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Gigante do agro paga R$ 55 mil e se livra de ação por crime ambiental

ADM faturou mais de US$ 3,4 bi somente no Brasil em 2023. Ela foi multada por despejar esgoto sem o devido tratamento no Córrego Imbirussu, em Campo Grande

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Um acordo, que supostamente deveria ser sigiloso, livrou a empresa ADM, multinacional que processa soja no Núcleo Industrial de Campo Grande, de uma série de multas e de uma ação judicial que investigava supostos crimes ambientais que teriam provocado poluição no Córrego Imbirussu e no lençol freático no entorno do local onde funciona a indústria. 

O acordo judicial, assinado em setembro entre o Ministério Público e os representantes da multinacional, põe fim a uma ação civil pública que se arrastava havia seis anos e prevê que a gigante mundial da soja pague R$ 55 mil ao Fundo Municipal de Meio Ambiente de Campo Grande. 

No acordo, a empresa faz questão de destacar que "a ADM ressalva que o pagamento da quantia acima mencionada é realizado exclusivamente por mera liberalidade, sem que  implique reconhecimento e/ou assunção de responsabilidade, culpa ou concordância em relação as fatos jurídicos ou fáticos levantados pelo Ministério Público Estadual no processo e no Inquérito Civil". 

Os supostos crimes ambientais teriam sido cometidos entre 2017 e 2021, período em que a empresa teria despejado volume de esgoto acima do permitido e sem o devido tratamento no Córrego Imbirussu, que deságua no Rio Anhanduí e faz parte da bacia do Rio Paraná. Mas, relatórios ambientais emitidos em 2023 ainda confirmaram que o dejetos despejados no córrego naquele ano não recebiam o devido tratamento.

Os advogados da ADM, porém, garantem que tinham licença ambiental para fazer o despejo dos dejetos e também contestam que o solo no entorno da sede da empresa tenha sofrido poluição por conta de supostas omissões da empresa. 

POTÊNCIA ECONÔMICA

Em fase de ampliação de sua capacidade de moagem de soja, a empresa, segundo a investigação do Ministério Público, tem atualmente capacidade para produzir até 290 mil toneladas de proteína de soja por ano, o que equivale a quase seis mil carretas de ração que deixam a fábrica por ano. 

Além disso, por dia ela refina 385 toneladas de óleo de soja e a partir do próximo ano essa quantidade deve subir para 500 toneladas de óleo vegetal por dia, o que equivale ao volume de pelo menos dez carretas bi-trem de óleo por dia. 

Porém, a moagem que ocorre em Campo Grande é apenas uma parcela insignificante daquilo que a ADM (Archer Daniels Midland) abocanha no mercado mundial da soja e de outros setores do agro.

Ela é uma das quatro gigantes do setor e faz parte do chamado ABCD da soja (ADM, Bunge, Cargil e  Louis Dreyfus Company).  

As três primeiras são norte-americanas e a última, francesa. E, apesar de serem conhecidas por sua importância no setor da soja, dominam também o mercado do milho, trigo e até o comércio mundial do açúcar e etanol.

Em 2023, por exemplo, a ADM faturou em torno de US$ 3,4 bilhões somente no Brasil, que representa menos de 9% do faturamento bruto da multinacional  nos cerca de 200 países nos quais está presente. 

SIGILO

No artigo quinto do acordo judicial que livrou a gigante da soja de uma possível punição por suposto crime ambiental está previsto que os termos do acordo devem ser sigilosos. Porém, nesta quinta-feira (23), ao informar que instaurou procedimento administrativo para acompanhar o cumprimento deste acordo, o Ministério Público acabou divulgando sua existência. 

"As Partes acordam que o presente Acordo é firmado em caráter sigiloso, nos termos do art 5º, LX, CF. As Partes comprometem-se a manter confidencialidade sobre seus termos, não podendo divulgá-los a terceiros, exceto para fins de homologação judicial e quando for exigido por lei. Essa obrigação subsistirá mesmo após o cumprimento integral do Acordo e consequente extinção do Processo correspondente", diz trecho da publicação. 

Logo na sequência as duas partes reforçam a intenção de manter sigilo sobre o caso. "Sem prejuízo do quanto exposto acima, as Partes acordam que a Petição Conjunta conterá requerimento formal e expresso para decretação de segredo de Justiça aos autos".  

SOLO

Além das suspeitas de não fazer o devido tratamento do esgoto que despeja no Córrego Imbirussu, o principal da região oeste de Campo Grande, a empresa também tenta decretar sigilo sobre as suspeitas de ter provocado contaminação no lençol freático no seu entorno. 

"A suspeita de contaminação do órgão ambiental não é sem razão... No parecer técnico 118/2024, f.2008 e seguintes, item 3.2 o órgão ambiental reportou que o estudo trazido pela indústria narrou um histórico de acidentes recentes, entre os anos de 2017 e 2019, que podem ter provocado a contaminação do solo e dos recursos hídricos subterrâneos".

Na sequência, cita o texto cita o vazamento de 80 litros de borra de um caminhão na via de acesso à ADM em 2017; dois casos de transbordamento de lagoas de estabilização e lançamento de efluentes, em julho de 2018 e setembro de 1019. Cita, ainda, o vazamento de 100 litros de hipoclorito de sódio na área de manobra da estação de tratamento de esgoto. 

Laudos chegaram a atestar que o sub-solo está contaminado, mas o acordo firmado agora prevê que novos estudos sejam realizados para tentar identificar se o problema persiste e se realmente tem relação com as atividades da empresa. 

TRÂNSITO

Em MS, a CNH só deve ficar mais barata a partir de fevereiro do próximo ano

Primeira habilitação pelo programa do governo foi por meio de projeto-piloto e não teve todos os descontos prometidos

30/12/2025 08h00

Na semana passada, o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) divulgou que habilitou a primeira pessoa pelo CNH do Brasil, no entanto, segundo o órgão, o motorista fez parte de projeto-piloto e não teve todos os descontos

Na semana passada, o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) divulgou que habilitou a primeira pessoa pelo CNH do Brasil, no entanto, segundo o órgão, o motorista fez parte de projeto-piloto e não teve todos os descontos Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O programa CNH do Brasil, que foi instituído pelo governo federal no dia 9 e promete facilitar e baratear o acesso à Carteira Nacional de Habilitação (CNH), ainda está em fase de implantação em Mato Grosso do Sul e só deve ser efetivamente posto em prática em fevereiro, após o fim do recesso da Assembleia Legislativa.

Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), ainda são necessárias algumas alterações de sistema e também algumas mudanças em legislações de pontos específicos do projeto, por isso a necessidade de enviar o projeto de lei ao Legislativo estadual.

“A assessoria Jurídica do Detran-MS já está produzindo uma nova tabela de taxas, com alterações conforme a Resolução nº 1.020, que será enviada ao governo do Estado e, em seguida, para Assembleia Legislativa para votação”, disse a assessoria do Detran-MS, em nota.

Apesar disso, o Detran-MS divulgou na semana passada que já habilitou o primeiro motorista pelo CNH do Brasil, em um projeto-piloto que foi feito para avaliar as mudanças necessárias para que o programa seja implementado.

O primeiro habilitado foi o trabalhador rural Bruno Amorim Gonçalo, de 29 anos. Conforme o Detran-MS, “o processo de abertura de Renach [Registro Nacional de Condutores Habilitados] e aulas teóricas foi realizado pelo aplicativo nacional de forma gratuita. Em seguida, Bruno fez a biometria, realizou a captura de imagem, efetuou o pagamento da guia e passou pelos exames médico e psicológico. Realizou a prova teórica, aulas práticas e prova prática”.

“As taxas cobradas pelo Detran-MS nesse processo ainda foram efetuadas com valores de antes da resolução, pois o Detran-MS precisa de aprovação da Assembleia Legislativa para alterar os valores de taxas cobrados pelo órgão. Os ajustes detectados no processo de habilitação piloto do Bruno Amorim já estão sendo implementados e estarão adequados para o próximo ano. O agendamento da prova teórica e da prova prática já foi ajustado para uma carga horária reduzida, conforme estabelece a resolução”, completou o órgão.

Na semana passada, o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) divulgou que habilitou a primeira pessoa pelo CNH do Brasil, no entanto, segundo o órgão, o motorista fez parte de projeto-piloto e não teve todos os descontosAutoescolas em Mato Grosso do Sul ainda recebem alunos normalmente porque os instrutores cadastrados no Detran-MS atuam nelas - Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

Porém, para o restante das pessoas ainda não há uma data para que todos os descontos prometidos pelo CNH do Brasil passem a valer em Mato Grosso do Sul. Em entrevista no início deste mês, o diretor-presidente do Detran-MS, Rudel Trindade, havia indicado que o processo poderia durar 60 dias.

O retorno dos deputados estaduais aos trabalhos acontece apenas em 3 de fevereiro, então, neste período, o Estado ainda deverá contar com o processo e as taxas antigas.

CNH DO BRASIL

No dia 9, o governo federal oficializou as mudanças na forma de obtenção da CNH, após a aprovação da resolução, por unanimidade, pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Entre as principais mudanças está a retirada da obrigatoriedade de passar por autoescola para fazer a prova de direção, além da redução em até 80% do custo total da carteira de motorista.

O texto prevê curso teórico gratuito e digital, flexibilização de aulas práticas e abertura para instrutores credenciados pelos Detrans. A abertura do processo pode ser feita pelo site do Ministério dos Transportes ou pelo aplicativo CNH do Brasil, o antigo Carteira Digital de Trânsito (CDT).

Pelo aplicativo, o candidato consegue viabilizar a obtenção da CNH sem necessidade de passar por uma autoescola, já que o material será disponibilizado para que os condutores estudem as regras de trânsito. Quem quiser ainda poderá fazer aulas teóricas e práticas em uma autoescola.

Na semana passada, o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) divulgou que habilitou a primeira pessoa pelo CNH do Brasil, no entanto, segundo o órgão, o motorista fez parte de projeto-piloto e não teve todos os descontos

Em Mato Grosso do Sul, no entanto, as aulas ainda acontecem em autoescolas porque, conforme o Detran-MS, os instrutores cadastrados são apenas os funcionários das empresas.

*SAIBA

Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação. Em Campo Grande, a estimativa é de que 40% dos motociclistas não tenham o documento.

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Arquivamento

PGR arquiva pedido de investigação contra Moraes feito por advogado de MS

Segundo Gonet, não há elementos mínimos que justifiquem a abertura de investigação criminal

30/12/2025 07h40

Advogado Enio Murad

Advogado Enio Murad Foto: Reprodução / Redes Sociais

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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidiu arquivar a representação do advogado sul-mato-grossense Enio Martins Murad, que pedia a investigação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e de sua esposa, a advogada Viviane Barci de Moraes, no contexto do caso envolvendo o Banco Master. 

Segundo Gonet, não há elementos mínimos que justifiquem a abertura de investigação criminal. No despacho, o procurador-geral afirma que os fatos narrados não demonstram, de forma concreta, a prática de crime nem indicam atuação irregular por parte do ministro do STF, razão pela qual concluiu pelo arquivamento da representação.

A representação alegava que Alexandre de Moraes teria mantido interlocução com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em suposto favorecimento a interesses privados do Banco Master. O texto também mencionava que Viviane Barci de Moraes mantinha contrato de prestação de serviços advocatícios com a instituição financeira, o que, segundo o autor do pedido, poderia configurar conflito de interesses.

Sobre esse ponto, Paulo Gonet afirmou que não se vislumbra, a priori, qualquer ilicitude no contrato firmado entre a advogada e o banco. Segundo ele, não cabe à Suprema Corte intervir em negócios jurídicos firmados entre particulares, especialmente quando se trata do exercício regular da advocacia.

Gonet destacou que foge ao escopo de atuação e à competência da Suprema Corte a ingerência em negócios jurídicos firmados entre particulares, especialmente quando resguardados pela autonomia intrínseca à atividade liberal da advocacia.

Banco Master 

As apurações envolvendo o Banco Master tiveram início em 2024 na Justiça Federal. A Polícia Federal apontou uma série de operações suspeitas entre o Banco Master e o BRB, Banco de Brasília, instituição financeira pública.

De acordo com a investigação, o Master não possuía recursos suficientes para honrar títulos com vencimento previsto para 2025. Diante disso, teria comprado créditos de uma empresa chamada Tirreno sem realizar qualquer pagamento e, posteriormente, revendido esses mesmos créditos ao BRB, que desembolsou cerca de R$ 12 bilhões na operação.

O Banco Central rejeitou a proposta de compra do Master pelo BRB e, em novembro, decretou a liquidação da instituição financeira, citando, entre outros fatores, a insuficiência de recursos em caixa para cumprir compromissos financeiros.

O escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes mantinha negócios com o Master. Segundo informações publicadas pelo jornal O Globo, o contrato previa pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões ao longo de três anos, totalizando cerca de R$ 129 milhões.

O proprietário do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi preso em 18 de novembro, no âmbito da Operação Compliance Zero, que investiga suspeitas de crimes envolvendo o Master e o BRB. Ele deixou o presídio no dia 29 do mesmo mês.

Alexandre de Moraes negou qualquer interferência. O ministro confirmou que se reuniu com Gabriel Galípolo, mas afirmou que o Banco Master não foi tratado nos encontros. Disse que em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente à aquisição do BRB pelo Banco Master. Com o arquivamento determinado pela PGR, por hora, não há abertura de investigação criminal.

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