Embora o martelo já esteja batido sobre a instalação de uma nova fábrica de celulose em Bataguassu, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) realiza no próximo dia 29 uma audiência pública para apresentar o relatório de impacto ambiental relativo à instalação da unidade a cerca de 9 quilômetros da região urbana daquele município.
Conforme o edital de convocação, tornado público nesta quinta-feira (22), a participação da audiência poderá ser à distância ou presencial, no ginásio de esportes do Centro Educacional Juventude do Amanhã (CEJA).
O relatório que será apresentado já está disponível no site do Imasul desde meados de abril e a audiência pública é uma das exigências para que seja concedida a licença de instalação, o que está previsto para acontecer até o fim do ano.
Neste relatório está previsto investimento da ordem de R$ 16 bilhões, o que é 30% abaixo daquilo que foi anunciado inicialmente para a fábrica que chegou a ser prometida para Água Clara, que seria da ordem de R$ 23 bilhões.
O complexo industrial, em uma área de 1,3 mil hectares, ficará às margens da BR-267, entre a cidade e o lago da hidrelétrica de Porto Primavera, a quase quatro quilômetros do lago, de onde será retirada a água e para onde serão destinados os rejeitos depois do processo de industrialização.
A previsão é de que sejam coletados os 11 milhões de litros de água por hora e cerca de 9 milhões de litros serão devolvidos ao lago depois da utilização. De acordo com a Bracell, os efluentes serão tratados e terão impacto mínimo na qualidade da água.
Conforme o estudo, as obras, cuja data de início ainda não foram anunciadas, devem se estender ao longo de 38 meses, sendo quatro para os trabalhos de terraplanagem e 34 para a construção da fábrica propriamente dita.
No pico dos trabalhos devem ser gerados 12 mil empregos e em torno de dois mil depois que o empreendimento entrar em operação. A previsão é de que sejam construídos alojamentos para abrigar até dez mil trabalhadores ao mesmo tempo, subdivididos em espaços para até 1,2 mil pessoas cada.
Por ano, a indústria deve processar 12 milhões de metros cúbicos de eucaliptos, que sairão de cerca de 300 mil hectares de reflorestamento. Em torno de um terço deste montante já está em fase de crescimento em municípios como Santa Rita do Pardo, Ribas do Rio Pardo e Bataguassu.
Ainda de acordo com o estudo, em anos sem interrupção para manutenção dos equipamentos serão produzidos até 2,9 milhões de toneladas de celulose usada para fabricação de papel.
Porém, dependendo da demanda, a unidade terá condições de produzir também celulose solúvel, como já ocorre com a fábrica do grupo asiático em Lencóis Paulista (SP). A celulose solúvel é mais cara e utilizada desde a fabricação de tecidos a lenços umedecidos.
Para efeito de comparação, a Suzano investiu R$ 22,3 bilhões em Ribas do Rio Pardo e produz 2,55 milhões de toneladas por ano. A Arauco promete investir 25 bilhões e produzir 3,5 milhões de toneladas. A Bracell, por sua vez, prevê investimento de “apenas” R$ 16 bilhões e fala em produzir volume maior que a Suzano em Ribas do Rio Pardo.
Conforme a previsão, a celulose deve ser escoada por caminhões, pela MS-395 e a BR-158, margeando o Rio Paraná, até a ferrovia que passa em Aparecida do Taboado. De lá, seguirá por ferrovia até o porto de Santos.
É uma distância de cerca de 270 quilômetros de rodovias que terão de receber uma série de melhorias, já que serão em torno de 80 mil carretas a mais por ano nestas estradas.
SERVIÇO
Para participar da audiência pública, os interessados devem se inscrever pelo link: https://forms.gle/aDy4PkrMYx2P7tf17


