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JUSTIÇA

Indígenas ingressam com ação no STF para proibir ação da PM em desocupações

Ações têm se tornado prática da Polícia Militar em Mato Grosso do Sul em atuações contra guarani kaiowá

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A Apib (Articulação dos Povos Indígenas o Brasil) acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar conter a violência policial contra indígenas guarani kaiowá em Mato Grosso do Sul.

A articulação protocolou, nesta segunda-feira (17), uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) na qual pede que a conduta da Polícia Militar em operações de desocupação de terras contra indígenas seja investigada pela Corregedoria e que a força seja proibida de atuar nesse tipo de operação.

Segundo a Apib, “as violações perpetradas contra as comunidades indígenas em Mato Grosso do Sul são sistêmicas e se relacionam com a ausência de demarcação da terra tradicionalmente ocupada”, inclusive com a presença de milícias privadas, “culminando em mortes, lesões corporais e trauma coletivo”.

Segundo a entidade, as ações policiais na região acontecem “em total desconformidade com os protocolos legais”.

Procurada, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul afirmou que age no “estrito cumprimento do dever legal, para a preservação da ordem pública e da vida”.

A violência contra os guarani kaiowá em Mato Grosso do Sul é uma constante há alguns anos na disputa de território contra latifundiários da região ligados ao agronegócio. Desde 2003, pelo menos dez lideranças foram assassinadas no estado, contabiliza a articulação.

Em 2019, a taxa de homicídio contra os povos sul-mato-grossenses foi de quase 45 para cada 100 mil habitantes, mais que o dobro do índice nacional (21,7 para cada 100 mil habitantes) e ainda mais discrepante com o da própria unidade da federação (17,7) -os dados constam Atlas da Violência e são baseados em informações do Ministério da Saúde.

O estado é casa de políticos influentes e que compõem a bancada ruralista como Tereza Cristina (PL), ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL) e hoje senadora. E 2022, o deputado federal mais votado no estado foi Marcos Pollon (PL), líder do movimento Proarmas.

As operações policiais, nos últimos anos, já causaram mortes e aconteceram sem ordem judicial. Ao mesmo tempo, o Ministério Público Federal já pediu (e foi atendido pela Justiça Federal) o fechamento de uma empresa de segurança, considerada uma milícia privada, que servia a fazendeiros.

A Apib lista pelo menos oito territórios reivindicados pelos indígenas e que foram alvo de ações violentas das forças de segurança do estado.

“A polícia militar de Mato Grosso do Sul tem histórico de atuar sem ordem judicial e sem observar as determinações legais, como verdadeira milícia privada dos fazendeiros da região”, afirma a articulação no pedido.

Em março deste ano, os indígenas ocuparam uma fazenda na cidade de Rio Brilhante, em um movimento de retomada do território reivindicado de a Laranjeira Nhanderu. A PM intercedeu, sem ordem judicial, em uma operação que prendeu três indígenas.

Dias depois, a crescente violência fez com que o Ministério dos Povos Indígenas enviasse uma comitiva à região, com a presença da ministra, Sonia Guajajara, que se reuniu com o governador Eduardo Riedel.

Mesmo assim, menos de um mês depois da visita, em Dourados, aconteceu uma nova operação policial contra a retomada de território pelos guarani kaiowá que acabou com dez indígenas presos, nove dos quais seguem detidos atualmente.

Em pelo menos três operações nos últimos anos foram utilizados helicópteros para desocupação de territórios retomados pelos indígenas. Também há relatos, inclusive de servidores da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), de uso de arma de fogo letal contra as comunidades.

Segundo a Apib, os fatos demonstram as sistemáticas violações aos Preceitos Fundamentais da Constituição Federal, aos Tratados Internacionais de Direitos Humanos e aos Direitos Indígenas perpetradas pela secretaria de segurança pública do estado de Mato Grosso do Sul”.

No seu pedido ao Supremo, a Apib quer que seja avaliado o uso do argumento do “desforço imediato” -termo jurídico que funciona como um direito à legítima defesa da propriedade de propriedades rurais- pelas forças de segurança.

“A Secretaria de Segurança Pública alega uso do desforço imediato, que prevê o direito do proprietário, que tem sua propriedade privada turbada, de usar meios legítimos para reprimir essa invasão. E a Polícia Militar usa esse argumento para justificar sua atuação,, inclusive sem mandado judicial”, afirma Mauricio Terena, representante jurídico da articulação indígena.

Terena diz ainda que, além disso, o desforço imediato é usado para justificar a atuação de milícias.

Segundo ele, muitas das cidades onde ocorrem as retomadas de terra são municípios pequenos, nos quais fazendeiros e policiais são próximos. Quando há uma ocupação, ele afirma, o fazendeiro chama vizinhos, que por vezes integram as forças de segurança do estado, para agir por conta própria contra os indígenas -isso quando não são contratadas empresas privadas para realizar a ação.

A Apib também pede, além da investigação contra as operações já ocorridas, que seja elaborado um plano de contenção das violações dos direitos humanos na região, além de que o STF determine a Polícia Federal como força encarregada de comandar ações de desocupação.

Para Terena, há a expectativa de que, em caso de uma decisão favorável do STF, essa ação possa ser um marco para a mudança no modus operandi de outros estados do país, como Mato Grosso, Pará e Bahia.

“Nossa vitória vai ser caso o Supremo proíba a Polícia Militar de atuar no despejo de comunidades indígenas”, afirma Terena.

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MATO GROSSO DO SUL

Taxa de R$ 15 por dia em Bonito começa a valer a partir de sábado

Cobrança diária será obrigatória a todos os visitantes e faz parte de um novo modelo de conservação ambiental no município

19/12/2025 11h15

Cobrança diária será obrigatória a todos os visitantes

Cobrança diária será obrigatória a todos os visitantes Reprodução/Internet

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Quem escolher 'turistar' em Bonito a partir de sábado (20), deve ficar atento! A Prefeitura do município anunciou o início da cobrança da Taxa de Conservação Ambiental (TCA) a partir deste fim de semana. A medida, que regulamenta leis municipais de 2021 e 2022, busca garantir recursos exclusivos para preservação, manejo e recuperação das áreas naturais do principal destino de ecoturismo de Mato Grosso do Sul.

Segundo o município, a taxa foi criada para fortalecer políticas públicas voltadas à conservação ambiental, diante do aumento da demanda turística e da necessidade de investimentos constantes em infraestrutura e monitoramento, essenciais para manter a experiência de visitação segura e sustentável.

Quanto o visitante vai pagar

A TCA terá custo de R$ 15 por pessoa/dia, tanto para turistas brasileiros quanto estrangeiros. O valor é individual e calculado de acordo com o número de dias de permanência na cidade.

O pagamento será feito exclusivamente pelo portal www.turistapornatureza.com.br. No sistema, o visitante deve informar dados pessoais, o período da viagem, emitir o voucher e finalizar o pagamento online. As agências de turismo serão responsáveis pela liberação final do documento.

O município ressalta que mais informações sobre o funcionamento da taxa estarão disponíveis nos canais oficiais.

Quem precisa pagar e quem está isento

Estão dispensados da taxa:

  • crianças de até 7 anos;
  • moradores de Bonito;
  • trabalhadores e prestadores de serviço que atuam no município.

Moradores e trabalhadores não precisam de cadastro prévio, porém deverão comprovar residência ou atividade profissional caso sejam abordados por agentes fiscais.

Seguro obrigatório incluso na taxa

Um dos pontos destacados pela prefeitura é que o pagamento da TCA garante ao turista um Seguro Obrigatório, válido durante toda a estadia.

A cobertura inclui:

  • Morte Acidental e Invalidez Permanente: até R$ 20 mil;
  • Auxílio funeral: até R$ 5 mil;
  • Reembolso de até R$ 900 para hospedagem de acompanhante, em caso de internação decorrente de acidente em atrativos licenciados;
  • Assistência médica pré-hospitalar, com ambulância equipada, equipe de técnicos e funcionamento diário das 7h às 19h.

O serviço garante atendimento imediato e transporte até o hospital em situações de urgência.

Para a administração municipal, Bonito se alinha às melhores práticas nacionais ao implementar o modelo, visto como essencial para garantir sustentabilidade, reduzir impactos e manter o equilíbrio entre turismo e conservação.

Para onde vai o dinheiro da TCA

Com arrecadação vinculada, a taxa só pode ser usada em ações ambientais. Entre as áreas prioritárias, a prefeitura cita:

  • Gestão de resíduos sólidos, ampliação da coleta seletiva, construção de barracão de triagem, operação de usina de reciclagem, reforma do ponto de transbordo e compra de veículos.
  • Preservação e monitoramento, recuperação do antigo lixão (PRADE), reflorestamento, monitoramento de rios e cavernas, desassoreamento de córregos e proteção de áreas sensíveis.
  • Infraestrutura ambiental urbana e rural, manutenção de estradas vicinais, instalação de bueiros ecológicos, arborização, sinalização e apoio à visitação.
  • Educação ambiental, programas escolares, campanhas de conscientização e capacitação para trade turístico.
  • Fiscalização e ordenamento, monitoramento digital, controle de visitação e respostas rápidas a emergências ambientais.

A ideia é que o recurso recompense o impacto gerado pela alta circulação de turistas e garanta a manutenção da qualidade ambiental que faz de Bonito um destino referência.

Essa adoção de taxas ecológicas já é realidade em vários destinos brasileiros considerados sensíveis. Locais como Fernando de Noronha, Jericoacoara, Bombinhas, Ubatuba, Alto Paraíso, Santo Amaro, Ilhabela e Campos do Jordão possuem cobranças similares, usadas para financiar limpeza urbana, saneamento, controle de visitação e preservação de ecossistemas.

A medida, segundo a gestão, representa um passo importante para assegurar que o turismo continue sendo desenvolvido de forma responsável, equilibrando a experiência dos visitantes com a proteção dos ecossistemas que fazem de Bonito um dos principais cartões-postais do Brasil.

Outras cobranças

Vale lembrar que no final de outubro, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL) fixou o preço de uso da trilha que dá acesso à Gruta do Lago Azul em R$ 15 por pessoa.

Atualmente, o preço do ingresso, cobrado pelas agências e turismo, varia de R$ 130 a R$ 150. Com o novo aumento, a expectativa é que o preço suba.

O valor deve ser recolhido pelo município de Bonito e repassado ao IMASUL até o quinto dia útil do mês subsequente ao seu recebimento, ou automaticamente no ato do pagamento do voucher pelo visitante.

Além disso, o Imasul ainda autorizou o uso da trilha que dá acesso à cavidade da caverna, para atividade de contemplação.

Cada grupo de visitação deve conter no máximo 15 pessoas, sendo 1 guia e 14 visitantes. A idade mínima para visitação é de 6 anos.

O número máximo de turistas é de 305 pessoas/dia. O intervalo entre os grupos é de 20 minutos. Os visitantes devem usar capacete, máscara de proteção e calçado fechado. O primeiro horário para acesso à cavidade é 7h e o último 14h.

*Colaborou Naiara Camargo e Leonardo Ribeiro* 

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CONCURSO

Assembleia Legislativa lança concurso com salário de 8 mil

Prova tem vagas para ensino médio técnico e ensino superior; inscrições começam em janeiro de 2026

19/12/2025 10h42

Salário inicial é de R$ 4 mil e R$ 8 mil para vagas do ensino médio e ensino superior

Salário inicial é de R$ 4 mil e R$ 8 mil para vagas do ensino médio e ensino superior Divulgação/Alems

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Por meio do Diário Oficial da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS), o órgão divulgou o 2º concurso público de provas para provimento de cargos efetivos. Com salário base de quase R$ 2 mil para ensino médio e R$ 3 mil para ensino superior completo, inscrições começam a partir de janeiro.

Com 35 vagas para quem possui o ensino médio completo, há vagas para técnico legislativo nos cargos/áreas/especialidades: administrativa, audiovisual, fotografia, informática, motorista, operação de áudio, polícia legislativa, refrigeração e climatização, e tradução de libras.

Para todos os cargos é necessário ter certificado de conclusão em nível médio profissionalizante ou médio completo reconhecido pelo MEC + curso técnico na área.

Nos cargos com requisito de ensino superior completo, há 45 vagas para analista legislativo para cargo de: administrador, arquiteto, arquivista, assistente social, biblioteconomista, cerimonialista, contador, enfermeiro, engenheiro civil, engenheiro eletrônico e de telecomunicações, engenheiro mecânico, jornalista,  museólogo, nutricionista, pedagogo psicólogo, publicitário e revisor/redator.

Além desses, ainda há vagas para quem possui especialidade ou está na área: administrativa, controle interno, design gráfico, jurídico (com formação em direito), Rádio e TV, e Tecnologia e Informação.

Tanto para as vagas de técnico, quanto para as de analistas legislativos, são necessárias à comprovação da escolaridade no ato da posse do cargo com reconhecimento do MEC.

Ainda no edital, foi divulgado que o salário base para candidatos do ensino médio é de R$ 1.964,88, com remuneração inicial de 4.912,20. Para quem tentará a vaga do ensino superior, a base salarial é R$ 3.212,26, com remuneração inicial de 8.030,65. 

Para realizar a prova é necessário pagar taxa, com valor de inscrição de RS 180 para vagas de analista (ensino superior completo), e R$ 140 para as vagas de técnico (ensino médio completo). A data limite para pagar a taxa é um dia após o encerramento das inscrições, em 03 de fevereiro. 

Quem pode se inscrever

Além dos requisitos referente a escolaridade, é necessário que aquela ou aquele que deseja se candidatar atenda as seguintes características:

a) ter nacionalidade brasileira ou estar dentro do que estabelece o decreto nº 70.391/72 e nº 70.436/72 e da Constituição Federal, artigo 12, parágrafo 1º;
b) ter idade mínima de 18 (dezoito) anos;
c) estar em dia com as obrigações eleitorais;
d) estar em dia com os deveres do Serviço Militar, para os candidatos do sexo masculino;
e) não registrar antecedentes criminais, achando-se no pleno exercício de seus direitos civis e políticos;
f) Aptidão Física e Mental para o exercício do cargo.

A princípio, as inscrições são de forma remota e serão abertas a partir das 10h do dia 12 de janeiro de 2026 até as 23h59 do dia 02 de fevereiro de 2026, no horário oficial de Brasília. Segundo o edital, ela poderá ser prorrogada por necessidade de ordem técnica e/ou operacional, a critério da ALMS ou da Fundação responsável.

Fundação Carlos Chagas e concursos

Com sede em São Paulo, a Fundação Carlos Chagas firmou contrato com a Assembleia Legislativa divulgado no Diário Oficial da ALMS na última sexta-feira (12). Anteriormente, a fundação foi responsável pelo último concurso da Assembleia de 2016.

Neste concurso, a organização das provas, bem como todo o concurso, está novamente sob responsabilidade da Fundação. Com isso, as inscrições devem ser realizadas pelo site https://www.concursosfcc.com.br/, até o dia 02 de fevereiro de 2026.

O concurso contará com prova de caráter habilitatório e classificatório, todas serão divididas em conhecimentos gerais e específicos, com exceção da vaga de técnico legislativo em Tradução de Libras, que será apenas a prova prática.

As demais vagas terão 4 horas de prova, e em sua maioria, contará com 40 questões para cada área de conhecimento, com peso 1 para gerais e 2 para específicos. As únicas vagas com exceção e especificidade, além da Tradução em Libras são:

  • Técnico Legislativo, para a Área Administrativa;
  • Analista Legislativo, para especialidade em Jurídico;
  • Técnico Legislativo, para cargo de Polícia Legislativa;

As duas primeiras estão dentro do padrão de 4 horas de prova, mas terão 20 questões direcionadas a área de conhecimento geral, com peso 1, e 60 questões para a área de conhecimentos específicos, com peso 4.

Para a vaga de Polícia Legislativa, será necessário que as candidatas e candidatos façam o Teste de Aptidão Física (TAF), antes da realização da prova, também com caráter habilitatório

As informações sobre o TAF com as descrições de cada atividade a ser executada a depender do sexo masculino ou feminino, bem como outras características de participação está disponível e é possível conferir a partir da página 38 do edital.

Quanto a carga horária que deverá ser cumprida é previsto 40 horas semanais, conforme o documento. Confira aqui o edital completo.

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