Lançado oficialmente em fevereiro deste ano, o Fundo Clima Pantanal, do qual o governo do Estado retira recursos para financiar o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) Bioma Pantanal, teve até hoje apenas três doações, uma feita pelo Executivo estadual e outras duas menores realizadas por entidades ligadas aos produtores rurais.
E é para mudar este cenário que o projeto será apresentado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).
O evento, que começa hoje em Belém, no Pará, deve reunir mais de 170 países e será usado como vitrine para projetos relacionados com a preservação do meio ambiente. Entre tais projetos, Mato Grosso do Sul incluirá o Fundo Clima Pantanal, que foi criado com a Lei do Pantanal, aprovada em 2023 e que entrou em vigor no ano passado.
Segundo o secretário-executivo de Meio Ambiente da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Artur Falcette, o governo do Estado está montando as agendas com os interessados em contribuir com o fundo, criado para pagar produtores rurais que preservarem o bioma além do que determina a lei.
“O fundo está entre os principais temas que a gente vai discutir e apresentar, principalmente o PSA. A gente segue a nossa busca por recursos”, afirmou Falcette, ao Correio do Estado.
Entre essas agendas, uma já marcada será com um fundo da Suíça, que já sinalizou interesse no Fundo Clima Pantanal, porém, ainda não há um valor definido para doação.
Das três doações existentes no fundo pantaneiro, a maior delas foi a do governo do Estado, que destinou R$ 40 milhões para os projetos escolhidos na região. Os outros dois repasses foram da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) e da Organização das Cooperativas Brasileiras no Mato Grosso do Sul (OCB-MS), ambos no valor de R$ 100 mil.
PSA
O governo de Mato Grosso do Sul lançou oficialmente o PSA aos produtores rurais e organizações que se comprometerem com a preservação do bioma em março deste ano.
Segundo as regras do programa, divulgadas pelo Correio do Estado na época, o valor será de R$ 55 por hectare, a ser pago em duas parcelas, com limite de até R$ 100 mil por propriedade.
O PSA não impede que o fazendeiro arrende parte da sua propriedade, podendo receber os dois pagamentos caso também faça as ações de preservações, que deverão estar previstas no edital.
O PSA visa remunerar aqueles que contribuem há séculos com a preservação do Pantanal, entre ribeirinhos, produtores rurais e povos originários.
O pagamento por serviços ambientais no Pantanal foi criado com a Lei do Pantanal, que entrou em vigor no ano passado, e a criação do Fundo Clima Pantanal, ferramenta que tem por objetivo pagar aos produtores pelo excedente de preservação ambiental da região.
O programa está sendo instituído em duas modalidades: Conservação e Biodiversidade e PSA Brigadas Flexibilização do Manejo Integrado do Fogo, e já inicia com o aporte de R$ 40 milhões do governo estadual.
Organizações da sociedade civil, produtores rurais, comunidades tradicionais, ribeirinhas, comunidades indígenas, qualquer pessoa que viva no território do Pantanal e que esteja organizada em uma associação, em algum tipo de representação, podem submeter projetos.
“Cabe destacar que 97% da região pantaneira está em propriedades rurais, ou seja, os proprietários são responsáveis pela gestão do território”, destacou Artur Falcette, à época.
Na semana passada, o governo do Estado publicou alguns dos contemplados com recursos do Fundo Clima Pantanal. Conforme matéria do Correio do Estado, a ferramenta está destinando quase R$ 3 milhões a organizações não governamentais (ONGs) que atuem no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal.
Publicação do Diário Oficial do Estado do dia 5 divulgou o repasse de R$ 1,438 milhão para o Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o Instituto SOS Pantanal, e R$ 497,5 mil para o Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil (IPCTB).
Somados, os repasses chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo governo do Estado ao Fundo Clima Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa.
FUNDO FLORESTAS
Na semana passada, durante a prévia para a COP30, o governo federal lançou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, em inglês), mecanismo financeiro que usa um modelo de investimento de renda fixa para gerar recursos destinados à conservação de florestas tropicais.
A ferramenta tem sido defendida pelo governo federal e já conseguiu aporte de US$ 5,5 bilhões em investimentos. O maior repasse foi do governo da Noruega, que já se comprometeu a colocar cerca de US$ 3 bilhões.
Além dele, também se dispuseram a contribuir o Brasil (US$ 1 bilhão), a Indonésia (US$ 1 bilhão) e a França (US$ 500 milhões). Talvez este seja o maior “concorrente” do Fundo Clima Pantanal para receber doações.


