falhas do sistema e promover uma reestruturação emergencial da pasta. O grupo, formado ainda por outros cinco gestores, assumiu com previsão inicial de seis meses de duração.

Com a nomeação de Marcelo Vilela, o Comitê de Saúde continuará atuando junto à Sesau até o término do decreto vigente, previsto para março de 2026, com a função de assessorar o novo secretário no processo de reorganização da rede municipal.

Perfil técnico e experiência na gestão

Marcelo Vilela é médico urologista, graduado em Medicina pelas Faculdades Integradas Severino Sombra, em 1995, e doutor em Medicina (Urologia) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Possui pós-doutorado em Urologia Pediátrica pela University of California, San Francisco (UCSF), nos Estados Unidos.

Atualmente, é diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e professor associado da instituição, atuando nas áreas de Perícias Médicas e Urologia. Também exerce a função de urologista no Hospital de Câncer Alfredo Abrão e no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.

Não é a primeira vez que Marcelo Vilela assume a Sesau. Ele já foi secretário municipal de Saúde de Campo Grande entre janeiro de 2017 e março de 2019, além de ter atuado em cargos de direção clínica hospitalar e coordenação de programas de residência médica.

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PRISÃO

Adélio Bispo pode deixar presídio de Campo Grande após novo laudo psiquiátrico

Autor da facada contra Jair Bolsonaro passou por nova perícia em novembro; laudo deve ficar pronto até o fim de dezembro e pode abrir caminho para reavaliação judicial em 2026

30/12/2025 11h00

Autor da facada contra Jair Bolsonaro passou por nova perícia em novembro

Autor da facada contra Jair Bolsonaro passou por nova perícia em novembro Foto: Arquivo

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O autor da facada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Adélio Bispo de Oliveira, poderá ter o futuro no sistema prisional federal reavaliado a partir de um novo laudo psiquiátrico que deve ser concluído até o fim deste mês. O documento pode indicar se ele ainda apresenta transtornos mentais que justifiquem a manutenção da medida de segurança que o mantém preso, hoje, na Penitenciária Federal de Campo Grande.

Embora a conclusão do laudo esteja prevista para dezembro, a decisão judicial sobre uma eventual saída do interno só deverá ocorrer em 2026, em razão do recesso do Judiciário, que se estende desde o dia 20 deste mês.

De acordo com informações do portal Metrópoles, Adélio está preso desde 2018 e não responde a nenhuma ação penal, pois foi considerado inimputável por incapacidade mental. Desde então, cumpre medida de segurança em cela individual de cerca de seis metros quadrados na unidade federal da Capital sul-mato-grossense.

O novo exame foi realizado no início de novembro por peritos contratados pela Defensoria Pública da União (DPU). Os profissionais tiveram acesso a laudos médicos utilizados na sentença de 2019, que não foram digitalizados por razões de segurança e para evitar vazamentos.

Conforme apurou o portal Metrópoles, o laudo responderá a três questionamentos centrais que vão orientar a decisão do juiz responsável pelo caso:

  • Se Adélio ainda apresenta transtorno mental que justifique a manutenção da medida de segurança;
  • Se sua condição psíquica representa risco para si ou para terceiros, avaliando a persistência ou cessação da periculosidade;
  • Em caso positivo, em quanto tempo deverá ocorrer uma nova reavaliação.

Esses elementos serão determinantes para definir se ele poderá, futuramente, deixar o sistema prisional federal.

Apesar da expectativa em torno da conclusão do laudo ainda neste mês, a análise judicial do caso deve ocorrer apenas no próximo ano. Isso porque os juízes das execuções penais estão em recesso, e apenas situações de urgência estão sendo apreciadas, o que, até o momento, não se aplica ao caso de Adélio.

Permanência mínima até 2038

Por decisão judicial, Adélio tem permanência mínima garantida no sistema prisional até 2038, quando completará 60 anos. Somente a partir dessa idade há previsão legal para que ele possa deixar o sistema federal.

Mesmo considerado preso de alta periculosidade, não há previsão de transferência para outra penitenciária federal. Entre as cinco unidades existentes no país, a de Campo Grande é apontada como a que possui melhor estrutura para lidar com internos com transtornos mentais.

Desde que ingressou no sistema penitenciário, Adélio não lê livros e não consegue manter diálogo com outros detentos, segundo informações do sistema federal.

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