Cidades

SAÚDE

Horário estendido em postos ainda não surte efeito

Plano era colocar todas as 68 unidades com horário extra

NATALIA YAHN

27/07/2019 - 08h43
Continue lendo...

Com 44 unidades de saúde em funcionamento com horário estendido, os efeitos do novo serviço para a população de Campo Grande só devem provocar mudanças efetivas no sistema em três meses. Anunciado no primeiro dia útil do ano, em 2 de janeiro, o projeto era previsto para funcionar em todas as 68 unidades até junho, o que não ocorreu. 

O principal objetivo da mudança de horário é desafogar as unidades 24 horas. Porém, a expansão do atendimento ainda não surtiu efeito desejado nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Centros Regionais de Saúde (CRSs). 

A epidemia de dengue, registrada desde o início do ano na Capital, e o crescimento da quantidade de casos de gripe a partir do mês de maio provocaram aumento entre 30% e 75% no atendimento prestado a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) nas unidades 24 horas. Dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) revelam que até dezembro de 2018 os atendimentos chegavam a 3,7 mil por dia nas dez unidades que atendem casos de urgência e emergência na cidade. 

Porém, a partir de janeiro deste ano, por conta do aumento das notificações de dengue, 6,5 mil pessoas passaram a receber atendimento nas unidades 24 horas. Neste caso, o serviço aumentou 75,7%. A quantidade de pessoas atendidas por dia passou a ser de 4,8 mil, registrando quase 30% de crescimento em relação ao ano passado.

O coordenador de urgência da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Yama Higa, informou que, por conta da situação atípica, a prefeitura ainda não conseguiu mensurar o reflexo do atendimento estendido nas unidades básicas de saúde.

“Não chegou a cair a quantidade de atendimentos nos 24 horas, inclusive, as duas epidemias, de gripe e dengue, se iniciaram no começo de junho, um pouco antes. Geralmente, os atendimentos aumentam durante o período de chuva e depois do frio, com três semanas entre uma e outra, mas este ano foi atípico. Imagino que somente em três meses vamos conseguir avaliar melhor isso”, explicou Higa.

Atualmente, 70% da rede funciona em horário estendido, em três modalidades – das 7h às 19h, das 7h às 17h ou das 6h às 18h. O governo federal homologou 25 unidades para receberem recursos do Ministério da Saúde, as outras 19 funcionam com custeio do município. 

A intenção do programa é possibilitar ao paciente a busca por uma unidade de atenção primária, já que 80% dos atendimentos nas unidades de urgência e emergência (UPAs e CRSs) poderiam ser resolvidos na unidade básica, de acordo com a Sesau.

SEM MÉDICOS

Outro ponto preocupante é relativo à falta de médicos. Nesta sexta-feira, a Sesau convocou mais 62 médicos para atuarem na Rede Municipal de Saúde, 12 plantonistas de unidades 24 horas. Somente nos últimos dois anos, a Capital perdeu 528 médicos. Enquanto no fim de 2016 eram 1.628 profissionais vinculados à rede pública, até o dia 3 de abril a quantidade estava em 1,1 mil. A Sesau não divulgou dados atualizados. A alta rotatividade tem sido um dos principais problemas enfrentados pela atual gestão e também por quem depende da rede pública. 

“O chamamento fica aberto o ano todo. A fila de consultas de especialistas acaba sendo maior porque as especialidades compartimentam e a tendência é aumentar mesmo. Não tem uma solução razoável, pois o médico é especialista na veia esquerda do coração, então fica difícil conseguir profissionais para todas as áreas”, disse Higa.

A Sesau explicou que, historicamente, apenas 30% das vagas anunciadas são preenchidas. A falta de adesão aos demais 70% ocorre por motivos diversos, de acordo com a pasta, em virtude da burocracia do processo seletivo, definição de local para o médico atuar e a carga horária. Atualmente, pelo menos 32.151 pacientes de Campo Grande aguardam na fila por consultas em seis áreas: cardiologia, ortopedia, cirurgia ortopédica, endocrinologia, neurologia e neurocirurgia. A maior espera é por atendimento com neurologista: são 9.072 pessoas à espera.

O superintendente de Relações Institucionais, Antonio Lastória, explicou que atualmente o principal gargalo é justamente a falta de médicos. “Com certeza, é o principal problema. Existe muito problema para fechar as escalas de plantão por causa da falta de profissionais. A Sesau perdeu muitos médicos, e a maioria dos que fazem plantão é contratada. O ideal seria que fossem concursados”.

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

Continue Lendo...

Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

Continue Lendo...

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).